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Críticas por Pablo Villaça

Datas de Estreia: Nota:
Brasil Exterior Crítico Usuários
22/07/2005 22/04/2005 3 / 5 / 5
Distribuidora
Duração do filme
107 minuto(s)

Direção

Nigel Cole

Elenco

Ashton Kutcher , Amanda Peet , Aimee Garcia , Taryn Manning , Gabriel Mann , Ali Larter , Jeremy Sisto , Kal Penn

Roteiro

Colin Patrick Lynch

Produção

Armyan Bernstein

Fotografia

John de Borman

Música

Alex Wurman

Montagem

Susan Littenberg

Design de Produção

Tom Meyer

Figurino

Alix Friedberg

Direção de Arte

Denise Hudson

De Repente É Amor
A Lot Like Love

Dirigido por Nigel Cole. Com: Ashton Kutcher, Amanda Peet, Aimee Garcia, Taryn Manning, Gabriel Mann, Ali Larter, Jeremy Sisto, Kal Penn.

De Repente É Amor é uma comédia romântica que tenta desesperadamente ser um novo Harry e Sally – Feitos um para o Outro: além de adotar a mesma estrutura narrativa, acompanhando os encontros e desencontros do casal de protagonistas ao longo de vários anos, o filme se passa em Nova York, conta com uma seqüência importante ambientada na noite de Ano Novo e traz até mesmo uma cena situada em um restaurante durante a qual a personagem de Amanda Peet tenta embaraçar seu par romântico através de um comportamento nada apropriado.

No entanto, há uma diferença fundamental entre os casais Oliver & Emily e Harry & Sally: enquanto estes últimos eram extremamente sofisticados, inteligentes e donos de um senso de humor refinado, os primeiros são imaturos, inconseqüentes e intelectualmente limitados. Harry era consultor político; Oliver vende fraldas pela Internet. Sally era jornalista; Emily... bem... Emily é um desastre como ser humano. Ainda assim, talvez justamente por Oliver e Emily se `merecerem`, De Repente É Amor acaba funcionando. De forma limitada, é claro, mas funciona – uma proeza que deve ser creditada também ao cineasta Nigel Cole, que anteriormente comandou duas comédias cheias de charme: O Barato de Grace e As Garotas do Calendário. Compreendendo o pouco alcance dos personagens, Cole é inteligente ao se concentrar justamente nos aspectos que, teoricamente, os aproximariam do espectador e ao investir em sutilezas como a preocupação de Oliver com o próprio hálito, em certo momento do filme.

Interpretado por Ashton Kutcher, Oliver é, aliás, um protagonista mais do que adequado para o longa: desajeitado e ingênuo, o rapaz parece bem mais jovem do que Emily, o que explica, em parte, seu fascínio por uma mulher tão desprovida de atrativos (além da beleza física, bem entendido). Sempre carismático (algo que eu já havia apontado em minha análise sobre o terrível Recém-Casados), Kutcher desperta a simpatia do público por seus problemas, por mais bobinhos que estes possam parecer. Em contrapartida, Amanda Peet demora a convencer como um interesse romântico apropriado, já que, durante a primeira metade da projeção, surge como uma figura quase insuportável: alcoólatra, egoísta, interesseira e promíscua, ela se atira sobre um completo desconhecido em um banheiro de avião, mas, de acordo com o roteirista estreante Colin Patrick Lynch, deveríamos ignorar este fato apenas porque o sujeito em questão é o próprio Oliver.

Aos poucos, no entanto, Emily vai ganhando contornos mais suaves que a tornam menos repulsiva – mas que ninguém acredite que este `amadurecimento` da personagem é algo que o roteiro planejou com cuidado; desde o início, Lynch se esforça para nos convencer de que Emily, apesar de seus inúmeros problemas, é uma verdadeira `garota dos sonhos`, como se seus `defeitos` fossem características tão engraçadinhas quanto o perfeccionismo de Meg Ryan em Harry & Sally. Não são. Aliás, mesmo em momentos mais adiantados da trama, Emily ainda acaba soando como uma pessoa excessivamente carente e sem personalidade, mudando os rumos de sua vida sempre que sofre qualquer tipo de influência externa: ao ganhar uma máquina fotográfica, por exemplo, ela decide se tornar profissional do ramo – e é incrível que o filme tente nos convencer de que as fotos da moça sejam dignas de exposição em galerias de arte quando, na realidade, são absolutamente medíocres.

Vale dizer, porém, que os problemas na composição de Emily não são as únicas falhas de De Repente É Amor: apostando demasiadamente em coincidências (Oliver chega a reencontrar a garota por acaso, na gigantesca Nova York, pouco tempo depois de se separarem), o roteiro também se torna esquemático ao abordar as relações do casal principal com outros parceiros (o ótimo Jeremy Sisto é desperdiçado pelo filme). No caso de Oliver, em particular, somos informados de que seu relacionamento com uma outra garota apresenta problemas ao ouvi-la dizer a mais do que batida frase `Você nunca está em casa. E, quando está, sua mente encontra-se longe daqui.`. Da mesma forma, a insistência do roteirista em tentar transformar a frase `Don’t ruin it.` em bordão chega a ser irritante.

É incrível, portanto, que De Repente É Amor sobreviva a todos estes equívocos e se revele uma obra aceitável, simpática e até mesmo divertida. E se isto acontece, os méritos cabem, como já discuti, ao diretor Nigel Cole e à simpatia de Ashton Kutcher – que, por sua vez, nos leva a torcer para que seu personagem consiga conquistar definitivamente a amada. Mesmo que esta não o mereça.
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22 de Julho de 2005

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Pablo Villaça, 18 de setembro de 1974, é um crítico cinematográfico brasileiro. É editor do site Cinema em Cena, que criou em 1997, o mais antigo site de cinema no Brasil. Trabalha analisando filmes desde 1994 e colaborou em periódicos nacionais como MovieStar, Sci-Fi News, Sci-Fi Cinema, Replicante e SET. Também é professor de Linguagem e Crítica Cinematográficas.

 

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