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Cinco mães detestáveis Clube dos Cinco

O Dia das Mães já passou, mas o Clube dos Cinco não poderia deixar de prestar uma homenagem às mães do cinema. Na verdade, é uma homenagem às avessas, em que relembramos algumas das mamães mais detestáveis já vistas nos filmes. Mas não tenha dúvida: elas são importantes e nós as adoramos.

ATENÇÃO: o texto e os vídeos a seguir podem conter spoilers.

A “Serial Mom” de Kathleen Turner (por Heitor Valadão)

Toda mãe tem um instinto protetor em relação a seus rebentos. Sejam eles bons meninos, sejam eles capetinhas assumidos, as mães preferem que você não fale mal de seus filhos. Mas o que acontece quando esse instinto leva a mamãe longe demais?

Kathleen Turner, em uma divertidíssima atuação sob a batuta do sempre ácido John Waters, é uma dessas mães como a doce Beverly Sutphin, de Mamãe é de Morte. Mesmo correndo com uma faca na mão atrás de sua próxima vítima, Beverly não abre mão de usar expressões como "por favor", "desculpe" e "obrigada". Tudo isso em nome da família e do precioso estilo de vida americano. Afinal, aos olhos dela, quem mais merece morrer do que uma recém-divorciada, uma vizinha que não recicla seu lixo, um adolescente que não usa o cinto de segurança ou até um professor de matemática que masca chicletes?

O mais interessante? Durante os créditos iniciais, é informado ao espectador: "Este filme é uma história real. O roteiro é baseado em testemunhos no tribunal, declarações sob juramento e centenas de entrevistas conduzidas pelos cineastas. Alguns dos nomes dos personagens inocentes foram mudados no interesse de contar uma verdade maior. Ninguém envolvido nos crimes recebeu qualquer forma de compensação financeira". Será? Conhecendo a reputação de Waters, é difícil concluir se tudo isso é verdade ou se não passa de uma brincadeira do diretor.

A mãe de Woody Allen em Contos de Nova York (por Larissa Padron)

Sabe aqueles momentos constrangedores nos quais sua mãe decide mostrar fotos de você na infância, contar seus defeitos para quem você está namorando e criticar tudo que você veste? Pois é, imagine que ela faça tudo isso no céu de Nova York, uma das cidades mais populosas do mundo.

É o que acontece em Oedipus Wrecks, segmento dirigido por Woody Allen na antologia Contos de Nova York. Na história, a insuportável mãe (Mae Questel) de um neurótico advogado (vivido por Allen, é claro) vai parar no céu após um truque de mágica mal-sucedido. Com o rosto projetado acima dos arranha-céus, ela conta os piores defeitos do protagonista para sua namorada (Mia Farrow) e toda a cidade. Não entendeu? Talvez a imagem do filme ajude:

Divulgação 

Apenas por isso o filme já valeria a pena, mas os outros dois segmentos, dirigidos por ninguém menos do que Martin Scorsese e Francis Ford Coppola (este com roteiro da então pequena Sofia Coppola), o tornam ainda mais interessante.

Veja o começo de Oedipus Wrecks para você dar valor ao quanto a sua mãe é legal:

Mrs. Robinson (por Renato Silveira)

Fetiche masculino: ter um relacionamento com uma mulher mais velha. Não apenas dois ou três anos mais velha, mas uma mulher realmente madura, como a esposa de um colega de trabalho do seu pai. Em A Primeira Noite de um Homem (1967), dirigido por Mike Nichols, o recém-formado Ben Braddock (Dustin Hoffman) é seduzido justamente por essa possibilidade quando conhece a Sra. Robinson, interpretada e imortalizada por Anne Bancroft – e pela música de Simon & Garfunkel também, é claro. 

Porém, a fantasia de Ben se transforma em pesadelo quando a Sra. Robinson passa a persegui-lo, infernizando assim a vida da própria filha (Katharine Ross), por quem o rapaz se apaixona. 

Mesmo passando de deusa a demônio, a Sra. Robinson nunca perde a classe. Afinal, não se pode dizer que ela é uma vilã absoluta. Apesar de a história ser narrada do ponto de vista de Ben, também temos que considerar que o filme fala sobre duas pessoas perdidas em momentos distintos da vida, e a Sra. Robinson está tão infeliz quanto Ben.

A mãe de Norman Bates (por Larissa Padron)

Você consegue encontrar vários exemplos no cinema de mães descontroladas que envergonham ou fazem os filhos passar raiva. Mas duvido que você encontre uma como a mãe de Norman Bates, em Psicose (1960), de Alfred Hitchcock.

Aquela senhora sem nome, que você só conhece pela voz, é responsável por uma das mortes mais famosas da história do cinema: a de Marion Crane (vivida por Janet Leigh) na banheira. E tudo isso sem nem ao menos existir. Quer dizer... Na verdade, ela existe, mas apenas na cabeça de seu perturbado filho, já que ela está morta.

Psicose ganhou três mal-sucedidas continuações, todas trazendo Anthony Perkins novamente no papel de Norman Bates, ainda sendo atormentado pela falecida mãe, o tempo todo.

Confira a cena final do filme original, com o genial discurso da senhora Bates:

A Rainha Alien (por Tullio Dias)

Um dos grandes exemplos de amor materno pouco convencional está em Aliens, o Resgate (1986), de James Cameron. Se Ellen Ripley (Sigourney Weaver) demonstra um carinho incondicional com a pequena Newt (Carrie Henn), o mesmo pode ser dito pelo espírito vingativo que domina todas as babas e dentes da Rainha Alien.

Durante uma das cenas, Ripley parte em busca de Newt e acaba encontrando a garota no meio de um ninho com vários ovos, todos saindo das entranhas da grande Rainha. O instinto materno de proteger a sua prole se faz universal e as duas se entendem praticamente com o olhar. 

Cameron foi esperto ao se aproveitar de um detalhe da trama: Ripley ficou mais de 50 anos voando pelo espaço e não acompanhou a vida de sua filha, que acabou "substituída" por Newt. O carinho incondicional dela com a pequena sobrevivente do planeta apresentado em Alien, o Oitavo Passageiro(1979), de Ridley Scott, contrasta com o comportamento dos "filhotes" da Rainha. A mãezona persegue Ripley com a intenção de se vingar pela destruição do planeta e de seus filhos. As duas protagonizam uma luta agressiva.

Divulgação

Talvez a Rainha Alien não seja lá uma mãe tão cruel como as apresentadas em PsicoseSexta-Feira 13 ou Mamãe é de Morte. Ela é apenas uma mãe protegendo seus filhos e que precisa transformar pobres humanos em hospedeiros para perpetuar a sua espécie. Nunca o amor materno foi tão incompreendido.

Menção Honrosa: Anne Ramsey (por Heitor Valadão)

Divulgação

Uma das grandes maldições que podem cair sobre um ator ou atriz é o typecast, ou seja, ser escolhido sempre para o mesmo tipo de papel. Anne Ramsey podia ser uma mãe preciosa na vida real, mas Hollywood certamente acreditava que ela não levava muito jeito para a coisa. Ramsey interpretou não uma, mas duas mães que não serviriam de exemplo para ninguém.

A primeira é a Mama Fratelli de Os Goonies (1985). Se já não basta o fato dela ser uma ladra de bancos e assassina, ela não esconde o favoritismo por um de seus filhos e ainda deixou o bebê Sloth cair no chão, deformando o pobre garotinho para sempre. 

Já em Jogue a Mamãe do Trem (1987), lançado apenas dois anos depois, Ramsey é a mãe de um sofrido Danny DeVito que, em troca de um pequeno favor, mata a ex-mulher de Billy Crystal. O favor? Bom, o título já diz tudo. E afinal, que filho seria capaz de matar a própria mãe?

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