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Filmes da Semana - 11/03/2015 Assinantes

Amigos do Cinema em Cena,

este espaço, que me permite falar diretamente com vocês, tem se revelado também uma espécie de oásis. Como é bom poder publicar algo sobre um assunto diferente daquele que tem ocupado boa parte de meus posts em outros lugares (sim, política) e - o mais importante - saber que estou sendo lido por pessoas que não estão buscando qualquer desculpa para enviar ofensas apenas porque discordam de mim ideologicamente (pois, acreditem, mesmo meus posts/tweets/etc relacionados a Cinema acabam atraindo malucos interessados somente em agredir).

Quando decidimos criar um espaço exclusivo para colaboradores, eu não imaginei que acabaria funcionando também como um refúgio.

Enfim.

Abaixo, os longas que vi ou revi nos últimos dias.

Alexandre e o Dia Terrível, Horrível, Espantoso e Horroroso (Alexander and the Terrible, Horrible, No Good, Very Bad Day, EUA, 2014)
Contando com momentos que são realmente inspirados, o filme compensa os outros que nem são tanto assim graças à sua breve duração, que não abusa do espectador, e principalmente à simpatia do elenco. 3/5

 

Mad Detective (San taam, Hong Kong, 2007)
O personagem-título deste projeto co-dirigido por Johnnie To é uma figura curiosa cuja insanidade é retratada de forma eficaz, rendendo instantes visualmente intrigantes. Por outro lado, o filme falha em jamais se decidir acerca da natureza do detetive, oscilando entre loucura e uma capacidade real de enxergar a “personalidade interior” de todos ao seu redor. Além disso, a trama policial em si é óbvia demais para gerar curiosidade, sacrificando o conceito por trás de seu herói. 3/5

 

Boa Sorte, Charlie!: É Natal! (Good Luck Charlie, It’s Christmas!, EUA, 2011)
A série até tem seus momentos, mas este longa é apenas uma cópia tola de Antes Só do que Mal Acompanhado que traz todo o sentimentalismo artificial típico de produções Disney para a tevê. 2/5

 

Bob Esponja: Um Heroi For a d’Água (The SpongeBob Movie: Sponge Out of Water, EUA, 2015)
O design tridimensional dos personagens no terceiro ato, bem como a animação que os insere em cenários reais, é notável. Além disso, o filme (bem como o original) traz algumas brincadeiras metalinguísticas divertidas e um tom irreverente que contagia, embora este seja menos consistente do que no anterior. Além disso, o roteiro é bem mais frágil desta vez, frequentemente apelando para piadas óbvias que confundem nonsense e pura bobagem. Mas há o terceiro ato pra salvar. 3/5

 

Tinker Bell e o Monstro da Terra do Nunca (Tinker Bell and the Legend of the NeverBeast, EUA, 2014)
A animação é surpreendentemente cuidadosa para um projeto originalmente concebido para lançamento em vídeo – como indica, por exemplo, o momento no qual as pupilas da protagonista se dilatam no escuro. Mas, mais do que isso, este é um raro longa infantil que gira em torno não só de personagens femininas, mas em um universo no qual as mulheres exercem papel dominante, frequentemente salvando os homens em vez de se comportarem como mocinhas em perigo. Para completar, a relação entre Fawn (não, a protagonista não é Tinker Bell, o que torna o título incorreto) e o Monstro é delicada e sensível, merecendo destaque também o design de produção colorido e vivaz. É uma pena que, em função do modelo de produção, a história seja pouco ambiciosa, não encontrando tempo para expandir os personagens, o universo e suas relações. 3/5

 

Rain Man (Idem, EUA, 1988)
É curioso notar como a estrutura formulaica de road movie é óbvia, usando a viagem para aproximar os dois personagens, mas ao mesmo tempo eficiente. Parte disso se deve, claro, ao fato de Barry Levinson “colorir” a jornada com rostos reais e locações que trazem sua verossimilhança e sua história à narrativa, mas, em última análise, este é um filme de atores – e não só Hoffman compõe Raymond com um cuidado precioso, sem se entregar a muletas caricaturais (e dedicando uma atenção especial ao olhar vivo, mas vazio, do personagem-título), como Tom Cruise também é peça fundamental para a eficácia da narrativa, transformando o arco de Charlie no centro emocional do longa em uma performance infelizmente subestimada por muitos. 4/5

 

sexo, mentiras e videotape (sex, lies and videotape, EUA, 1989)
O primeiro longa de Soderbergh já exibia aquelas que se tornariam algumas de suas marcas registradas: a fotografia, que emprega as cores e a movimentação de câmera como recursos sempre reveladores sobre os personagens e seus dramas, e um cuidado especial com os atores, que criam figuras multifacetadas e psicologicamente ricas e intrigantes. Não é à toa que este trabalho praticamente reinventou a cena indie do Cinema norte-americano, alçando também o Festival de Sundance ao posto importante que passou a ocupar desde então: a força do filme vem não só de seu (então precoce) diretor, mas também da própria forma com que a produção ganhou vida. 5/5

 

Perseguição Virtual (Open Windows, Espanha/EUA, 2014)
Nacho Vigalondo é um diretor que costuma ser inventivo e interessante em suas narrativas, mas pouco criativo em suas tramas. É exatamente isso que ocorre aqui: a maneira com que ele conta a história é infinitamente mais instigante do que a história em si, que se revela tola, absurda e frustrante. Ainda assim, o esfoço para manter tudo em tempo real e as justificativas para saltar de uma janela a outra são suficientemente curiosos para que o filme não seja um fracasso total. 2/5

 

In the Loop (Idem, Inglaterra, 2009)
Um House of Cards que usa os palavrões como vírgula, o filme concebe os bastidores do poder como um jogo impiedoso no qual intimidação, traições e troca de favores e informações são moedas correntes – e, infelizmente, se há algo que o difere da realidade é apenas a inventividade e a eloquência com que seus personagens se manifestam. Centrado em torno de uma performance fascinante e intimidadora de Peter Capaldi, esta é uma comédia que nos faz rir da política ao mesmo tempo em que provoca lamentação por ela ser feita desta maneira. 5/5

 

Hotel da Morte (The Innkeepers, EUA, 2011)
Ti West, um diretor que estou apreciando cada vez mais, adota uma abordagem cada vez mais incomum em filmes do gênero, investindo os dois primeiros atos na criação de personagens críveis e multifacetados e de um universo realista antes de mergulhar nos sustos e no terror – e, mesmo então, sem jamais abandonar a coesão na construção da protagonista. 4/5

 

Crimes da Alma (Cronaca di un amore, Itália, 1950
O primeira longa de ficção de Antonioni é um drama com toques noir que traz uma fotografia memorável e um elenco capaz de dar vida a personagens mais complexos do que podemos pensar a princípio. Infelizmente, a trama é também das mais previsíveis, colocando a mise-en-scène a serviço de uma história tolinha. 3/5

 

Web Junkie (Idem, Israel, 2013)
Embora os realizadores tenham obviamente contado com a cooperação dos responsáveis pelo centro de tratamento que basicamente mantém jovens “viciados em Internet” presos numa rotina militar, o documentário não se beneficia deste acesso para criar um retrato interessante sobre um mal moderno. Em vez disso, muitas vezes parece funcionar quase como um “infomercial” para os tais centros, mas nem mesmo de forma minimamente interessante. Para piorar, os jovens acompanhados pelo documentário são aborrecidos e monotemáticos, tornando tudo ainda mais entediante. 2/5

Um grande abraço e bons filmes!

Sobre o autor:

Pablo Villaça, 18 de setembro de 1974, é um crítico cinematográfico brasileiro. É editor do site Cinema em Cena, que criou em 1997, o mais antigo site de cinema no Brasil. Trabalha analisando filmes desde 1994 e colaborou em periódicos nacionais como MovieStar, Sci-Fi News, Sci-Fi Cinema, Replicante e SET. Também é professor de Linguagem e Crítica Cinematográficas.
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