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Filmes da Semana - 25/03/2015 Assinantes

Amigos do Cinema em Cena,

mais uma semana se passou e, portanto, chegou a hora de publicar os comentários sobre os filmes que vi nos últimos dias. Vamos lá?

 

Dying of the Light (Idem, EUA, 2014)
Nicolas Cage já usa seus cageísmos de praxe em suas primeiras falas deste filme que – como boa parte da carreira recente do ator – parece ter sido produzido diretamente para vídeo. E o fato de ter sido dirigido por Paul Schrader apenas demonstra que as péssimas escolhas de Cage são perigosamente contagiosas. 1/5

 

Dívida de Honra (The Homesman, EUA, 2014)
Tommy Lee Jones é um diretor que já demonstrou ter habilidade para criar situações de humor a partir de elementos mórbidos em Três Enterros – e aqui ele repete a abordagem em um western incomum que, centrado numa performance sólida de Hilary Swank, traz uma personagem feminina para o centro da narrativa em um gênero dominado por homens. Contando com uma ambientação cuidadosa que retrata o período como um mundo primitivo e brutal, o longa ainda choca em função de determinada reviravolta sem que pareça usá-la como mero recurso barato. Ainda assim, apesar de todos os esforços de Jones, Swank e do restante do elenco (que traz participações pequenas de nomes célebres), Dívida de Honra jamais chega a algum lugar relevante, o que é uma pena. 3/5

 

Back Issues: The Hustler Magazine Story (Idem, EUA, 2014)
Embora tendo completo acesso às pessoas-chave da história da Hustler (graças ao fato de ser filho de um dos principais diretores de arte da revista), o diretor não consegue apresentar uma única informação que não tenha aparecido em O Povo vs. Larry Flynt, o que é uma proeza. Além disso, o sujeito aparentemente não faz muita ideia acerca do conceito de montagem ou mesmo direção, o que resulta num tom de amadorismo frustrante. 2/5

 

Soldado do Futuro (The Machine, Inglaterra, 2013)
Com exceção dos bons efeitos visuais, parece mais uma produção para vídeo da década de 80, do roteiro idiota à trilha eletrônica, passando pelas atuações caricaturais. Além disso, o filme não se envergonha de plagiar descaradamente momentos e cenas inteiras de Blade Runner e 2001, o que serve apenas para ressaltar sua estupidez. 2/5

 

Lady Valor: The Kristin Beck Story (Idem, EUA, 2014)
A história da ex-SEAL Kristin Beck, que nasceu como Christopher Beck e se assumiu transgênero, passando a advogar pela causa LGBT, é uma trajetória bela e corajosa por si só – e, assim, o documentário funciona melhor quando se limita a acompanhar sua jornada e a reação de sua família e amigos do que quando busca ativamente o drama. O que, infelizmente, faz com certa frequência. 3/5

 

Tempo de Despertar (Awakenings, EUA, 1990)
Decidi fazer Medicina por causa deste filme – decisão errada, motivo certo: a humanidade do médico retratado por Robin Williams aqui é algo que deveria ser comum a todos os membros desta profissão em vez de ser um atributo cada vez mais raro. Aliás, é incrível como Williams captura todos os trejeitos do fabuloso Oliver Sacks com perfeição: a timidez, a maneira de colocar os braços em frente ao corpo como se se defendesse do mundo, a dificuldade em olhar as pessoas nos olhos. Já a performance de De Niro impressiona pela composição física: a maneira como ele retrata os tiques, as contrações involuntárias, as quebras de padrão na fala. Trata-se de um filme tão delicado e ao mesmo tempo tão demolidor. Admiro imensamente, por exemplo, como a diretora Penny Marshall confere importância aos personagens secundários, criando pequenos momentos de humanidade - como a enfermeira que acha que vai ser xingada quando é chamada abruptamente ou a reação de Lucy ao vento. Que filme. 5/5

 

Tricked: The Documentary (Idem, EUA/Suécia, 2013)
Por um lado, o documentário se esforça para retratar todos os lados envolvidos na complexa questão do tráfico de mulheres e da prostituição, entrevistando clientes, cafetões, prostitutas, policiais e promotores (e algumas das entrevistas são tão reveladoras que chega a ser inacreditável que os envolvidos tenham aceitado concedê-las). Por outro, a estrutura do longa é burocrática a ponto de soar como algo produzido para a televisão, tornando-se eventualmente enfadonha e repetitiva. 3/5

 

Na Mira do Chefe (In Bruges, Inglaterra, 2008)
Elenco perfeito, uso impecável de locações e um roteiro excepcional. Como se não bastasse, o estreante Martin McDonagh surge como um diretor já maduro e seguro, construindo uma narrativa que comove num instante, provoca risos no seguinte e gera tensão durante ambos. Enquanto isso, Brendan Gleeson subverte sua imagem de durão em uma performance perfeitamente modulada para mostrar que é perigoso, mas sensível, ao passo que Ralph Fiennes cria uma caricatura que, de algum modo, consegue ser humana, realista e hilária. Quanto a Colin Farrell, E Colin Farrell, um ator que raramente recebe o crédito que merece, é preciso observar que encarna seu personagem como um garotão irresponsável, cheio de maneirismos e caretas apenas para, de repente, exibir uma vulnerabilidade de partir o coração. Coisa de gênio. Como o próprio filme. 5/5

 

A Série Divergente: Insurgente (Insurgent, EUA, 2015)
Publiquei a crítica aqui no site. 2/5

 

Kill List (Idem, Inglaterra, 2011)
Embora seja quase inevitável comparar este filme a pelo menos dois outros filmes que serviriam de spoiler apenas ao serem mencionados (digo apenas que foram dirigidos por Polanski e Robin Hardy), falta ao terceiro ato deste longa a mesma coesão de suas influências. Ainda assim, a atmosfera inquietante construída pelo diretor é eficaz e o trio central é vivido com química excepcional pelos atores. 4/5

 

Adrenalina Máxima (Sonatine, Japão, 1993)
É curioso notar como Takeshi Kitano subverte o gênero e a própria expectativa do público ao iniciar o filme seguindo as convenções esperadas e subitamente revelando que seu propósito é analisar como aqueles personagens se comportam em uma situação atípica de “férias” quase forçadas. No processo, ele extrai humor e humaniza indivíduos frios e implacáveis cujas explosões inesperadas de violências são retratadas com um distanciamento que oscila entre o divertido e o macabro. 4/5

Um grande abraço e bons filmes!

Sobre o autor:

Pablo Villaça, 18 de setembro de 1974, é um crítico cinematográfico brasileiro. É editor do site Cinema em Cena, que criou em 1997, o mais antigo site de cinema no Brasil. Trabalha analisando filmes desde 1994 e colaborou em periódicos nacionais como MovieStar, Sci-Fi News, Sci-Fi Cinema, Replicante e SET. Também é professor de Linguagem e Crítica Cinematográficas.
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