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Críticas por Pablo Villaça

Datas de Estreia: Nota:
Brasil Exterior Crítico Usuários
11/10/2013 01/01/1970 4 / 5 / 5
Distribuidora
Europa Filmes e Mares Filmes
Duração do filme
109 minuto(s)

Direção

Cate Shortland

Elenco

Saskia Rosendahl , Nele Trebs , André Frid , Mika Seidel , Kai-Peter Malina

Roteiro

Cate Shortland , Robin Mukherjee

Produção

Liz Watts

Fotografia

Adam Arkapaw

Música

Max Richter

Montagem

Veronika Jenet

Design de Produção

Silke Fischer

Figurino

Stefanie Bieker

Direção de Arte

Jochen Dehn

Lore (I)
Lore

Dirigido por Cate Shortland. Com: Saskia Rosendahl, Nele Trebs, André Frid, Mika Seidel, Kai-Peter Malina.

Selecionado pela Austrália como representante do país na corrida ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, Lore conta a história de uma jovem alemã que, após a derrota do Terceiro Reich, perde a companhia do pai, oficial nazista, e da mãe, colaboradora do Partido, sendo obrigada a conduzir os quatro irmãos menores numa jornada de centenas de quilômetros até Hamburgo a fim de encontrarem a avó.

Escrito pela diretora Cate Shortland e por Robin Mukherjee a partir de um livro de Rachel Seiffert, o longa assume, portanto, a estrutura de um road movie que enfocará o choque de realidade experimentado pela jovem protagonista, que, de adolescente segura dos ideais inquestionáveis de Hitler, é obrigada a confrontar a barbárie promovida pelos nazistas durante a guerra. Vivida pela excelente Saskia Rosendahl, que não tenta suavizar as crenças repulsivas da personagem e sua agressividade diante do mundo, Lore demonstra carregar o peso do mundo nas costas – e não é para menos, já que se vê, de um dia para o outro, responsável por quatro crianças, incluindo um recém-nascido, em um país destruído pela guerra e no qual a fome e a falta de serviços de infraestrutura básicos eram cotidianas.

Ainda assim, a ótima fotografia de Adam Arkapaw é inteligente ao explorar a beleza das locações percorridas pelas crianças sem, com isso, deixar de ressaltar o isolamento e a dificuldade enfrentados pelos jovens – e é particularmente eficiente o momento em que, durante uma brincadeira em um bosque de intenso verde, Lore e a irmã percebem a chuva das cinzas oriundas da destruição de documentos e fotos comprometedores por parte dos nazistas. A partir daí, o longa acompanha a degradação física dos irmãos, que, cobertos por picadas de insetos e consumidos pela desnutrição, dependem da caridade de estranhos, formando uma aliança inesperada com um jovem que, portando documentos que o identificam como judeu, se torna fundamental para a sobrevivência da família.

O interessante na abordagem de Shortland, porém, é sua insistência em enxergar o mundo sempre a partir do ponto de vista de Lore – que, claro, vê os soldados norte-americanos como criminosos dispostos a matar seus irmãos e Thomas (Malina), o jovem judeu, como um traidor em potencial que quer apenas usar o bebê para inspirar a simpatia de estranhos. Além disso, em vez de simplesmente seguir o caminho mais óbvio e ilustrar a mudança gradual da protagonista, a cineasta opta por retratar a perda da inocência (política e sexual) experimentada pela garota, que, mesmo jamais renegando claramente o Führer, parece compreender, ao final do filme, que seu mundo não era tão preto-e-branco quanto imaginava.

E, neste aspecto, Lore funciona ao usar a moça como um retrato de toda uma geração de alemães que, no pós-guerra, finalmente percebe que seu líder estava longe de ser o anjo que julgavam e que, afinal, estavam do lado errado do conflito. É só lamentável que, para isso, o filme tenha que se mostrar tão repetitivo e prolixo em sua abordagem. 

Texto originalmente publicado como parte da cobertura do Festival do Rio 2012, daí sua menor extensão.

10 de Outubro de 2012

Pablo Villaça, 18 de setembro de 1974, é um crítico cinematográfico brasileiro. É editor do site Cinema em Cena, que criou em 1997, o mais antigo site de cinema no Brasil. Trabalha analisando filmes desde 1994 e colaborou em periódicos nacionais como MovieStar, Sci-Fi News, Sci-Fi Cinema, Replicante e SET. Também é professor de Linguagem e Crítica Cinematográficas.

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