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Críticas por Pablo Villaça

Datas de Estreia: Nota:
Brasil Exterior Crítico Usuários
21/10/2011 01/01/1970 3 / 5 / 5
Distribuidora

Rock Brasília - Era de Ouro
Rock Brasília - Era de Ouro

Dirigido por Dirigido por Vladimir Carvalho.

Rock Brasília é uma viagem nostálgica para qualquer um que cresceu na década de 80. Abordando o surgimento e o sucesso surpreendentes de vários grupos musicais originados na capital do país ao longo daquele período, o filme de Vladimir Carvalho (irmão de Walter) se concentra, claro, na ascensão meteórica do Capital Inicial, da Plebe Rude e, obviamente, do Legião Urbana, trazendo entrevistas com vários de seus integrantes (e ex-integrantes), familiares e profissionais da indústria fonográfica.

Interessado em identificar as razões que levaram tantos músicos da mesma cidade ao sucesso em tão pouco tempo (especialmente considerando a distância do eixo Rio-SP), o documentário acaba comentando, de maneira indireta, algumas das piores práticas do meio musical – e se na época o jabá ainda não era prática dominante nas rádios brasileiras, uma espécie de “suborno” já se encontrava presente em uma das principais vitrines disponíveis para os artistas, o programa do Chacrinha, que obrigava as bandas a tocar em shows organizados por sua produção em troca da participação naquela que era uma das principais atrações da Globo. (E a decisão do Capital Inicial de expor a questão publicamente na época é digna de aplausos.)

Concentrando-se bem mais nas entrevistas do que em imagens de arquivo, Rock Brasília decepciona por trazer relativamente poucas cenas dos antigos shows (ainda que resgate um dos mais importantes envolvendo uma apresentação do Legião) e praticamente nenhuma das músicas que marcaram o período, utilizando pontualmente um ou outro trechinho isolado – e considerando que estamos tratando de um documentário sobre bandas, isto é relativamente grave. Além disso, a decisão de Carvalho de incluir pequenas encenações envolvendo a juventude dos músicos, usando atores para representá-los, revela-se frágil e descartável, o mesmo se aplicando à utilização de uma curtíssima sequência de animação, que, além de fugir da lógica visual do restante do longa, jamais volta a ser empregada, estabelecendo-se como uma breve aberração no meio da projeção. Para completar, o diretor ainda inclui planos gratuitos que o revelam como entrevistador e outros que exibem até mesmo cabos, refletores e boom, o que se torna uma distração absolutamente desnecessária.

Ganhando vida graças aos depoimentos de seus entrevistados, Rock Brasília se torna realmente forte sempre que Renato Russo surge na tela em conversas resgatadas a partir de programas de televisão, quando facilmente se estabelece como o mais interessante e sincero dos personagens (ao lado do professor Briquet, pai de dois dos músicos do Capital Inicial). Ainda assim, o filme jamais se apresenta como uma experiência particularmente reveladora ou memorável, ainda que a nostalgia que inspira seja inquestionavelmente forte.

Observação: esta crítica foi originalmente publicada como parte da cobertura do Festival do Rio de 2011.

15 de Outubro de 2011

Pablo Villaça, 18 de setembro de 1974, é um crítico cinematográfico brasileiro. É editor do site Cinema em Cena, que criou em 1997, o mais antigo site de cinema no Brasil. Trabalha analisando filmes desde 1994 e colaborou em periódicos nacionais como MovieStar, Sci-Fi News, Sci-Fi Cinema, Replicante e SET. Também é professor de Linguagem e Crítica Cinematográficas.

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