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Críticas por Pablo Villaça

Datas de Estreia: Nota:
Brasil Exterior Crítico Usuários
21/09/2007 01/01/1970 2 / 5 / 5
Distribuidora
Duração do filme
103 minuto(s)

Rogue - O Assassino
WAR

Dirigido por Philip G. Atwell. Com: Jet Li, Jason Statham, Devon Aoki, John Lone, Luis Guzmán, Saul Rubinek, Ryo Ishibashi.

Rogue – O Assassino é um destes filmes nos quais a mixagem final dos efeitos sonoros inclui um barulho potente de aceleração mesmo quando os carros vistos na tela estão freando. Da mesma maneira, não é surpresa constatar a presença de várias mulheres seminuas ao longo da narrativa – incluindo o plano obrigatório no qual duas delas se beijam sensualmente. E preciso dizer que o herói parece ter seus óculos escuros grudados no rosto? Em outras palavras, Rogue é um filme de machos feito para machos – e se você não se satisfaz apenas com explosões, carros possantes em alta velocidade, seios à mostra, tiroteios e lutas... bom, então você é um maricas que deveria ter ficado em casa assistindo aos shows de Mariah Carrey, Britney Spears e Júnior.

Escrito pelos estreantes Lee Anthony Smith e Gregory J. Bradley, o filme traz Jason Statham como o agente do FBI Jack Crawford, que se mostra determinado a capturar o criminoso do título, responsável pelo massacre da família de seu parceiro há alguns anos. É então que Rogue ressurge trabalhando ao lado do líder das Tríades chinesas em San Francisco depois de trair seu antigo patrão – um poderoso chefão da Yakuza japonesa. Em pouco tempo, as duas facções criminosas parecem estar à beira de uma guerra, criando uma oportunidade para que Crawford atraia seu velho inimigo para a “superfície” (isto, é claro, caso ele próprio não esteja sendo usado por Rogue como instrumento para fomentar o tal conflito).

Exibindo sua expressão mal-humorada habitual (e que foi utilizada à perfeição como caricatura em Adrenalina), Statham faz um contraponto imediato ao também habitualmente inexpressivo Jet Li, que, como sempre, usa esta característica como sinal da frieza típica de um homem que nem precisa pensar antes de matar seus oponentes. Eles não constroem personagens, portanto, mas encarnam tipos já prontos e unidimensionais – e o máximo que os roteiristas conseguem pensar para torná-los mais “complexos” reside em diálogos dolorosamente expositivos como aquele dito pela esposa de Crawford: “Sua obsessão por este cara custou nosso casamento!”. Na maior parte do tempo, porém, não há mesmo qualquer esforço no sentido de desenvolver os personagens, que apenas devem parecer durões enquanto conversam um com o outro pelo telefone (é claro que conversam! O que você esperava?) ou se encaram em meio a uma perseguição em alta velocidade (é claro que eles emparelham seus carros para poderem se encarar! O que você esperava?).

Construído como uma seqüência interminável de clichês, Rogue traz a “esposa que reclama da ausência do marido”; o “filho negligenciado pelo pai ausente”; a “perseguição sobre os telhados da cidade (incluindo saltos de um prédio para outro)”; tiroteios; explosões; e, é claro, um vilão que não hesita em cortar a orelha de um capanga por qualquer motivo besta (como esses caras conseguem manter seus empregados é um mistério). Aliás, chega a ser estranho que ninguém tenha que entregar o distintivo ou ouvir um discurso sobre como o prefeito está pressionando o comissário, que está pressionando o chefe de polícia, que... enfim. Por outro lado, creio que os 103 minutos de duração do longa não são suficientes para tantas convenções do gênero.

Ou até poderiam ser, caso o diretor estreante (e oriundo do universo dos videoclipes) Philip G. Atwell não gastasse tanto tempo tentando provar seu “talento” através de uma overdose estilística que, sem qualquer lógica aparente, emprega flashes, freeze frames, câmera acelerada, zooms, cortes secos e uma montagem caótica que, nas cenas de ação, dificultam a tarefa do espectador em compreender exatamente o que está acontecendo. Por outro lado, o fato é que não há muito a compreender, já que as coreografias de luta criadas pelo experiente Corey Yuen (velho colaborador de Jet Li) são decepcionantes em sua falta de criatividade (ele até tenta empregar um espelho giratório para tornar as coisas mais interessantes, mas volta a falhar).

Curiosamente, Rogue acaba revelando, em seu ato final, um esforço intrigante para surpreender o espectador. Pena que, a esta altura, já fomos obrigados a agüentar uma infinidade de diálogos desastrosos e seqüências frouxas de ação e pouco pode ser feito para salvar o filme.

21 de Setembro de 2007

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Pablo Villaça, 18 de setembro de 1974, é um crítico cinematográfico brasileiro. É editor do site Cinema em Cena, que criou em 1997, o mais antigo site de cinema no Brasil. Trabalha analisando filmes desde 1994 e colaborou em periódicos nacionais como MovieStar, Sci-Fi News, Sci-Fi Cinema, Replicante e SET. Também é professor de Linguagem e Crítica Cinematográficas.

 

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