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Críticas por Pablo Villaça

Datas de Estreia: Nota:
Brasil Exterior Crítico Usuários
13/06/2003 31/01/2003 3 / 5 / 5
Distribuidora
Duração do filme
90 minuto(s)

Premonição 2
Final Destination 2

Dirigido por David R. Ellis. Com: Ali Larter, A.J. Cook, T.C. Carson, James Kirk, Michael Landes, Jonathan Cherry, Justina Machado e Tony Todd.

Quando escrevi sobre Premonição, em agosto de 2000, lembro-me de ter elogiado as elaboradas coreografias criadas para ilustrar as mortes dos personagens, embora tenha feito a seguinte ressalva: `a cena que retrata o `assassinato` da professora dos adolescentes é tão exagerada que chega a se tornar hilária`. Desta vez, no entanto, a exceção tornou-se a regra: todos os `acidentes` vistos nesta continuação assumem um claro tom de auto-paródia, levando o espectador a acompanhar, com um riso no canto da boca, as armadilhas que a Morte prepara para suas vítimas.

Escrito pelos estreantes J. Mackye Gruber e Eric Bress, Premonição 2 tem um início pouco original, limitando-se a reencenar a introdução do primeiro filme – a diferença é que, em vez de um desastre de avião, desta vez a protagonista pressente a ocorrência de um trágico `engavetamento` em uma rodovia: uma seqüência absolutamente sensacional e chocante. Convencida de que a Morte passará a perseguir todos aqueles que deveriam ter falecido no acidente (e que escaparam graças à sua premonição), a jovem Kimberly (Cook) procura a ajuda de Clear (Larter), a única sobrevivente da produção original (a ausência do herói Alex é explicada através de recortes de jornais). O problema é que Clear, traumatizada por seu horrível passado, decidiu internar-se em um hospício, permanecendo isolada em um quarto sem móveis e com paredes acolchoadas – precauções que a mantiveram viva ao longo dos últimos 12 meses. Decidida a auxiliar Kimberly, a garota explica que todos devem ficar atentos aos `sinais` que podem revelar o destino das vítimas seguintes – o que só aumenta o grau de apreensão do assustado grupo.

Assim como em Premonição, o ponto forte desta continuação reside nas circunstâncias em que cada vítima perde a vida: dona de um senso de humor macabro (como poderia ser diferente?), a Morte parece se divertir imensamente enquanto elabora cuidadosamente os diversos acidentes vistos ao longo da projeção – e o cineasta David Richard Ellis merece créditos por levar o espectador a sentir a presença constante de uma vilã que jamais é vista. E, apesar de possuírem um elemento bem definido de humor, é necessário dizer que as mortes de Premonição 2 também são muito mais gráficas do que aquelas retratadas no filme original – algo cada vez mais raro nos dias de hoje, já que Hollywood sempre procura conseguir censuras mais brandas para suas produções a fim de alcançar um público (leia-se: faturamento) maior.

Por outro lado, o roteiro procura prolongar a tensão ao fazer com que a Morte enfrente maiores dificuldades para destruir suas vítimas – o que, infelizmente, acaba dando origem a alguns buracos na história, como, por exemplo, na seqüência em que um garoto escapa do sufocamento: de acordo com as regras estabelecidas no primeiro capítulo, ele deveria escapar (temporariamente) da vilã, que deveria se concentrar no nome seguinte de sua `lista`. Isso, no entanto, não é o que ocorre. Além disso, a motivação encontrada pela dupla de roteiristas para justificar o envolvimento de Clear é fraquíssima: se a garota já havia declarado ser impossível vencer a Morte, por que ela decide sair de seu abrigo no hospício? E por que Kimberly distribui novos celulares para os companheiros em vez de simplesmente pedir o número de cada um deles?

Ainda assim, Gruber e Bress devem ser elogiados por acrescentarem três novos e interessantes conceitos à série: os celulares, por exemplo, são utilizados para que Kimberly possa avisar os amigos sobre suas visões (`Se eu ligar para alguém e disser a palavra ‘metrô’, corra para a superfície!`, avisa a garota), o que dá origem a uma tensa seqüência em um elevador (aliás, é uma pena que os tais `sinais` não sejam utilizados com maior freqüência). Outra idéia curiosa é aquela que estabelece que uma pessoa não poderá morrer sem que sua hora tenha chegado, ou seja: suicidar-se é tarefa impossível, já que a Morte faz questão de capturar suas vítimas em uma ordem predeterminada. Finalmente, vem o conceito mais instigante: se alguém que escapou de uma tragédia acaba evitando indiretamente o falecimento de outra pessoa, o que a Morte deverá fazer para corrigir esta nova falha em seus planos? (Esta última pergunta certamente servirá de base para possíveis novas continuações...)

Contando mais uma vez com a participação de Tony Todd (leia-se: Candyman) em uma cena fraquíssima, Premonição 2 certamente não é tão tenso quanto seu predecessor, embora seja igualmente divertido. Mas teria sido bem melhor se parte da comédia tivesse sido substituída por um pouco mais de suspense...
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14 de Junho de 2003

Pablo Villaça, 18 de setembro de 1974, é um crítico cinematográfico brasileiro. É editor do site Cinema em Cena, que criou em 1997, o mais antigo site de cinema no Brasil. Trabalha analisando filmes desde 1994 e colaborou em periódicos nacionais como MovieStar, Sci-Fi News, Sci-Fi Cinema, Replicante e SET. Também é professor de Linguagem e Crítica Cinematográficas.

 

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