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Críticas por Pablo Villaça

Datas de Estreia: Nota:
Brasil Exterior Crítico Usuários
11/01/2002 17/08/2001 3 / 5 / 5
Distribuidora
Duração do filme
112 minuto(s)

Tá Todo Mundo Louco
Rat Race

Dirigido por Jerry Zucker. Com: Rowan Atkinson, Seth Green, Vince Vieluf, Breckin Meyer, Amy Smart, Jon Lovitz, Cuba Gooding Jr., Kathy Najimy, Kathy Bates, Lanei Chapman, Wayne Knight, Dean Cain, Whoopi Goldberg e John Cleese.

Jerry Zucker é um excelente diretor de comédias. É uma pena, portanto, que ele esteja afastado do gênero há quinze anos, desde que comandou (ao lado de seu irmão David Zucker e de Jim Abrahams) o ótimo Por Favor, Matem Minha Mulher. Aliás, neste período ele só comandou duas outras produções: o bom Ghost – Do Outro Lado da Vida (no qual utilizou, em alguns momentos, seu timing cômico) e o abominável Lancelot – O Primeiro Cavaleiro (em minha opinião, um dos piores filmes da década de 90). Assim, foi com razoável ansiedade que fui conferir Tá Todo Mundo Louco!, seu retorno ao universo das piadas.

A boa notícia é que o cineasta não perdeu o talento para a comédia: em seus momentos mais inspirados, este filme é capaz de provocar gargalhadas até mesmo no mais rabugento dos mortais. A má notícia é que o roteiro escrito por Andrew Breckman não é dos melhores. Inspirado no clássico Deu a Louca no Mundo (que julgo incrivelmente aborrecido), dirigido por Stanley Kramer em 1963, Tá Todo Mundo Louco! tenta repetir a fórmula do original ao reunir um elenco de peso em uma história que gira em torno de uma `caça ao tesouro`: a diferença é que, em vez de perseguirem uma fortuna roubada que se encontra enterrada em um parque, os personagens desta nova versão são convencidos por um dono de cassino (John Cleese, com uma prótese dental imensa) a competir por um milhão de dólares. O que eles não sabem é que o sujeito organizou uma bolsa de apostas, envolvendo milionários excêntricos, sobre qual dos competidores chegará primeiro ao dinheiro (ao longo do filme, os tais milionários organizam diversas outras apostas – algo que se torna um dos pontos altos da trama).

Não há como escapar do fato de que um dos grandes atrativos desta produção reside em seu elenco, que reúne atores com estilos de interpretação contrastantes, mas, em sua maioria, eficazes – e, neste caso, o crédito deve ser concedido às diretoras de elenco Jane Jenkins e Janet Hirshenson, que já provaram possuir, em diversas ocasiões, um olho preciso para a sugestão do intérprete ideal para cada papel (basta lembrar que a dupla trabalhou na escalação dos elencos de filmes como Conta Comigo, Os Fantasmas Se Divertem, Parenthood, O Pescador de Ilusões e Apollo 13, para citar apenas alguns exemplos). Por outro lado, uma mistura tão heterogênea de comediantes acaba provocando um problema interessante: o espectador acaba `torcendo` por seu ator favorito, e, nos momentos em que outra pessoa domina a ação, o filme tende a se tornar menos interessante (algo que é agravado pelo fato de que a história não consegue desenvolver seus personagens, que são meras caricaturas).

Assim, por exemplo, os fãs de Rowan Atkinson (mais conhecido por interpretar Mr. Bean) vibram nas cenas em que este se encontra, enquanto aqueles que o julgam irritante certamente perdem o interesse pela trama quando isto acontece (particularmente, eu o acho hilário e, por isso, acho uma pena que sua participação na primeira metade da história seja tão reduzida). Por outro lado, é importante dizer que os irmãos Cody (vividos por Seth Green e Vince Vieluf) se tornam a exceção exigida pela regra e conquistam boa parte do público com suas trapalhadas. Já Whoopi Goldberg está completamente desperdiçada, sendo incompreensível o motivo que a levou a aceitar participar do filme (aliás, a subtrama que envolve seu reencontro com a filha é completamente descartável, já que não é desenvolvida e jamais leva a algum lugar). Para finalizar, Jon Lovitz e Kathy Najimy protagonizam uma boa piada envolvendo nazistas, enquanto Cuba Gooding Jr. (assim como Goldberg) demonstra ser mais uma vítima da `maldição do Oscar` (que condena alguns vencedores do prêmio a um inexplicável declínio).

Preso a um roteiro medíocre, o diretor Jerry Zucker procura arrancar gargalhadas através de intervenções inesperadas, como a excepcional tomada em câmera lenta que envolve os irmãos Cody e um carro `voador`, e a utilização de um trecho de La Traviata para pontuar uma das melhores gags da trama. Além disso, Tá Todo Mundo Louco! apresenta ao público uma `estrela` surpreendente: uma vaquinha malhada que rouba todas as cenas em que aparece.

Mesmo assim, não há como esconder o fato de que o ritmo do filme oscila de forma perigosa, alternando momentos inspirados com outros em que nada parece funcionar. Com isso, Tá Todo Mundo Louco! acaba se tornando uma produção de extremos: quando falha, chega a ser embaraçosamente ruim – mas quando funciona, é capaz de provocar as gargalhadas mais fortes que Hollywood já produziu desde Debi & Lóide - e quem leu minha crítica sobre o filme dos irmãos Farrelly sabe que isso é um grande elogio.
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11 de Janeiro de 2002

Pablo Villaça, 18 de setembro de 1974, é um crítico cinematográfico brasileiro. É editor do site Cinema em Cena, que criou em 1997, o mais antigo site de cinema no Brasil. Trabalha analisando filmes desde 1994 e colaborou em periódicos nacionais como MovieStar, Sci-Fi News, Sci-Fi Cinema, Replicante e SET. Também é professor de Linguagem e Crítica Cinematográficas.

 

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