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Críticas por Pablo Villaça

Datas de Estreia: Nota:
Brasil Exterior Crítico Usuários
17/10/1997 18/07/1997 3 / 5 4 / 5
Distribuidora
Duração do filme
98 minuto(s)

Nada a Perder
Nothing to Lose

Dirigido por Steve Oedekerk. Com: Tim Robbins, Martin Lawrence, Michael McKean, Kelly Preston, John C. McGinley, Giancarlo Esposito e Steve Oedekerk.

O que você faria se chegasse em casa e visse sua esposa (ou marido) na cama com outro homem (ou mulher)? Criaria o maior caso? Espancaria os dois? Choraria? Ou, quem sabe, simplesmente não diria nada e sairia sem ser visto por eles?

Pois é justamente isso o que Nick Beam (Robbins) faz: ele vira as costas para o que acaba de ver e sai em seu carro. Pois seu dia só está começando: ao parar em um sinal, ele tem um revólver apontado para sua cabeça - agora está sendo assaltado. O ladrão (Lawrence), no entanto, tem uma grande surpresa quando Nick se vira para ele e diz: `Rapaz... você escolheu o cara errado e na hora errada.` A partir daí, o filme assume um ritmo vertiginoso, onde tudo parece conspirar para que as coisas saiam erradas para a recém-formada dupla de amigos.

Martin Lawrence rouba o filme. Seu personagem, T, é um sujeito que se torna ladrão depois de tentar arranjar um emprego `decente` durante muito tempo. Aliás, este é um dos problemas do roteiro, que também foi escrito por Oedekerk: ao tentar justificar moralmente a escolha de T em se tornar um assaltante, o filme perde um pouco de sua espontaneidade. Afinal, o engraçado é justamente ver o conflito entre um homem `de bem`, como o personagem de Robbins, e um sujeito que não vê nada de errado em roubar alguns dólares para pagar o lanche.

Voltando ao trabalho de Lawrence em Nada a Perder: seu histrionismo, seu cinismo, seu ar desleixado e jeito de malandro me lembraram, durante todo o filme, de uma outra atuação que acabou revelando um fantástico comediante: o ano era 1984 e Eddie Murphy se tornava um astro com Um Tira da Pesada. Não que Lawrence seja um `quase-estreante`, como Murphy era na época. Não, nada disso. O problema é que nem sempre as coisas deram certos para o ator. Em Bad Boys, por exemplo, ele teve que dividir a cena com um Will Smith mais do que inspirado. Mesmo assim, conseguiu vários bons momentos.

Mas em Nada a Perder tudo funciona para Lawrence. Tim Robbins, com seu jeito carrancudo (apesar de também ser um ótimo comediante - basta ver sua atuação em Na Roda da Fortuna), serve como uma `escada` perfeita para os diálogos e trejeitos do ator. Não que Robbins esteja apagado, ao contrário: a história só funciona porque é divertido ver seu personagem se metendo em situações às quais não está habituado. Se sua atuação não fosse tão convincente, o filme fracassaria, com certeza.

Aliás, risadas não faltam a este filme. E não me refiro apenas aos diálogos: as gags visuais também funcionam perfeitamente. Um exemplo: depois de ter seus sapatos encharcados com gasolina, Robbins pula no asfalto e o atrito com o chão acaba gerando uma fagulha que provoca um pequeno incêndio. Apesar de soar extremamente forçado, o espantoso é que a seqüência funciona! Nem toda comédia consegue combinar os dois tipos de humor, e isso já vale como motivo suficiente para ver este filme.

É uma pena que o roteiro vá perdendo o fôlego na última meia hora de projeção. Com isso, o final se torna banal e extremamente previsível, o que é lamentável. Além disso, alguns detalhes da história soam muito forçados. Ou Steve Oedekerk quer que acreditemos que um curso de engenharia elétrica por correspondência é realmente capaz de tornar alguém uma espécie de gênio eletrônico? Além disso, há a questão da `justificativa moral` para as atitudes do personagem de Lawrence, o que era totalmente dispensável.

De todo o modo, veja este filme. Afinal - com o perdão do trocadilho - você não tem nada a perder. A não ser algumas risadas. 
``

5 de Maio de 1998

Pablo Villaça, 18 de setembro de 1974, é um crítico cinematográfico brasileiro. É editor do site Cinema em Cena, que criou em 1997, o mais antigo site de cinema no Brasil. Trabalha analisando filmes desde 1994 e colaborou em periódicos nacionais como MovieStar, Sci-Fi News, Sci-Fi Cinema, Replicante e SET. Também é professor de Linguagem e Crítica Cinematográficas.

 

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