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Críticas por Pablo Villaça

Datas de Estreia: Nota:
Brasil Exterior Crítico Usuários
01/09/2000 28/07/2000 2 / 5 / 5
Distribuidora
Duração do filme
106 minuto(s)

Direção

Peter Segal

Elenco

Peter Segal , Eddie Murphy , Janet Jackson , Larry Miller , John Ales , Richard Gant , Jamal Mixon , Chris Elliott

Roteiro

Jerry Lewis

Produção

Jerry Lewis , Eddie Murphy

Fotografia

Dean O’Gorman

Música

David Newman

Montagem

William Kerr

Design de Produção

William A. Elliott

Figurino

Sharen Davis

Direção de Arte

Greg Papalia

O Professor Aloprado 2: A Família Klump
Nutty Professor II: The Klumps

Dirigido por Peter Segal. Com: Eddie Murphy, Janet Jackson, Larry Miller, John Ales, Richard Gant, Jamal Mixon e Chris Elliott.

Sei que a pergunta soará patética, mas não posso evitar: qual é a graça em ver alguém peidando? É o som? É a reação das demais pessoas na tela? Ou é um riso de constrangimento? E mesmo que a situação seja engraçada na primeira vez em que acontece, por que deveríamos rir na segunda, terceira ou quarta vezes em que a mesma coisa ocorre em um filme? Particularmente, não acho a menor graça quando vejo um personagem lidando com seus flatos (ou com os de outros). No entanto, os roteiristas desta continuação de O Professor Aloprado devem se divertir a valer com os próprios gases, pois o filme é infestado de piadas do gênero. Na verdade, o subtítulo desta produção não deveria ser A Família Klump, mas sim A Família Pum.


Dirigido por Peter Segal (do miseravelmente ruim Mong & Lóide, com Chris Farley e David Spade), O Professor Aloprado II foi concebido a partir do sucesso alcançado pela curta aparição da família Klump no filme original: se eles provocaram tantas risadas em apenas duas cenas, o que não poderiam fazer se aparecessem na história inteira? Infelizmente, o que funciona durante alguns minutos nem sempre atinge o mesmo resultado ao ser expandido para quase duas horas.

Lembremo-nos do que havia de tão divertido nos jantares promovidos pelos Klumps: a discussão entre Papai e Vovó Klump, a expansividade de Mamãe Klump, as referências sexuais feitas por Vovó e (para quem gosta) a guerra de gases promovida por Papai Klump. Mas se em O Professor Aloprado tínhamos a impressão de estar vendo comédia `concentrada` (muitas risadas em pouco espaço de tempo), desta vez os risos foram diluídos pela trama. É claro que Vovó Klump arranca nossas gargalhadas quando fala sobre sua vida sexual; porém, a piada deixa de ser engraçada depois de ser repetida algumas vezes. O mesmo ocorre com as constantes brigas da família, que nos cansam depois de um tempo (apesar de, vez por outra, ainda arrancarem risadas graças a alguma boa tirada - como no momento em que Papai Klump diz para a sogra que a fórmula de Sherman `não cura feiúra`). Seja como for, a interação entre os personagens é impressionante - principalmente se considerarmos que todos são interpretados por Eddie Murphy.

O ator, aliás, prova mais uma vez seu imenso talento ao criar sete personagens completamente diferentes entre si - chega a ser difícil lembrar que nenhuma daquelas pessoas existe de fato, e que elas possuem látex no lugar de pele (o veterano maquiador Rick Baker é realmente fantástico!). É uma pena que tanto trabalho seja desperdiçado por um roteiro sem imaginação.

O fato é que O Professor Aloprado II é um filme sem `coração`: enquanto a versão original (se não considerarmos aquela protagonizada por Jerry Lewis em 63) levava o espectador a simpatizar com o inseguro Sherman, esta continuação só se preocupa com as piadas. Na verdade, A Família Klump ainda tenta recriar este sentimento ao introduzir um monólogo óbvio através do qual o cientista explica seu desconforto - o que não funciona, é claro. Em compensação, a euforia e o jeito bondoso de Mamãe Klump conquistam a platéia. Resultado: particularmente, eu não dava a mínima para o romance entre Sherman e Denise, mas ficava ansioso para ver Papai e Mamãe Klump acertando suas diferenças (o que não deixa de ser um grave equívoco, já que o título deste filme é O Professor Aloprado, não A Mamãe Aloprada).

Por outro lado, o roteiro acerta em cheio ao fazer com que Buddy Love seja `reconstruído` a partir do DNA de um cachorro (sim, a `ciência` do filme é sofrível, mas não atrapalha em nada). Com isso, o alter-ego de Sherman não consegue evitar certas condutas, como espalhar jornais no chão sempre que precisa urinar ou colocar a cabeça para fora de um carro em movimento. Só lamento que este ângulo não tenha sido mais aproveitado ao longo do filme, já que rende boas gargalhadas sempre que aparece. Ao invés disso, os quatro roteiristas preferem acrescentar nada menos do que três seqüências de sonhos (sim, três!) completamente dispensáveis e que, além de servirem apenas para a inclusão de novas piadas escatológicas, copiam descaradamente a seqüência em que Sherman se `transforma` em King Kong, no filme de 96.

A conclusão da história também deixa muito a desejar, chegando a incluir elementos de Flubber e Rapunzel (depois que você assistir ao filme entenderá o que estou dizendo). Aliás, até mesmo os erros de gravação exibidos após o `The End` deixam a desejar com relação ao original.

O Professor Aloprado II oferece algumas boas gargalhadas, sim. Mas estas são poucas se considerarmos que devem preencher mais de 100 minutos de projeção. A verdade é que (com o perdão do trocadilho) faltou um roteiro de peso.
``

4 de Setembro de 2000

Pablo Villaça, 18 de setembro de 1974, é um crítico cinematográfico brasileiro. É editor do site Cinema em Cena, que criou em 1997, o mais antigo site de cinema no Brasil. Trabalha analisando filmes desde 1994 e colaborou em periódicos nacionais como MovieStar, Sci-Fi News, Sci-Fi Cinema, Replicante e SET. Também é professor de Linguagem e Crítica Cinematográficas.

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