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Críticas por Pablo Villaça

Datas de Estreia: Nota:
Brasil Exterior Crítico Usuários
14/01/2000 17/12/1999 2 / 5 2 / 5
Distribuidora
Duração do filme
84 minuto(s)

O Pequeno Stuart Little
Stuart Little

Dirigido porRob Minkoff. Com: Geena Davis, Hugh Laurie, Jonathan Lipnicki, Jeffrey Jones e Dabney Coleman. Vozes de Michael J. Fox, Nathan Lane, Chazz Palminteri, Steve Zahn, Bruno Kirby e Jennifer Tilly. Versão brasileira com Miguel Falabella e Rodrigo Santoro.

O Pequeno Stuart Little é sobre um ratinho inteiramente gerado por computadores que acaba sendo adotado por uma família de humanos. E só. Nada de realmente interessante acontece ao longo da história e, com isso, o filme se torna entediante a partir do momento em que nossa admiração pela proeza tecnológica alcançada pela Imageworks, criadora de Stuart, chega ao fim.

Baseado em um livro para crianças escrito por E.B. White (o mesmo autor do belo A Menina e o Porquinho), o filme tem início quando o casal interpretado por Geena Davis e Hugh Laurie vai a um orfanato a fim de adotar um irmãozinho para seu filho George (o sempre adorável Jonathan Lipnicki, de Jerry Maguire). Surpreendidos por uma imensa quantidade de garotos, eles encontram dificuldades para escolher a criança ideal. É quando entra em cena o pequeno Stuart, um ratinho que se veste e conversa como um ser humano qualquer. Simpático e articulado, ele acaba cativando o Sr. e Sra. Little, que decidem levá-lo para casa e torná-lo parte da família - algo que deixa o gato Snowbell bastante contrariado. Inicialmente rejeitado por George, que sonhava em ter um irmão com quem realmente pudesse brincar, Stuart logo conquista o amor de todos - e quando seus verdadeiros pais aparecem, a tristeza toma conta da família Little.

Dirigido em tom de fábula por Rob Minkoff (que anteriormente só havia trabalhado com animação, incluindo o já clássico O Rei Leão), o filme traz uma galeria de personagens que não parecem achar estranho o fato de um ratinho falar, mesmo que nenhum outro animal da história (excetuando-se os `pais` de Stuart) seja compreendido pelos humanos. Além disso, os cenários e as interpretações caricaturais de todo o elenco nos lembram a todo o momento que estamos assistindo a um conto-de-fadas. Até aí tudo bem. O problema é que O Pequeno Stuart Little não consegue, em nenhum momento, criar o mesmo clima de fantasia alcançado por outros exemplares do gênero, como Matilda ou A Fantástica Fábrica de Chocolates (ambos baseados em livros de Roald Dahl). E isso compromete o resultado final: se não consegue acreditar no absurdo do que vê, o espectador encontra dificuldades para se importar com os personagens.

E a falta de conflitos torna tudo ainda pior, já que o roteiro não cria sequer um vilão realmente interessante: o gato Snowbell, a princípio cheio de rancor e inveja, acaba tornando-se um personagem chato e desinteressante - e nem mesmo a introdução de uma gangue de gatos mafiosos melhora este quadro. Na verdade, parece que até mesmo os produtores de O Pequeno Stuart Little tinham consciência da fragilidade da história, já que o trailer salientava um estilo `Tom e Jerry` inexistente na trama: as cenas que mostram Stuart levando Snowbell a cair em uma lata de lixo e a ser atirado por uma janela sequer fazem parte do filme, sendo exibidas apenas durantes os créditos finais - quando nem sentido mais faziam, já que os dois haviam se `reconciliado`. A impressão que fica é a de que tais cenas foram incluídas apenas para poderem ser exibidas no trailer sem que os espectadores se revoltassem.

Chega a ser inacreditável que um dos roteiristas de O Pequeno Stuart Little seja o mesmo M. Night Shyamalan que concorre ao Oscar de Melhor Roteiro Original por O Sexto Sentido. Isto vem a comprovar que certas pessoas dificilmente conseguem obter os mesmos resultados trabalhando em uma história desenvolvida por terceiros do que quando lidam com suas próprias criações.

Em contrapartida, devemos salientar que o ratinho criado nos computadores da Imageworks é incrível. A empresa fez questão de salientar que animou mais de meio milhão de pêlos somente na cabeça de Stuart, e este preciosismo é facilmente constatado na tela: o pequeno protagonista da história realmente parece ser de carne-e-osso. Em compensação, lhe falta personalidade - algo que, curiosamente, sobra em Mr. Jingles, o ratinho de À Espera de um Milagre, lançado nos cinemas americanos e brasileiros na mesma época em que Stuart Little.

Apesar de tudo, o filme vem faturando alto nas bilheterias graças aos trailers mentirosos e à inteligente campanha de marketing da Columbia Pictures. Além disso, é mais do que certo que milhões de brinquedos e produtos relacionados ao personagem serão vendidos em todo o mundo, comprovando a eficácia desta produção. Ou alguém duvida de que este tenha sido o verdadeiro motivo pelo qual O Pequeno Stuart Little foi produzido?
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5 de Março de 2000

Pablo Villaça, 18 de setembro de 1974, é um crítico cinematográfico brasileiro. É editor do site Cinema em Cena, que criou em 1997, o mais antigo site de cinema no Brasil. Trabalha analisando filmes desde 1994 e colaborou em periódicos nacionais como MovieStar, Sci-Fi News, Sci-Fi Cinema, Replicante e SET. Também é professor de Linguagem e Crítica Cinematográficas.

 

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