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Críticas por Pablo Villaça

Datas de Estreia: Nota:
Brasil Exterior Crítico Usuários
18/05/2001 04/05/2001 3 / 5 3 / 5
Distribuidora
Duração do filme
130 minuto(s)

O Retorno da Múmia
The Mummy Returns

Dirigido por Stephen Sommers. Com: Brendan Fraser, Rachel Weisz, Freddie Boath, John Hannah, Arnold Vosloo, Oded Fehr, Patricia Velazquez, Alun Armstrong e Dwayne `The Rock` Johnson.

É cada vez mais óbvio que Stephen Sommers mantém a ambição de se tornar um novo Steven Spielberg: seus filmes, além de combinarem ação e fantasia, geralmente capricham nos efeitos visuais e nos demais aspectos técnicos de produção. Infelizmente, o cineasta raramente dedica cuidados semelhantes aos seus roteiros, o que afasta esforços como Tentáculos e A Múmia de obras como Tubarão e Os Caçadores da Arca Perdida.

Em O Retorno da Múmia, Sommers volta a cometer este erro ao criar uma história absurda que serve como mera desculpa para que ele retrate seus heróis enfrentando, em locações exóticas, vilões criados digitalmente. Com isso, o diretor consegue elaborar um filme que diverte a platéia durante cerca de duas horas, mas que é prontamente esquecido no momento em que as luzes se acendem. Do ponto de vista comercial, este é um problema menor, já que o espectador acaba sentindo-se satisfeito com o passatempo descompromissado e tem o impulso de indicá-lo para os amigos - porém, o `cinema-pipoca` não precisaria, necessariamente, se preocupar apenas com o aspecto comercial (X-Men é um bom exemplo de sucesso artístico-financeiro). E é isso que Sommers parece ignorar.

Mas vamos à história: quando o filme começa, um guerreiro conhecido como Escorpião Rei se prepara para guiar seu exército rumo a mais uma vitória. Porém, eventualmente ele é derrotado e, para evitar a morte, vende a alma para o deus Anubis. Milhares de anos depois, o casal Rick (Fraser) e Evelyn (Weisz) O`Connell, protagonista da aventura anterior, embarca em mais uma arriscada missão para impedir que o temível Imhotep (Vosloo), a quem julgava derrotado, domine o mundo. O que os O`Connell não sabem é que a múmia pretende despertar o monstruoso Escorpião Rei a fim de tentar conquistar seu exército - e, assim, são pegos de surpresa quando o vilão seqüestra seu filho, um precoce garoto de oito anos que parece ter a chave para a ressurreição do guerreiro. Agora, Rick e Evelyn, auxiliados pelo covarde Jonathan (Hannah) e pelo honrado Ardeth Bay (Fehr), terão apenas cinco dias para resgatar a criança antes que esta morra em um terrível ritual...

`É sempre a mesma história!`, você poderia dizer - e estaria coberto(a) de razão: filmes como O Retorno da Múmia sempre giram em torno de maldições milenares, sacrifícios humanos e de seres lendários aparentemente indestrutíveis. No entanto, o primeiro a reconhecer os clichês é o próprio herói da história, Rick, já que é ele quem diz a frase acima em vários momentos da narrativa - e esta é a característica que redime, ao menos em parte, esta produção: ao fazer questão de não se levar a sério, o filme acaba conquistando o espectador através de seu humor, que tende à auto-paródia. Sim, paródia: afinal, como você definiria a reação de certo personagem desta continuação, que, ao descobrir quais são os objetivos do vilão, exclama: `Ah, o velho truque de destruir o mundo!`?

Além disso, o roteiro (escrito pelo próprio Sommers) procura não se arriscar muito e, assim, reedita vários momentos que ajudaram a transformar o filme anterior em um incrível sucesso de bilheteria - a cena da tempestade de areia, por exemplo, está de volta com apenas uma modificação: desta vez, os heróis são perseguidos por uma gigantesca onda. Aliás, até o clímax da trama, que envolvia a leitura do Livro dos Mortos, foi `recriado` - e o personagem que lê o encanto, apesar de diferente daquele que desempenhou a tarefa na primeira vez, chega a se confundir com o mesmo símbolo!

A falta de originalidade acaba sendo compensada, porém, pelos valores técnicos da produção: além da grandiosa trilha sonora de Alan Silvestri (que substituiu Jerry Goldsmith), O Retorno da Múmia conta com inúmeras tomadas envolvendo efeitos visuais - que, apesar de fracos em certos momentos (o tal Escorpião Rei parece ter saído de um videogame), são grandiosos em sua escala.

No geral, o filme acaba funcionando bem, já que as seqüências de ação são realmente de tirar o fôlego - mas quando a história chega ao fim, o espectador acaba descobrindo que seus `velhos amigos` continuam a ser Indiana Jones, Luke Skywalker e John McClane, e não Rick O`Connell ou Ardeth Bay. E esta é, no final das contas, a grande diferença entre Stephen Sommers e outros contadores de história: seus personagens são para consumo imediato, e não para uma longa viagem.
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18 de Maio de 2001

Pablo Villaça, 18 de setembro de 1974, é um crítico cinematográfico brasileiro. É editor do site Cinema em Cena, que criou em 1997, o mais antigo site de cinema no Brasil. Trabalha analisando filmes desde 1994 e colaborou em periódicos nacionais como MovieStar, Sci-Fi News, Sci-Fi Cinema, Replicante e SET. Também é professor de Linguagem e Crítica Cinematográficas.

 

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