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Críticas por Pablo Villaça

Datas de Estreia: Nota:
Brasil Exterior Crítico Usuários
11/07/2003 27/06/2003 2 / 5 1 / 5
Distribuidora
Duração do filme
106 minuto(s)

As Panteras Detonando
Charlie`s Angels: Full Throttle

Dirigido por McG. Com: Drew Barrymore, Lucy Liu, Cameron Diaz, Bernie Mac, Crispin Glover, Matt LeBlanc, Luke Wilson, Robert Patrick, Rodrigo Santoro, Justin Theroux, John Cleese e Demi Moore.

Antes de começar a escrever sobre As Panteras – Detonando, fiz o que sempre faço ao redigir análises sobre continuações: li o que havia escrito sobre o filme original. Desta vez, porém, isto me atrapalhou enormemente, já que percebi que teria que repetir praticamente tudo o que já havia dito sobre As Panteras. Um exemplo: logo no primeiro parágrafo da crítica original, comentei que um personagem fazia uma referência satírica ao próprio filme. O mesmo acontece aqui, quando o ator Jason, vivido por Matt LeBlanc, diz sobre seu novo trabalho no cinema: `Já tivemos 13 roteiristas. Deve ficar bom!`. A diferença é que, se antes as brincadeiras poderiam ser classificadas como auto-paródia, desta vez podem ser vistas como `cara-de-pau` por parte dos realizadores, como se estes rissem da própria incompetência.

Idealizado como mera desculpa para exibir a beleza das protagonistas, o roteiro gira em torno de dois anéis que, juntos, revelam o paradeiro de todos os integrantes do Programa de Proteção à Testemunha – uma informação cobiçada por gangues de todo o mundo. A partir daí, as Panteras coordenadas pelo misterioso Charlie se envolvem em uma investigação cujo desenvolvimento (sou obrigado a reconhecer) não entendi – e tenho orgulho de ter conseguido encontrar algum sentido até mesmo para o complexo Cidade dos Sonhos. Por outro lado, é possível que não haja nada para ser compreendido em As Panteras 2 além do fato de que garotas bonitas não são sujeitas à ação das leis da física (algo que pode ser constatado na cena em que as mocinhas praticamente flutuam enquanto espancam uma dúzia de vilões que não conseguem sair do chão).

Na realidade, o objetivo desta continuação parece ser a realização de vários fetiches do público masculino (algo que pode significar o sucesso da produção), já que, ao longo da projeção, as Panteras usam inúmeros disfarces, aparecendo como strippers, lutadoras, surfistas, soldadoras e até mesmo freiras. Além disso, as protagonistas estão constantemente desfilando para as câmeras, como no momento em que começam a dançar sem razão aparente – e, como elas estão claramente expondo seus corpos para admiração e consumo públicos, tenho que lutar contra a sensação de ser obrigado a fazer uma crítica sobre o físico das garotas, já que este é um elemento fundamental para a produção (no entanto, vou refrear este instinto, embora não possa deixar de comentar que a obsessão do diretor McG pelos `atributos posteriores` de Cameron Diaz seja inexplicável – ao menos para mim, já que sou grande admirador da estética brasileira, bem mais `farta` que a americana).

Preocupando-se apenas com o fator `entretenimento` (leia-se: as Panteras usando perucas e figurinos reveladores), o roteiro não tem o menor interesse em desenvolver a trama, e chega a criar personagens não para atender às necessidades da história, mas sim para permitir que personalidades como Bruce Willis, John Cleese e Jaclyn Smith possam aparecer em pequenas pontas. E por que o filme confere tom de surpresa à revelação sobre a identidade da vilã, já que todos sabem, desde o começo, de quem se trata? E já que estou fazendo indagações como esta, aproveito para perguntar se As Panteras 2 é, na realidade, uma paródia ao estilo de Apertem os Cintos... O Piloto Sumiu, já que constantemente a trilha sonora faz referências a filmes como Cabo do Medo (no momento em que vemos o vilão fazendo ginástica na prisão), A Noviça Rebelde (durante a cena no convento) e Flashdance (quando as mocinhas aparecem no cais), entre outros. Porém, se for este o caso, o longa falha vergonhosamente, já que estas citações não possuem a menor graça (apesar de algumas pessoas insistirem em rir somente como forma de demonstrar que perceberam a referência).

Outro estranho recurso utilizado pelo diretor McG é a inserção de efeitos sonoros `engraçadinhos` em determinados momentos da projeção, numa tentativa (pobre) de acentuar a comicidade de certas situações – algo mais apropriado para uma sitcom do que para uma produção repleta de seqüências de ação. Além disso, a insistência do cineasta em recriar o estilo consagrado por Matrix em suas coreografias de luta é enfadonha e exagerada (ele chega a utilizar os fios-de-aço com uma freqüência maior do que a dos próprios irmãos Wachowski). Infelizmente, McG não parece ter consciência de que há um limite para o absurdo – limite que é totalmente ultrapassado na cena em que a personagem de Demi Moore se atira do alto de um prédio e consegue voar simplesmente porque está usando uma espécie de capa.

Trazendo Rodrigo Santoro em uma pequena participação (que, lamentavelmente, não explora seu talento, mas apenas seus atributos físicos), As Panteras – Detonando até distrai, mas não possui nada que o diferencie do original (e, assim, sua existência é injustificável – isto é: excetuando-se o interesse financeiro dos produtores). Em suas entrevistas para promoverem o longa, as três protagonistas afirmaram várias vezes que se divertiram bastante durante as filmagens – e isso pode ser confirmado durante os créditos finais, que mostram cenas de bastidores nas quais vemos as atrizes rindo, rindo e rindo. É uma pena que elas não tenham se preocupado também em divertir os espectadores.
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12 de Julho de 2003

Pablo Villaça, 18 de setembro de 1974, é um crítico cinematográfico brasileiro. É editor do site Cinema em Cena, que criou em 1997, o mais antigo site de cinema no Brasil. Trabalha analisando filmes desde 1994 e colaborou em periódicos nacionais como MovieStar, Sci-Fi News, Sci-Fi Cinema, Replicante e SET. Também é professor de Linguagem e Crítica Cinematográficas.

 

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