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Críticas por Pablo Villaça

Datas de Estreia: Nota:
Brasil Exterior Crítico Usuários
19/07/2002 03/07/2002 2 / 5 3 / 5
Distribuidora
Duração do filme
88 minuto(s)

Homens de Preto 2
Men in Black 2

Dirigido por Barry Sonnenfeld. Com: Tommy Lee Jones, Will Smith, Lara Flynn Boyle, Rosario Dawson, Patrick Warburton, David Cross, Johnny Knoxville, Tony Shalhoub e Rip Torn.

Quando o primeiro Homens de Preto chegou ao fim, lembro-me claramente de ter pensado que ele poderia ser mais longo, já que era ágil, divertido e não parecia ter 98 minutos de duração. Infelizmente, minha reação ao final desta continuação foi exatamente oposta: apesar de ter 88 minutos, Homens de Preto 2 parece durar mais do que o original, já que suas piadas são óbvias, seu roteiro é pouco inspirado e a direção de Barry Sonnenfeld é auto-indulgente e equivocada.

Escrita por Robert Gordon e Barry Fanaro, a história é praticamente uma repetição do original: antes, os agentes Jay e Kay tiveram que recuperar o `colar de Órion`, que se encontrava escondido na Terra, a fim de evitar que uma espécie alienígena destruísse nosso planeta. Desta vez, os dois heróis devem encontrar a `Luz de Zartha`, também escondida na Terra, para evitar que... outra espécie alienígena destrua o planeta. Como se não bastasse a falta de originalidade da trama, os dois roteiristas reaproveitam até mesmo as melhores piadas e os personagens mais marcantes do primeiro filme: o contrabandista Jeebs novamente tem várias cabeças arrancadas a tiros; os alienígenas vermiformes continuam a levar uma vida tranqüila; e o cachorro Frank ganha mais destaque ao se tornar parceiro de Jay.

Frank, aliás, é o melhor elemento de Homens de Preto 2: em todas as cenas em que aparece, o simpático cachorrinho arranca risadas do espectador com seu jeito falastrão e seu hábito de cantar (embora funcione como um plágio descarado do burrinho dublado por Eddie Murphy em Shrek). Assim, quando ele cede lugar a Tommy Lee Jones, o filme perde o ritmo e a graça – o que não deixa de ser espantoso, se considerarmos o talento deste veterano ator (mas a culpa não é sua: é o roteiro que não lhe abre espaço para brilhar como antes). E se o original conseguia divertir ao revelar a verdadeira natureza de personalidades como Sylvester Stallone, George Lucas e Elvis Presley, a piada agora torna-se artificial e nada engraçada, chegando a embaraçar ao mostrar um Michael Jackson pouco à vontade interpretando a si mesmo.

Outro equívoco curioso reside na dinâmica entre os personagens de Will Smith e Tommy Lee Jones: quando esta continuação tem início, Jay é retratado como um agente competente e respeitado pelos demais funcionários da agência MIB. No entanto, assim que Kay recupera a memória e torna-se novamente parceiro do rapaz, este transforma-se em um amador atrapalhado e pouco experiente (o objetivo dos roteiristas é, obviamente, resgatar a comicidade do primeiro Homens de Preto, onde Smith interpretou um jovem policial que fica chocado com as revelações feitas por seu eficiente instrutor). Enquanto isso, Rosario Dawson (que vive o interesse amoroso de Jay) falha ao não mostrar a menor surpresa com o novo mundo que lhe é apresentado, como se soubesse tudo sobre a existência dos aliens que surgem em seu caminho.

Já o cineasta Barry Sonnenfeld, que executou um trabalho brilhante em seus primeiros filmes (como O Nome do Jogo e A Família Addams 1 e 2), prova ainda não ter se recuperado do fracassado As Loucas Aventuras de James West: sem jamais conseguir encontrar um ritmo adequado para Homens de Preto 2, ele investe um tempo precioso em pausas `engraçadinhas` que jamais funcionam (em vários momentos do filme, algum personagem diz algo que é recebido com silêncio pelos demais atores, como se esta pausa fosse o desfecho da piada). Quando bem realizadas, estas pausas certamente são capazes de arrancar risadas do espectador (a dupla Gene Wilder-Mel Brooks especializou-se nisso, por exemplo) – no entanto, quando falham, deixam o filme ainda mais lento e artificial, o que é o caso desta continuação.

Seja como for, Homens de Preto 2 tem um ponto forte que merece ser citado: sua tomada final é absolutamente genial, conseguindo a proeza de superar até mesmo aquela que encerrava o primeiro filme. É uma pena, portanto, que o restante da história não tenha a mesma inventividade de seu desfecho.

Se tivesse, esta continuação poderia ter se tornado um pequeno clássico.
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12 de Julho de 2002

Pablo Villaça, 18 de setembro de 1974, é um crítico cinematográfico brasileiro. É editor do site Cinema em Cena, que criou em 1997, o mais antigo site de cinema no Brasil. Trabalha analisando filmes desde 1994 e colaborou em periódicos nacionais como MovieStar, Sci-Fi News, Sci-Fi Cinema, Replicante e SET. Também é professor de Linguagem e Crítica Cinematográficas.

 

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