Datas de Estreia: | Nota: | ||
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Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
12/10/2001 | 01/01/1970 | 2 / 5 | 1 / 5 |
Distribuidora | |||
Duração do filme | |||
102 minuto(s) |
Dirigido por Joe Roth. Com: Julia Roberts, John Cusack, Catherine Zeta-Jones, Billy Crystal, Hank Azaria, Christopher Walken, Stanley Tucci, Alan Arkin e Seth Green.
Ao longo dos anos, vários filmes se dedicaram a lançar um olhar crítico sobre Hollywood, como Cantando na Chuva, O Nome do Jogo, Os Picaretas, O Jogador e O Império do Besteirol Contra-Ataca, para citar apenas alguns exemplos. Justamente por criar uma fácil cumplicidade com o público ao apontar suas armas contra a própria indústria que o gerou, este tipo de produção geralmente garante boas risadas, muitas lágrimas ou grandes sustos – dependendo de seu objetivo. Infelizmente, Os Queridinhos da América não consegue despertar nenhuma destas reações, dando a impressão de ser um filme sem gênero, que apenas conta uma história sem tentar enriquecê-la com recursos cômicos, dramáticos ou policiais. Quando a projeção chega ao fim, a pergunta que nos surge à mente é: `Tá, e daí?`.
Escrito por Billy Crystal e Peter Tolan, o roteiro gira em torno de um casal de astros de Hollywood, Gwen Harrison (Zeta-Jones) e Eddie Thomas (Cusack), que protagonizou nove filmes de sucesso. No entanto, depois que a mimada Gwen abandona o marido para viver com um ator espanhol (Azaria), o estúdio responsável pelo último projeto da dupla prevê que está prestes a lançar um fracasso (principalmente em função do escândalo e do fato do diretor do filme não se mostrar propenso a finalizar sua montagem). Para solucionar o problema, o relações-públicas Lee Phillips (Crystal) decide organizar um junket (recurso bastante utilizado pelos estúdios americanos para divulgar seus filmes e que consiste em uma espécie de `excursão` – que pode durar dias – na qual jornalistas convidados viajam até um local pré-determinado e têm acesso aos filme em questão e aos seus astros – e também a fartas refeições e a caros brindes oferecidos pelos produtores).
O ponto forte de Os Queridinhos da América reside, justamente, em sua ácida visão sobre este suborno disfarçado ao qual vários pseudo-críticos sucumbem de boa vontade – há indícios, inclusive, de que alguns estúdios já tenham o hábito de preparar, de antemão, os artigos que serão assinados por alguns destes jornalistas. Apesar de interessante, esta `denúncia` feita pelo filme não é o bastante para sustentar a história e, assim, o roteiro procura provocar o riso da platéia através de situações que pouco têm a ver com o tom de sua narrativa (dois bons exemplos são as cenas em que um cachorro `ataca` o RP e aquela em que John Cusack é surpreendido por dois seguranças). Porém, quando não apela para este tipo de humor físico, Os Queridinhos da América parece perder sua energia, tornando-se lento e sem graça. Com isso, o filme enfrenta um impasse: quando tenta forçar o riso, soa de maneira falsa; quando não tenta, não provoca riso algum.
Enquanto isso, o componente romântico da trama também não é dos mais envolventes – principalmente porque o público já sabe exatamente como tudo irá acabar. Para não ser injusto, no entanto, devo reconhecer que o filme é original em pelo menos uma de suas cenas, quando dois personagens que acabaram de acordar cobrem a boca para evitar que o parceiro sinta seu hálito (sempre me perguntei como os casais do Cinema agüentavam se beijar sem, antes, escovar os dentes). Além disso, o personagem de Crystal possui alguns ótimos monólogos sobre os bastidores de Hollywood, que nos permitem vislumbrar um pouco da sujeira ali presente (embora também não sejam engraçados).
Aliás, o personagem de Billy Crystal representa uma das maiores decepções do filme: inicialmente cínico (e, conseqüentemente, atraente para o público), ele começa a desenvolver uma `consciência` ao longo da trama – algo totalmente desnecessário que o faz perder todo o seu encanto. Por outro lado, o trio Julia Roberts-John Cusack-Catherine Zeta-Jones oferece boas atuações, compondo seus personagens de maneira correta e interessante (mas não divertida). Já o elenco secundário também tem seus bons momentos, especialmente Stanley Tucci (como um frio executivo) e Christopher Walken (como um cineasta desajustado). Por outro lado, Alan Arkin tem pouco tempo para mostrar seu talento em um papel claramente elaborado como crítica à Cientologia; enquanto Hank Azaria é um grande embaraço com seu sotaque ridículo (que funcionou melhor na refilmagem de A Gaiola das Loucas) e seus trejeitos de galã (algo que claramente não é).
Para piorar, Os Queridinhos da América desperdiça uma ótima idéia ao não explorar melhor o misterioso filme rodado pelo diretor vivido por Walken, o que é uma outra grande frustração para a platéia. Como se não bastasse, até mesmo a legendagem brasileira tropeça ao traduzir o título Cool Hand Luke (protagonizado por Paul Newman em 1967) como À Mão Armada, e não Rebeldia Indomável, o que seria o correto.
Caso queira rir de Hollywood, a melhor opção ainda é rever Cantando na Chuva ou O Nome do Jogo. Caso pretenda se render ao suspense, alugue O Jogador. Porém, se o seu propósito é não sentir nada por duas horas, o melhor é mesmo conferir Os Queridinhos da América.
13 de Outubro de 2001