Datas de Estreia: | Nota: | ||
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Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
27/04/2017 | 05/05/2017 | 4 / 5 | 3 / 5 |
Distribuidora | |||
Disney | |||
Duração do filme | |||
136 minuto(s) |
Dirigido e roteirizado por James Gunn. Com: Chris Pratt, Zoe Saldana, Dave Bautista, Michael Rooker, Karen Gillan, Pom Klementieff, Elizabeth Debicki, Chris Sullivan, Sean Gunn, Tommy Flanagan, Laura Haddock, Rob Zombie, Michael Rosenbaum, Miley Cyrus, Michelle Yeoh, Ving Rhames, Stan Lee, Sylvester Stallone e Kurt Russell.
Quando o primeiro volume de Guardiões da Galáxia foi lançado, há três anos, o universo estendido da Marvel já havia comprovado seu potencial nas bilheterias ao ser liderado por alguns de seus personagens mais célebres – e, assim, a equipe de anti-heróis encabeçada por Star-Lord soava quase como mera tentativa de criar um complemento descompromissado e irreverente das aventuras protagonizadas pelo Homem de Ferro, pelo Capitão América e por seus companheiros dos Vingadores. O que a Marvel provavelmente não esperava é que o diretor James Gunn e o ator Chris Pratt repetiriam a proeza alcançada por Gore Verbinski e por Johnny Depp em Piratas do Caribe, criando um personagem (e um mundo) cujo humor atrairia um público pouco familiarizado com os quadrinhos.
Porém, se o original representava algum risco, este Volume 2 exibe a confiança de uma superprodução que sabe ter apenas que repetir os elementos de sucesso de seu antecessor para garantir a adoração de seus espectadores – e se erra pontualmente, é justamente por exagerar na dose destes componentes, inchando sua narrativa ao investir numa trama excessivamente complicada até chegar a mais de duas horas e quinze minutos de projeção, incluindo nada menos do que cinco cenas adicionais durante os créditos finais. Com isso, a sensação que experimentamos é similar a de uma criança que, ao ganhar vários ovos de Páscoa, reage com alegria até que, ao devorar o terceiro, percebe estar começando a enjoar.
Criando um universo fascinante graças ao excepcional design de produção de Scott Chambliss, esta continuação se apresenta, talvez, como a produção esteticamente mais atraente da Marvel, surpreendendo a plateia com uma infinidade de espécies alienígenas que encantam pela variedade de seus biótipos e cores, desde os Sacerdotes completamente dourados até as prostitutas-robôs que trabalham em uma cidade cujo único propósito parece ser o de servir como “inferninho” para mercenários de toda a galáxia (o Oscar de Maquiagem, aliás, dificilmente deixará de ir para as mãos do veterano John Blake em 2018). Da mesma maneira, é notável como Chambliss chega a conceber um planeta inteiro para o personagem Ego (Russell), acertando especialmente ao imaginar o palácio deste como uma estrutura grandiosa cujos tetos exibem vitrais que ressaltam a natureza “divina” do sujeito.
Já o desenho de som de David Accord e Addison Teague traz ao longa uma textura rica ao refletir de forma bem-humorada a nostalgia inerente a uma narrativa cujo protagonista se mostra tão fascinado pela cultura pop da década de 80 – e reparem, por exemplo, como os drones pilotados pelos súditos da sacerdotisa Ayesha (Debicki) emitem ruídos idênticos aos dos arcades oitentistas (e é divertido, também, como a nave pilotada por Star-Lord e por Rocket (Cooper) ronca mais como uma moto terráquea do que como algo que esperaríamos de uma tecnologia alienígena).
Adotando uma atmosfera leve que frequentemente a faz soar quase como uma produção voltada para o público infantil (em certo momento, Rocket, Yondu, Groot e Kragln chegam a surgir deformados como se estivessem numa animação de Tex Avery), Guardiões da Galáxia 2 abraça um humor cartunesco em diversos pontos da projeção sem qualquer reserva, como ao mostrar vários mercenários sendo arremessados sobre as árvores de uma floresta ou ao fazer uma brincadeira com uma vilã que se recusa a caminhar sem ter um tapete estendido à sua frente. Aliás, há instantes nos quais a insistência do filme em recusar a mais tênue tendência de seriedade o prejudica, enfraquecendo passagens que poderiam conferir complexidade emocional à narrativa – algo que ocorre, por exemplo, quando Nebulosa (Gillan) faz um discurso raivoso que é seguido por uma série de piadinhas sem graça feitas por Kraglin (Sean Gunn, irmão do diretor). Da mesma forma, jamais chegamos a temer pelo destino dos heróis, já que estes tratam as maiores ameaças com um descaso que deixa claro que nada de ruim acontecerá a qualquer um deles, eliminando uma tensão que talvez beneficiasse o projeto.
Assim, chega a ser surpreendente como, embora temendo o drama como se este fosse venenoso, o longa é hábil ao envolver o espectador nas relações entre seus personagens – o que ocorre, em grande parte, graças ao carisma de Chris Pratt, Zoe Saldana, Dave Bautista e Michael Rooker. Este último, em especial, converte Yondu num dos elementos mais fortes da narrativa, que adota como tema principal o conceito de “família” tão caro aos guardiões (não deixando de ser curioso como este também é o mote de outra franquia que traz Vin Diesel em seu centro, Velozes & Furiosos).
Alcançando um clímax emocional que surge inesperado e bem mais intenso do que poderíamos supor, este Volume 2 provoca um efeito pouco comum nas produções Marvel: não o riso, que o estúdio já é experiente em despertar, mas sim uma vontade repentina de abraçar e consolar seus heróis.
Observação: como já dito, há cinco cenas adicionais durante os créditos finais.
27 de Abril de 2017
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