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Críticas por Pablo Villaça

Datas de Estreia: Nota:
Brasil Exterior Crítico Usuários
11/01/2013 01/01/1970 4 / 5 3 / 5
Distribuidora
Paramount
Duração do filme
130 minuto(s)

Jack Reacher - O Último Tiro
Jack Reacher

Dirigido por Christopher McQuarrie. Com: Tom Cruise, Rosamund Pike, Richard Jenkins, David Oyelowo, Joseph Sikora, Alexia Fast, Jai Courtney, Robert Duvall e Werner Herzog.

Provavelmente já comentei isto antes ao escrever sobre os trabalhos estrelados por Tom Cruise, mas o astro da série Missão: Impossível parece ser fisicamente incapaz de oferecer uma performance no piloto automático. Assistir a um filme de Cruise é testemunhar um indivíduo que corre como se dependesse disso para salvar a própria vida, que olha para os adversários com intensidade absoluta e que trinca os dentes até mesmo para passar a marcha do carro. De certa maneira, há um componente de overacting em sua composição, claro, mas o ator encarna estes momentos com tamanha entrega que o exagero se torna curiosamente orgânico. Assim, mesmo que o filme desmorone ao seu redor, Tom Cruise surge como alguém disposto a morrer sob as ruínas se isto se fizer necessário para conferir autenticidade ao projeto. É comovente, ao seu próprio modo.


Não que Jack Reacher – O Último Tiro seja uma decepção como Rock of Ages, Operação Valquíria ou Encontro Explosivo. Escrito e dirigido por Christopher McQuarrie (Os Suspeitos) a partir do livro de Lee Child, o longa tem início de maneira interessante ao enfocar a ação de um atirador que, depois de matar cinco pessoas aparentemente de forma aleatória, é rapidamente preso – quando, então, descobrimos que o homem inocente foi apreendido pela polícia. Sem dizer muita coisa, ele apenas escreve “Chamem Jack Reacher” em um papel antes de entrar em coma em função de uma surra na cadeia – e é então que conhecemos o personagem-título, um ex-militar misterioso com talento único para a investigação criminal. Convencido por Helen Rodin (Pike), advogada do rapaz, a encontrar evidências que talvez o livrem da pena de morte, Reacher acaba se deparando com uma conspiração planejada pelo sinistro Zec (Werner Fucking Herzog) e...

... a história começa a se revelar um amontoado de clichês e coincidências implausíveis que poderia soar perfeitamente como uma produção feita para a televisão caso tivéssemos Dolph Lundgren ou Mark Dacascos no lugar de Tom Cruise, com direito a trilha genérica acompanhando a ação, planos aéreos que ficariam à vontade numa coletânea de imagens de arquivos e diálogos expositivos dolorosos de escutar (“Seu investigador é um veterano desaparecido há dois anos!”). E, no entanto, estes problemas óbvios, embora prejudiquem o projeto, não conseguem levá-lo ao fracasso justamente porque o protagonista se revela um sujeito fascinante: capaz de derrubar os oponentes com pouquíssimos golpes (e é justamente a economia dos gestos de Reacher que revela sua natureza letal, algo que Cruise compreende bem), o herói é um homem inteligente que avaliar a situação ao seu redor sempre com rapidez, lendo não só as intenções de amigos e inimigos como também agindo imediatamente em resposta a estas.

Ocasionalmente confuso no tom que pretende conferir à narrativa, o diretor Christopher McQuarrie demonstra ter ficado enferrujado depois de ter se mantido afastado da função desde sua boa estreia com A Sangue Frio – e, assim, uma sequência triste como a morte de determinado(a) personagem é obrigada a dividir espaço com outra na qual o herói é atacado por uma versão dos Três Patetas. Ainda assim, o cineasta é hábil ao trazer certa energia para instantes normalmente batidos, como a longa perseguição de carro e o confronto final da trama. Como se não bastasse, qualquer filme que traga Robert Duvall como um veterano durão e Werner Fucking Herzog como vilão já merece créditos (e ambos obviamente se divertem a valer com suas composições que oscilam entre a caricatura e a sobriedade).

Jack Reacher – O Último Tiro é, desta forma, um projeto problemático que contorna suas falhas graças à energia única de seu protagonista, à natureza inteligente do herói e às atuações secundárias. Não é inesquecível, mas é bom o bastante para despertar interesse por novas possíveis aventuras do sujeito.

09 de Janeiro de 2013

Pablo Villaça, 18 de setembro de 1974, é um crítico cinematográfico brasileiro. É editor do site Cinema em Cena, que criou em 1997, o mais antigo site de cinema no Brasil. Trabalha analisando filmes desde 1994 e colaborou em periódicos nacionais como MovieStar, Sci-Fi News, Sci-Fi Cinema, Replicante e SET. Também é professor de Linguagem e Crítica Cinematográficas.

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