Datas de Estreia: | Nota: | ||
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Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
07/12/1996 | 06/12/1996 | 4 / 5 | 4 / 5 |
Distribuidora | |||
Duração do filme | |||
114 minuto(s) |
Dirigido por Rob Cohen. Com: Sylvester Stallone, Amy Brenneman, Viggo Mortensen, Dan Hedaya, Claire Bloom, Sage Stallone e Barry Newman.
Daylight é um filme tenso como poucos. É envolvente, prende a atenção e faz com que o espectador realmente se preocupe com o destino de cada um dos personagens. O argumento inicial é meio forçado (um roubo de carro culminando com uma explosão capaz de selar um túnel subaquático em suas duas extremidades), mas é só o que se pode dizer contra este filme.
Stallone é Kit Latura, um ex-paramédico da equipe de Emergências enviado para resgatar um grupo de pessoas presas no interior do túnel. Latura é um tipo de herói raramente retratado por Hollywood: um homem comum. Em certas ocasiões ele simplesmente não sabe o que fazer, ou não tem certeza de ter tomado a decisão mais acertada. Ele sofre com a perspectiva de morrer e é, em certo ponto, obrigado a tomar uma decisão relativamente comum nos filmes de ação: `deixar um dos sobreviventes, incapaz de se locomover, para trás ou arranjar uma solução a fim de levá-lo consigo?` A decisão tomada é que é rara, senão única: Stallone deixa o pobre homem ferido para trás - desumano, mas extremamente convincente.
O grupo de sobreviventes a ser salvo pelo herói é, também, bastante interessante. Várias etnias e classes sociais estão ali representadas: presidiários, classe média, artistas, latinos, e até mesmo um velho cãozinho. Aqui, mais uma vez, o roteirista escapa de um clichê fácil: fazer com que um dos sobreviventes seja um verdadeiro estorvo para o herói, criticando e duvidando da capacidade deste em salvá-los. No início até parece que isso vai acontecer, mas então o tal personagem (um pai de família chamado Steve) dá uma reviravolta e chega, inclusive, a salvar a vida do herói, se tornando, por assim dizer, o próprio mocinho da história. Há quem diga que o grupo de sobreviventes nada mais é do que uma coleção de estereótipos - não discordo da afirmação. Porém, este é um filme de ação, e não um drama sobre relações raciais.
A cena da explosão inicial é fabulosa, para não dizer magnífica. Chega a ser melhor do que a já clássica cena do ataque dos aliens em Independence Day. Stallone realmente convence como um homem forte e susceptível ao mesmo tempo, e o espectador pode captar a angústia pela qual ele passa ao constatar que não terá outra saída a não ser abandonar o sobrevivente que está muito ferido para continuar.
É claro que nem tudo é perfeito neste filme: há, é óbvio, uma mocinha convenientemente solteira e bonita para paquerar o herói; as soluções encontradas por Stallone são, na maioria das vezes, dignas de John McLane (o herói de Duro de Matar); nenhum animal ou criança é morto (pelo menos não aparentemente); e há, é claro, um vilão sem escrúpulos capaz de matar todos os sobreviventes simplesmente para evitar um tráfego intenso. (Porque ninguém o denuncia para a mídia ao invés de deixá-lo agir tranqüilamente, isso eu não sei explicar). Um outro possível vilão, cabe acrescentar, é morto logo no começo do filme, para grande alívio da platéia.
Os efeitos especiais são uma atração à parte, assim como as explosões. Afinal, Rob Cohen já era um competente diretor de segunda unidade antes de estrear definitivamente como diretor (seus créditos incluem Aprendiz de Feiticeiro, com Michael J. Fox e James Woods). Isso se reflete nas qualidade das cenas de ação.
Daylight é, enfim, um ótimo entretenimento: descompromissado com a lógica, mas preocupado em não ofender a inteligência do espectador.
28 de Dezembro de 1996