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Críticas por Pablo Villaça

Datas de Estreia: Nota:
Brasil Exterior Crítico Usuários
01/07/2002 16/05/2002 4 / 5 2 / 5
Distribuidora
Duração do filme
142 minuto(s)

Star Wars: Episódio II - Ataque dos Clones
Star Wars: Episode II - Attack of the Clones

Dirigido por George Lucas. Com: Ewan McGregor, Hayden Christensen, Natalie Portman, Ian McDiarmid, Samuel L. Jackson, Temuera Morrison, Jimmy Smits, Pernilla August, Frank Oz e Christopher Lee.

Star Wars: Episódio 2 – Ataque dos Clones é uma experiência cinematográfica fabulosa: ao longo da projeção, o espectador é mergulhado em um universo rico em formas, cores e sons, esquecendo-se completamente de que nada daquilo é real, mas apenas uma série de `uns` e `zeros` codificados por computadores. O resultado é que, durante o filme, nós aplaudimos mentalmente (e, em certos momentos, também com as mãos) a proeza tecnológica realizada pela equipe de George Lucas. É verdade que, quando as luzes do cinema se acendem e começamos a pensar sobre o que vimos, percebemos que o roteiro não é dos melhores e que a famosa história de amor entre Anakin e Padme é terrivelmente conduzida – no entanto, Ataque dos Clones não é um filme para ser `pensado`, mas sim `sentido`.

Situada dez anos após os acontecimentos de A Ameaça Fantasma, a trama do Episódio 2 gira em torno de um movimento separatista liderado por um certo Conde Dooku, que também vem tentando assassinar a agora Senadora Padme Amidala. Para protegê-la, o Conselho Jedi convoca os serviços de Obi-Wan Kenobi e de seu aprendiz padawan, o jovem Anakin Skywalker. Enquanto Obi-Wan se dedica a investigar o que realmente está acontecendo, Anakin e Padme viajam para Naboo, onde o futuro Darth Vader procura conquistar a senadora.

Antes de mais nada, é preciso elogiar a direção de arte do filme, que é absolutamente estupenda: da movimentada Coruscant à paradisíaca Naboo, todas as cidades (ou planetas) vistas ao longo de Ataque dos Clones são deslumbrantes. Aliás, o mesmo ocorria em A Ameaça Fantasma, e é inacreditável que ele não tenha sido indicado ao Oscar nesta categoria. Além disso, as criaturas extraterrestres que povoam este universo são interessantíssimas (minha espécie favorita é aquela que aparece na chuvosa Kamino) e se movimentam com incrível realismo.

Enquanto isso, o compositor John William mais uma vez desempenha um excelente trabalho, conferindo um clima épico ao filme e, ao mesmo tempo, recheando algumas cenas com variações sutis das trilhas dos episódios anteriores (em certo momento, quando Anakin extravasa sua raiva, podemos ouvir acordes da Marcha Imperial).

Mas o que realmente faz de Ataque dos Clones um dos melhores filmes da série (no mínimo, melhor do que O Retorno de Jedi e A Ameaça Fantasma) são as seqüências de ação. Dirigidas por Lucas com uma energia impressionante, elas exploram ao máximo os cenários virtuais e as possibilidades oferecidas pela tecnologia digital, prendendo o espectador à poltrona – e é uma pena que, entre estas seqüências, o roteiro gaste um tempo precioso desenvolvendo uma subtrama política mais complexa do que o necessário e uma história de amor absolutamente inverossímil (embora necessária para a lógica da saga). Particularmente, destaco três seqüências: a perseguição inicial, que acontece em Coruscant; a batalha na arena do planeta Geonosis; e, obviamente, o fantástico duelo final entre Dooku e um certo personagem que prefiro manter no anonimato.

(Com relação às cenas de ação, devo acrescentar ainda que George Lucas mais uma vez prova sua visão comercial ao criar verdadeiros videogames, incluindo obstáculos e adversários que certamente farão os fãs correrem desesperados até as lojas de software.)

Assumindo o papel mais importante da série, Hayden Christensen faz um bom trabalho ao exibir os primeiros sinais de que Anakin deixou de ser aquele garotinho bonitinho (mas aborrecido) do Episódio 1 e se transformou em um jovem angustiado e com forte personalidade. Infelizmente, o ator já não funciona tão bem nas cenas em que seu personagem tenta conquistar Padme: chorão e imaturo, Anakin jamais oferece à senadora bons motivos para que ela se deixe seduzir – e quando ela finalmente se entrega, é o espectador quem não acredita no que está acontecendo, como se o romance fosse uma simples exigência da história, e não algo que ocorreu naturalmente (também fiquei um pouco irritado com a insistência de Christensen em terminar todas as suas frases, durante as conversas com Obi-Wan, com a palavra `Mestre`).

Em contrapartida, Ewan McGregor está perfeito como Obi-Wan Kenobi: bem mais seguro do que em A Ameaça Fantasma, o ator demonstra estar mais confortável no papel, transformando o Mestre Jedi no melhor personagem do Episódio 2 (suas cenas representam os melhores momentos do filme). Aliás, outro que merece destaque é Christopher Lee, que encarna o Conde Dooku com um calculismo assustador – e seu confronto final com outro Jedi certamente será lembrado pelos fãs como um dos pontos altos de toda a série.

Sem dúvida, Ataque dos Clones é a prova definitiva de que George Lucas ouviu as reclamações dos starwarsmaníacos e está disposto a recolocar sua saga no caminho certo. Mesmo assim, não posso deixar de perguntar: se o objetivo desta nova trilogia é mostrar como Anakin se entregou ao lado negro da Força, por que o filme simplesmente cita casualmente o fato de que o jovem Jedi vem sendo orientado pelo Senador Palpatine, mas não explica melhor como isso aconteceu? Afinal, este certamente é um detalhe fundamental para a trama...

Apesar de não ser uma obra-de-arte, este Episódio 2 certamente representa uma ótima experiência (especialmente para os fãs) e me deixou ainda mais ansioso para conferir o capítulo final da saga, que será lançado em 2005. E se Obi-Wan e Yoda continuarem a brilhar desta forma, duvido que o Império dos Pessimistas consiga derrubar o trabalho do Mestre Lucas.

Observação: Na versão brasileira, o Conde Dooku foi transformado em `Dookan`, enquanto o mestre Jedi Sypho Dias foi rebatizado como Saifo Vaias – por motivos óbvios. No entanto, se considerarmos a estranha sonoridade de nomes como Senadora Amidala e Capitão Panaka (visto em A Ameaça Fantasma), fica difícil acreditar que estes cacófatos sejam frutos de coincidências infelizes. Será que há um brasileiro com senso de humor infame auxiliando George Lucas? Seria curioso...

2 de Julho de 2002

Pablo Villaça, 18 de setembro de 1974, é um crítico cinematográfico brasileiro. É editor do site Cinema em Cena, que criou em 1997, o mais antigo site de cinema no Brasil. Trabalha analisando filmes desde 1994 e colaborou em periódicos nacionais como MovieStar, Sci-Fi News, Sci-Fi Cinema, Replicante e SET. Também é professor de Linguagem e Crítica Cinematográficas.

 

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