Datas de Estreia: | Nota: | ||
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Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
10/08/2001 | 11/07/2001 | 4 / 5 | 3 / 5 |
Distribuidora | |||
Duração do filme | |||
106 minuto(s) |
Dirigido por Hironobu Sakaguchi e Motonori Sakakibara. Com as vozes de Ming-Na; Alec Baldwin; Donald Sutherland; Steve Buscemi; Ving Rhames; Peri Gilpin; Matt McKenzie e James Woods.
Diz a lenda que quando O Cantor de Jazz, primeiro filme falado da história, foi lançado, as pessoas olhavam estupefatas para a tela, sem acreditar no que seus ouvidos lhe diziam. Assim, é bastante provável que muitos espectadores não tenham sequer prestado atenção ao que era dito, já que estavam surpresos o bastante ao constatarem que algo estava sendo dito.
Pois foi exatamente assim que me senti ao assistir a Final Fantasy: o maravilhoso visual e a impressionante animação em 3D me causaram tamanho espanto, que simplesmente fui obrigado a ignorar as inúmeras falhas do roteiro. É como se eu estivesse ali para vê-lo, e não assisti-lo.
Produzido pela Square Pictures, Final Fantasy assumiu a difícil missão de ser o primeiro longa-metragem da história a ser protagonizado por personagens digitais com feições completamente humanas. Obviamente, esta é uma tarefa complicada: Jar Jar Binks, Buzz Lightyear e Shrek são personagens convincentes, é verdade, mas não são humanos. E mesmo a princesa Fiona ou o colecionador de Toy Story 2 não procuravam ser mais do que `humanóides` verossímeis – e em nenhum momento seriam capazes de esconder sua origem digital.
Pois há vários momentos em Final Fantasy em que quase nos esquecemos de que aqueles `atores` foram criados por uma equipe de animadores, tamanha sua perfeição. Não que sejam absolutamente convincentes – ainda há um longo caminho a se percorrer até que o cinema consiga criar um humano digital completamente verossímil. Mas uma coisa é certa: Final Fantasy representa um grande avanço neste sentido.
Infelizmente, as virtudes na direção de Motonori Sakakibara e Hironobu Sakaguchi não se aplicam igualmente ao argumento criado por este último, que reaproveita descaradamente elementos de Aliens, o Resgate, Tropas Estelares e Jornada nas Estrelas ao contar uma história sobre a luta dos terráqueos contra uma perigosa espécie alienígena que chegou ao nosso planeta em um imenso meteoro. Apelidadas de Fantasmas graças à sua composição etérea, estas criaturas são capazes de matar através de um simples toque, com o qual `arrancam` a alma (ou essência) de seus inimigos. Para derrotar os aliens, a bela doutora Aki Ross precisa encontrar `oito espíritos` espalhados pelo planeta. Além disso, ela precisa evitar que os militares utilizem um poderoso laser contra os Fantasmas, já que a tal arma poderia destruir Gaia – o espírito da Terra.
O problema é que o roteiro jamais se preocupa em explicar claramente alguns pormenores importantes da trama: o que são os tais oito espíritos? Como o dr. Sid deduziu sua existência? Como ele é capaz de rastreá-los? Como as armas do humano são capazes de atingir os Fantasmas? Além disso, o desfecho da história desperta várias outras indagações que o roteiro não se preocupa em abordar, o que torna a experiência um pouco frustrante.
Porém, assim como os diálogos de O Cantor de Jazz, a trama de Final Fantasy não importa de fato. O grande mérito do filme reside mesmo em sua imaginativa direção de arte (obra de Mauro Borelli) e em sua competente animação (embora os movimentos dos lábios dos personagens e suas expressões faciais ainda exijam bastante aperfeiçoamento).
Final Fantasy não é o melhor filme do ano - isso é certo. Mas é indubitavelmente aquele que entrará para os livros da história da 7ª Arte.
11 de Agosto de 2001