Datas de Estreia: | Nota: | ||
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Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
11/07/2003 | 13/06/2003 | 1 / 5 | / 5 |
Distribuidora | |||
Duração do filme | |||
85 minuto(s) |
Dirigido por Troy Miller. Com: Eric Christian Olsen, Derek Richardson, Rachel Nichols, Cheri Oteri, Luis Guzmán, Mimi Rogers, Eugene Levy e Brian Posehn.
Nem em um festival de vídeos amadores realizados por crianças com menos de 5 anos de idade você encontrará um filme tão horroroso quanto Debi e Lóide 2. Durante a projeção deste atentado patrocinado por Hollywood, eu olhava para a tela estupefato, sem acreditar que algo tão ruim pudesse ter sido produzido por pessoas que se dizem `profissionais do Cinema`. Caso a vinheta da New Line não tivesse sido exibida antes do início do `filme`, eu seria levado a concluir que este havia sido rodado por um grupo de indivíduos bêbados como uma piada (de mau gosto) particular.
Escrito (ou melhor: `cometido`) por Robert Brener – que, se Deus for justo, jamais conseguirá outro trabalho como roteirista -, Debi e Lóide 2 – Quando Debi Conheceu Lóide procura explicar como os dois personagens popularizados no filme original se conheceram. Alunos do mesmo colégio, eles são utilizados pelo diretor da instituição em um plano para fraudar um programa que oferece 100 mil dólares para escolas que possuam turmas compostas por jovens `especiais` (leia-se: deficientes mentais). Porém, este fiapo de trama é apenas uma desculpa para que Brener possa copiar praticamente todas as situações vistas no longa dirigido pelos irmãos Farrelly em 1994: estão lá a seqüência em que Lloyd se imagina como o centro das atenções; o incidente envolvendo Harry (porcamente traduzido como `Debi` para o português) e o banheiro da casa de sua amada; a discussão envolvendo uma garota; e até mesmo a piada final em que os heróis dispensam uma carona oferecida por belas mulheres. A diferença é que, desta vez, nenhuma piada funciona.
Quem acompanha meu trabalho há algum tempo sabe que sou fã incondicional de Debi e Lóide – que considero uma das grandes comédias da década de 90. Pois um dos elementos que transformavam aquele filme em uma pequena obra-prima (sim, eu disse `obra-prima`) era o fato de que os irmãos Farrelly jamais criticavam seus protagonistas: Harry e Lloyd eram retratados menos como `debilóides` e mais como indivíduos que, extremamente ingênuos e imaturos, não percebiam que seu comportamento era incrivelmente impróprio para o convívio em sociedade. Sem compreender este elemento fundamental, o `diretor` (entre aspas, mesmo) Troy Miller retrata os personagens como deficientes mentais – e, com isso, elimina nossa liberdade de rir de suas atitudes. E mais: no original, Harry e Lloyd eram dois `malucos` em um universo são – e muitas risadas eram provocadas justamente pela reação das pessoas aos absurdos da dupla; enquanto, nesta continuação, praticamente todos os personagens são idiotas, destruindo mais uma importante característica do primeiro filme.
Miller, aliás, demonstra uma incompetência extraordinária na direção deste `filme`, limitando-se, durante a maior parte do tempo, a enquadrar os protagonistas em closes fechados enquanto estes dizem suas falas e fazem caretas. Sem possuir a menor noção sobre o que é comédia, o diretor – que, se Deus for justo, jamais conseguirá outro trabalho nesta função – chega a falhar até mesmo na seqüência mais básica do gênero: a montagem, acompanhada de fundo musical, em que vemos os personagens em várias situações `engraçadinhas`. Além disso, a falta de respeito para com o espectador é tão grande que Miller nem sequer tenta conferir um mínimo de lógica à `história`: em certo momento, por exemplo, a amada de Harry tenta ultrapassar um ônibus escolar – o que é inexplicável, já que ela estava seguindo o veículo. Mais tarde, ela permanece passivamente dentro de um carro enquanto o motorista, que a ameaçava, sai para fazer uma ligação telefônica. E o que dizer da terrível maquiagem preta usada para criar a impressão de que o dente de Lloyd é quebrado?
E já que falei em Lloyd, devo dizer que Eric Christian Olsen cria uma imitação perfeita do tipo desenvolvido por Jim Carrey no original: sua voz, seus trejeitos e suas caretas são idênticos aos do comediante, embora lhe falte o carisma e o mesmo talento para provocar o riso. Já Derek Richardson em nada lembra o Harry de Jeff Daniels, embora a peruca loira ajude-o um pouco na tarefa. Enquanto isso, os talentosos Luis Guzmán, Mimi Rogers e Eugene Levy deveriam ser punidos por se envolverem com este projeto, sendo obrigados a devolver o dinheiro que receberam por suas participações. Levy, em particular, está constrangedoramente ruim, o que é uma surpresa desagradável, já que ele geralmente consegue se safar até mesmo em filmes medíocres como American Pie 2 e A Casa Caiu.
Apesar de não ter pago para assistir a Debi e Lóide 2, tive vontade de pedir meu dinheiro de volta quando o filme chegou ao fim. E se você é uma destas pessoas que não gostam de críticos de cinema, considere-se vingado, pois produções como O Apanhador de Sonhos e Debi e Lóide 2 são verdadeiros acidentes de trabalho.
12 de Julho de 2003