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Cinco crianças macabras Clube dos Cinco

No terror Mama, duas irmãs são abandonadas pelo pai em uma floresta e passam cinco anos desaparecidas. Quando elas voltam e são amparadas pelos tios, o casal logo nota que algo está errado. Da mesma forma que as duas garotas, várias outras crianças já deixaram muita gente desconfiada de seus rostinhos angelicais no escuro da sala de cinema. Para este Clube dos Cinco, nós selecionamos cinco das quais não conseguimos - e não queremos - esquecer.

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O Exorcista (The Exorcist, 1973, EUA, dir.: William Friedkin) – por Luísa Teixeira de Paula

O Exorcista faz parte do meu imaginário infantil. Enquanto os amigos comentavam sobre a tão famosa cena em que a menina Regan (Linda Blair) vira completamente o pescoço, eu lembrava da minha mãe me dizendo que era o pior filme a que ela já tinha assistido na vida. E jurei pra mim mesma nunca assistir a essa obra-prima do terror. Até agora.

Lançado em 1973, foi o filme mais lucrativo da história até então. Chegando a ser proibido em alguns países do Reino Unido, foi amaldiçoado por fanáticos religiosos e contabiliza coincidências macabras durante o processo de produção. A imagem da menina de 12 anos possuída pelo demônio Pazuzu levou muitos cinemas a equipar suas salas de exibição com saquinhos plásticos, no caso de estômagos mais fracos.

Linda Blair foi indicada ao Oscar por sua atuação, que não aterrorizou apenas a mãe de sua personagem no longa. A cena em que ela vomita uma estranha substância verde permanece no imaginário popular, ainda que aquilo seja, na verdade, uma sopa de ervilhas.

Mas talvez o maior trunfo do filme em causar medo na plateia venha de uma curiosidade: o livro em que a obra se baseia foi inspirado em um exorcismo real de um menino de 14 anos, ocorrido em 1949.

Dadas as coincidências bizarras que acabaram acontecendo com a equipe, nunca é demais pedir uma benção depois de uma sessão deste clássico do terror, que gerou outros quatro filmes: O Exorcista II – O Herege (1977), O Exorcista III (1990) e Exorcista – O Início (2004), que conta ainda com a versão Dominion: Prequel to the Exorcist, finalizada em 2005 após uma briga entre os produtores e o diretor Paul Schrader.  

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A Profecia (The Omen, 1976, EUA/Reino Unido, dir.: Richard Donner) – por Renato Silveira

Crianças com um "algo a mais" é um tema que agrada ao diretor Richard Donner. Quase uma década antes da aventura dos garotos prodígio de Os Goonies (1985) e um ano apenas antes de recriar no cinema uma parte da infância de Clark Kent em Superman – O Filme (1976), o cineasta fez A Profecia, em que o pequeno Damien é quem rouba a cena, embora o menino tenha despertado mais raiva e medo do que necessariamente a afeição do público. Seu sorriso na última cena do filme causa arrepios só de ser lembrado.

Interpretado por Harvey Stephens, Damien é a reencarnação do anticristo. Sem saber desse “detalhe”, o embaixador vivido por Gregory Peck decide adotar o garoto ainda recém-nascido, sem contar à esposa que o filho deles morreu logo após o parto. Mas o que parecia uma boa ideia para evitar o sofrimento de sua família acaba se revelando uma perigosa ameaça para a humanidade.

A produção de A Profecia é mais uma daquelas que enfrentou diversos problemas e acidentes que são relacionados à natureza sobrenatural do tema do filme. Apesar de ter sido classificado como “amaldiçoado”, o longa trouxe muito bons fluídos para a carreira de Donner, que já era um diretor estabelecido na TV naquela época e, a partir de A Profecia, deslanchou de vez com sua carreira cinematográfica.

Já Stephens não seguiu trajetória como ator. Não estrelou nenhum outro filme, porém, faz uma ponta como um repórter de tablóide na refilmagem de 2006 de A Profecia – um projeto picareta que foi realizado apenas para que o estúdio fizesse o lançamento para aproveitar o marketing em torno da data 6 de junho de 2006 (06/06/06, ou 6/6/6, para ser ainda mais específico).

Seja como for, o remake conta com Mia Farrow no papel da babá de Damien – ela que viveu a mãe de outra criança macabra em O Bebê de Rosemary (1968), de Roman Polanski.

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O Iluminado (The Shining, 1980, EUA/Reino Unido, dir.: Stanley Kubrick) – por Larissa Padron

Danny Torrance é o filho de um pai muito problemático e fala com o próprio dedinho com uma voz assustadora. Como se a vida do menino não fosse difícil o suficiente, seu pai, Jack Torrance, vai trabalhar no Hotel Overlook, que é frequentado apenas por gente morta e muita neve.

Mas Danny não é a criança mais assustadora do filme. Ele é um menino adorável que você gostaria de levar para casa perto das duas meninas ao final do corredor, que além de possuírem olheiras e olhares bizarros ainda mergulham o hotel em sangue.

E ser uma criança assustadora nas mãos de Stanley Kubrick não é fácil para ninguém. Danny Lloyd e Lisa e Louise Burns, intérpretes das crianças, nunca mais voltaram a trabalhar no cinema.

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O Chamado (The Ring, 2002, EUA/Japão, dir.: Gore Verbinski) – por Heitor Valadão

Não apenas uma, mas duas crianças de dar arrepios povoam o universo de O Chamado, refilmagem americana dirigida por Gore Verbinski do terror japonês Ringu, de Hideo Nakata.

Depois de muito penar na televisão australiana e em papéis pequenos em Hollywood, inclusive na bomba Tank Girl - Detonando o Futuro, a bela Naomi Watts teve aqui sua grande chance como protagonista. Na verdade, a moça já tinha impressionado a crítica em Cidade dos Sonhos, de David Lynch. Para acompanhá-la, o jovem David Dorfman interpretava seu filho Aidan, um dos mais naturalmente bizarros atores mirins a aparecer nas telas. Seu jeito deslocado e tom monotônico tornam difícil simpatizar com o garoto que, só após a mãe penar por sete dias para desvendar o mistério da menina Samara, resolve dizer que ela “não deveria ter ajudado”. Um papel difícil, que Dorfman tirou de letra.

Como se já não bastasse, é também bastante evidente a pequena vilã do filme, Samara, interpretada por Daveigh Chase. Com apenas 12 anos na época, a atriz ficou de fora da continuação (a não ser nas imagens de arquivo), mas começou uma forte tendência de fantasmas infantis no cinema, especialmente cobertos por longos cabelos negros.

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Deixe Ela Entrar (Låt den rätte komma in, 2008, Suécia, dir.: Tomas Alfredson) – por Luísa Gomes

Até que ponto o heroísmo pode ir? Esta é a principal questão levantada pelo filme sueco Deixe Ela Entrar, que conta a história de Oskar (Kåre Hedebrant), um menino de 12 anos isolado na escola e que sofre diariamente com o bullying de seus colegas. Mas, subitamente, a pálida e silenciosa Eli (Lina Leandersson) entra na sua vida e acaba defendendo Oskar de uma maneira nada ortodoxa ou sensata.

Apesar de o espectador ter contato com o lado macabro e assassino de Eli, é um pouco impossível não se apaixonar imediatamente pela amizade da pequena vampira com o menino solitário. Suas escandalosas diferenças são deixadas de lado para que suas semelhanças deêm lugar: ambos os garotos são solitários, “estranhos no ninho” e têm a mesma idade (ao menos na aparência). Mas, quando Oskar é irritado, uma Eli bastante macabra e sádica surge, passando de criança gentil a sanguinária.

É interessante, ainda, a forma como o roteirista John Ajvide Lindqvist trata um tema tão em alta como vampiros, de uma forma original e nada clichê, mostrando ao mesmo tempo o lado heróico e instintivo de Eli.

O filme teve um remake americano em 2010 com Chloë Grace Moretz no papel de Eli, mas a atriz não conseguiu captar com a mesma eficiência a complexidade e profundidade que a iniciante Lina Leandersson, da versão sueca, alcançou.

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