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Filmes da Semana Assinantes

Amigos do Cinema em Cena,

e vamos à primeira edição de "Filmes da Semana", onde comentarei, em breves parágrafos, todos os longas aos quais assisti nos últimos dias. Este conteúdo é EXCLUSIVO para assinantes.

 

Bill & Ted – Uma Aventura Fantástica (Bill & Ted’s Excellent Adventure, EUA, 1989)
Tolo, óbvio e sem graça, é um filme que tenta sobreviver a partir da estupidez de seus personagens, mas que não consegue sequer criar uma única gag interessante com sua galeria de personagens históricos, o que é um feito. Além disso, é machista a ponto de presentear os heróis com duas garotas como recompensa por seus feitos. Não consigo compreender como esta “comédia” pode ter se tornado tão querida por tantos. 1/5

 

Bill e Ted – Dois Loucos no Tempo (Bill & Teds Bogus Journey, EUA, 1991)
Tão inacreditável quanto o sucesso do filme original é acreditar que pode ter gerado esta continuação tão divertida e inventiva. Com um design de produção que nada repete da preguiça visual do anterior, desta vez a história compreende que não adianta criar situações fantásticas e recheá-las de diálogos imbecis. 3/5

 

Mike Birbiglia: My Girlfriend’s Boyfriend (Idem, EUA, 2014)
Um stand-up confessional que se equilibra com maestria entre o humor e o drama, esta performance de Birbiglia extrai graça justamente de sua sensibilidade e de sua franqueza ao expor suas inseguranças e medos, primando também por uma estrutura bem mais complexa do que poderíamos supor a princípio. 5/5

 

Starry Eyes (Idem, EUA, 2014)
Um terror psicológico eficiente, o filme estabelece uma alegoria angustiante dos sacrifícios exibidos para o estabelecimento de uma carreira de sucesso numa Hollywood que devora os ingênuos e premia os narcisistas. Com uma interpretação central intensa da bela Alexandra Essoe, o longa funciona como exercício de gênero, mas também como um tratado impiedoso sobre a Cidade dos Sonhos. 4/5

 

Prezado Sr. Watterson (Dear Mr. Watterson, EUA, 2013)
Como tantos documentários, é prejudicado pela insistência de seu diretor de se colocar em posição central numa história à qual não pertence, mas, graças aos bons entrevistados, o filme acaba oferecendo uma perspectiva interessante sobre a importância de “Calvin e Haroldo” para várias gerações de artistas e fãs. 3/5

 

McConkey (Idem, EUA, 2013)
Empregando não só imagens de arquivo registradas pelo próprio personagem-título ao longo de sua vida (incluindo suas inseguranças adolescentes), mas também de suas proezas já como atleta profissional, este documentário é um estudo de personagem abrangente de um homem que parecia obcecado em expandir os limites do que o esporte considerava possível – mas é também um retrato de um sujeito doce, divertido e extremamente carismático. No processo, o doc provoca um sorriso constante, mas também traz uma melancolia inevitável. 5/5

 

The Battered Bastards of Baseball (Idem, EUA, 2014)
Não é necessário ser fã de baseball ou mesmo entender o básico do jogo para compreender perfeitamente a loucura representada pelo projeto iniciado por Bing Russell (pai de Kurt). Hilário ao recuperar a atmosfera irreverente e adolescente do time independente criado pelo sujeito, o documentário é um tributo merecido a um sonhador – e muitos dos absurdos apontados pelo filme se encaixariam em qualquer esporte, incluindo o futebol brasileiro e seus dirigentes. 4/5

 

Fuerza aérea sociedad anónima (Idem, Argentina, 2006)
Parece mais uma palestrada registrada em vídeo do que um documentário interessado em usar os recursos narrativos do Cinema para analisar alguns fatos. Ainda assim, a eloquência do narrador e seu bom trabalho de pesquisa (bem como a importância de suas denúncias) tornam o filme relevante. 3/5

 

The English Surgeon (Idem, Inglaterra, 2007)
Basicamente um registro humanista dos esforços feitos por um cirurgião inglês para ajudar pacientes ucranianos abandonados por um sistema de saúde falido, o documentário e seu personagem-título inspiram ao mesmo tempo em que evocam o desespero e a tristeza de pessoas que mantêm a esperança diante de tantos sinais de que nada ficará bem. 4/5

 

Psicopata Americano (American Psycho, EUA, 2000)
Tem crítica aqui no site. 4/5

 

Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo (Foxcatcher, EUA, 2014)
Tem crítica aqui no site. 4/5

 

Os Quatro Desconhecidos (Kansas City Confidential, EUA, 1952)
Com uma trama até engenhosa que se enfraquece graças a algumas convenções melodramáticas, este filme é um noir menor que traz Lee Van Cleef e Jack Elam nos primeiros anos de carreira (e já expressivos) e John Payne corretamente intenso como protagonista. 3/5

 

Preenchendo o Vazio (Lemale et ha'halal, Israel, 2012)
Instigante já ao retratar os costumes de uma comunidade judaica ortodoxa, o filme peca pelo ritmo irregular, mas compensa este problema ao criar uma protagonista complexa que tenta conciliar seus desejos e seu senso de dever para com a família. Mesmo que aqui e ali recaia no melodrama, a secura repleta de subtexto do plano final já valeria a experiência. 4/5

 

A Outra (Another Woman, EUA, 1988)
É incompreensível que este filme não seja citado com mais frequência quando se discute a obra de Woody Allen, já que, obra-prima inquestionável, é um de seus melhores trabalhos. Aliás, é uma pena que haja tão poucos filmes adultos (sobre e para) como este: é admirável sua complexidade ao discutir desejo, arrependimentos, a consciência do envelhecimento e da finitude e nossa capacidade de auto-ilusão. Além disso, mesmo para os padrões de Allen este é um elenco único: não só Gena Rowlands evoca de maneira magnífica o autocontrole que tanto prejudica a protagonista, mas cada membro secundário surge perfeito, de Philip Bosco a John Houseman (em seu último papel), passando por Martha Plimpton, Ian Holm e, claro, Mia Farrow. Mas é mesmo Gene Hackman quem me destrói em cada uma de suas aparições: quanta frustração por um amor que não se concretiza. Ao rever a amada anos depois (mesmo que num sonho desta), ele teme ouvi-la dizer que se arrependeu por não ficar com ele. Imaginem que coisa linda e triste: ouvi-la dizer que deveria ter ficado com ele provocaria dor em vez de júbilo. Só um artista maduro seria capaz de perceber isso. E Woody Allen, claro, percebeu. 5/5

 

Espero que curtam as dicas. :)

Pablo

Sobre o autor:

Pablo Villaça, 18 de setembro de 1974, é um crítico cinematográfico brasileiro. É editor do site Cinema em Cena, que criou em 1997, o mais antigo site de cinema no Brasil. Trabalha analisando filmes desde 1994 e colaborou em periódicos nacionais como MovieStar, Sci-Fi News, Sci-Fi Cinema, Replicante e SET. Também é professor de Linguagem e Crítica Cinematográficas.
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