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Críticas por Pablo Villaça

Datas de Estreia: Nota:
Brasil Exterior Crítico Usuários
21/12/2001 01/01/1970 2 / 5 3 / 5
Distribuidora
Duração do filme
108 minuto(s)

American Pie 2 - A Segunda Vez É Ainda Melhor
American Pie 2

Dirigido por J.B. Rogers. Com: Jason Biggs, Chris Klein, Thomas Ian Nicholas, Eddie Kaye Thomas, Seann William Scott, Alyson Hannigan, Natasha Lyonne, Tara Reid, Mena Suvari, Shannon Elizabeth, Chris Owen, Casey Affleck, Jennifer Coolidge e Eugene Levy.

Em minha crítica sobre American Pie, observei que o filme possuía uma simpática ingenuidade e vários momentos surpreendentemente engraçados. Além disso, lembro-me de ter elogiado o fato de que, ao contrário das comédias adolescentes produzidas na década de 80, sua trama oferecia uma participação mais ativa às personagens femininas, evitando tratá-las como meros objetos sexuais. Infelizmente, tudo isso se foi em American Pie 2: com exceção de algumas poucas cenas realmente divertidas, esta continuação é uma pálida sombra de seu antecessor.

Desta vez, os quatro amigos do filme original se encontram no primeiro ano de faculdade. Quando as férias de verão chegam, os rapazes resolvem retomar a amizade e alugam um casarão situado nas proximidades de um lago, julgando que o lugar atrairá várias garotas com quem poderão desenvolver suas `recém-inauguradas` habilidades sexuais. Enquanto o apaixonado Oz (Klein) mantém um intenso namoro via telefone com sua amada Heather (Suvari), Kevin (Nicholas) procura reconquistar Vicky (Reid), sua antiga namorada. Já Finchy (Thomas) sonha em reencontrar a mãe de seu aborrecido colega Stifler (Scott), que também foi convidado a permanecer no casarão a fim de auxiliar no pagamento do aluguel. Por sua vez, Jim (Biggs) se prepara para rever a bela Nadia (Elizabeth), mas, antes disso, deve superar a própria insegurança – chegando até mesmo a procurar Michele (Hannigan), a desajustada flautista com quem perdeu a virgindade.

Como você pode facilmente constatar, nenhum dos personagens do primeiro filme mudou muito desde a última vez em que os encontramos. E o que é pior: até mesmo as situações vividas por eles nesta continuação são praticamente idênticas àquelas vistas no original. Esta é, obviamente, a clássica `Síndrome da Continuação`: obcecados pela idéia de sugar o potencial comercial de um filme de sucesso, os produtores evitam assumir quaisquer riscos – e, assim, apostam nos elementos que agradaram ao público em ocasiões anteriores. Observe, por exemplo, a cena em que um momento particularmente embaraçoso vivido pelos heróis é acidentalmente transmitido para vários lugares através de um rádio-comunicador: se isto lhe soa familiar, é porque não passa de uma cópia barata da cena em que Jim era surpreendido, durante uma situação delicada, por uma webcam. Já a nojenta gag envolvendo Stifler e um copo de cerveja `contaminado` é reciclada e se transforma em... uma nojenta gag envolvendo Stifler e uma chuva de `champanhe`. Aliás, até mesmo o irmão mais velho de Kevin aparece para compartilhar suas experiências (no primeiro filme, ele revela a existência de um livro secreto; agora, indica o casarão que os rapazes alugam).

Outra decepção é o papel das garotas em American Pie 2: aqui, elas são apenas figurantes sem personalidade. Na verdade, o roteiro não se preocupa sequer em arranjar um motivo razoável para o retorno das personagens (as participações de Lyonne, Reid e Suvari são perfeitamente descartáveis). Além disso, até mesmo os personagens masculinos falham no quesito `humor`: Kevin e Oz, em particular, são extremamente aborrecidos – e o filme pára todas as vezes em que a história se concentra nos dois.

É claro que as fracas atuações oferecidas por praticamente todo o elenco não ajudam muito. Alyson Hannigan, por exemplo, transforma a engraçada personagem do primeiro filme em uma simples caricatura, enquanto Eddie Kaye Thomas converte a `elegância` de Finchy em um traço de puro tédio. Os únicos que se salvam são, de fato, Eugene Levy (o que já era de se esperar) e Jason Biggs, que protagonizam os melhores momentos do roteiro (embora Seann William Scott, como Stifler, também provoque sua parcela de risos). Mesmo assim, algumas das situações vividas por Jim são forçadas demais, o que tira um pouco da graça do filme (também não é para menos: o diretor é o péssimo J.B. Rogers, de Diga Que Não É Verdade).

É uma pena que American Pie 2 não possua mais cenas como aquela que envolve Jim, Stifler e duas lésbicas (a melhor do filme): se provocasse risadas tão fortes durante toda a projeção como provoca nesta cena em particular, esta continuação seria um desafio às bexigas de seus espectadores – e vários destes provavelmente viveriam sua própria parcela de vexame. Infelizmente, da forma como foi produzida, esta comédia só consegue embaraçar seus realizadores.
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18 de Outubro de 2001

Pablo Villaça, 18 de setembro de 1974, é um crítico cinematográfico brasileiro. É editor do site Cinema em Cena, que criou em 1997, o mais antigo site de cinema no Brasil. Trabalha analisando filmes desde 1994 e colaborou em periódicos nacionais como MovieStar, Sci-Fi News, Sci-Fi Cinema, Replicante e SET. Também é professor de Linguagem e Crítica Cinematográficas.

 

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