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Críticas por Pablo Villaça

Datas de Estreia: Nota:
Brasil Exterior Crítico Usuários
10/08/2012 01/01/1970 4 / 5 1 / 5
Distribuidora
Downtown Filmes

Direção

Isa Grinspum Ferraz

Elenco

Lázaro Ramos

Roteiro

Isa Grinspum Ferraz

Produção

Isa Grinspum Ferraz

Fotografia

Alziro Barbosa

Música

Mano Brown , Marco Antônio Guimarães

Montagem

Vânia Debs

Design de Produção

Paulo Monteiro

Direção de Arte

Evandro N. Lima

Marighella (2012)
Marighella

Dirigido por Isa Grinspum Ferraz.

Dirigido pela sobrinha do pensador e guerrilheiro Carlos Marighella, morto pelos militares em novembro de 1969, este documentário é ao mesmo tempo uma investigação particular da diretora sobre o tio que mal conheceu e também um resgate de sua trajetória admirável a partir de cartas (narradas por Lázaro Ramos), fotos, gravações em áudio e depoimentos daqueles que o conheceram.


Cobrindo toda a vida adulta de Marighella, o filme fala rapidamente sobre seus pais, saltando logo para o momento em que largou a faculdade por sentir-se mal em “perseguir um diploma enquanto crianças trabalham para comer” e entrou para o Partido Comunista do Brasil, mudando-se para o Rio de Janeiro a fim de reorganizá-lo depois do levante de 1935. Preso e torturado durante o Estado Novo, ele viveria um breve período de legalidade, sendo até mesmo eleito deputado federal, apenas para voltar em seguida à clandestinidade na qual passou boa parte de sua existência e que culminaria no lançamento do “Manual do Guerrilheiro” e em seu estabelecimento como uma espécie de Che Guevara brasileiro, tornando-o o “inimigo público número 1” da ditadura militar.

Didático ao dividir a vida de Marighella em seis partes (ou “pistas”, como coloca a diretora), o filme é bem sucedido ao evocar a inteligência e o espírito liberal do guerrilheiro, que já se declarava comunista na década de 30, quando isto equivalia a se mostrar disposto a morrer pelo socialismo, defendendo também o ensino secular e o divórcio numa época de moralismo religioso exacerbado (não que hoje seja muito diferente).

Trazendo interessantes depoimentos de seu filho e também de sua ex-companheira Clara Charf, que aos 84 anos de idade se mostra uma mulher ainda bela e extremamente lúcida, Marighella ainda se dá ao luxo de resgatar anedotas da guerrilha, como, por exemplo, ao trazer uma antiga revolucionária que relembra o assalto (ou “desapropriação”, nos termos da época) em que usaram uma metralhadora fabricada de improviso e a arma desmontou completamente no meio da ação.

Pecando apenas pelo excesso de tangentes (como a animação envolvendo a “Prova em Versos” e as digressões sobre o “tio Carlos”, que interessam mais à diretora do que ao espectador, jamais se encaixando organicamente ao restante da narrativa), Marighella pode até não revelar nada de novo sobre o personagem-título, mas é relevante por tentar apresentá-lo às novas gerações e por fazer isto de forma clara e sempre interessante.

Esta crítica foi originalmente publicada durante a coberta da Mostra de São Paulo de 2011.

04 de Novembro de 2011

Pablo Villaça, 18 de setembro de 1974, é um crítico cinematográfico brasileiro. É editor do site Cinema em Cena, que criou em 1997, o mais antigo site de cinema no Brasil. Trabalha analisando filmes desde 1994 e colaborou em periódicos nacionais como MovieStar, Sci-Fi News, Sci-Fi Cinema, Replicante e SET. Também é professor de Linguagem e Crítica Cinematográficas.

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