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VIZINHOS, de Norman McLaren Curta em Cena

Com uma mensagem simples, mas eficaz, Vizinhos (1952) consegue traduzir vários embates da história da humanidade, revelando aquilo que há de pior em muitas pessoas. Justamente por isso, não é coincidência ele ter sido lançado poucos anos após o fim da Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945), como se refletindo sobre o conflito que passou e reconhecendo a tensão que ainda existia no período da Guerra Fria.

Na trama, dois vizinhos começam uma batalha épica para ver quem se tornará dono de uma flor que acaba de nascer. É interessante notar como ambos são apresentados no início vivendo em harmonia. Eles se vestem de forma parecida, sentam em cadeiras praticamente idênticas, moram em casas semelhantes e parecem gostar da companhia um do outro ao emprestar fósforos. E mais do que isso: não há divisória na área em que habitam. São dois homens que poderiam ser irmãos, que se refletem e até leem jornais com notícias correspondentes: “Guerra inevitável se não houver paz” é o título de uma; “Paz inevitável se não houver guerra” é o título da outra.

Quando a flor surge e encanta os vizinhos, o curta começa a trabalhar a ideia da incapacidade humana de compartilhar algo. Duas pessoas com tanto em comum – que podem ser substituídas por diferentes nações, partidos políticos, religiões, etc - se veem em lados opostos de um verdadeiro campo de batalha que está destinado a gerar cada vez mais violência e destruição. Na luta irracional e sem sentido para tomar posse, as próprias feições se tornam animalizadas e é impossível encontrar vencedores.

O diferencial do filme é certamente o estilo experimental atingido por Norman McLaren, diretor escocês que hoje é considerado um dos grandes nomes da animação. Ao lado dos excelentes efeitos sonoros, McLaren utilizou uma técnica da animação stop motion conhecida como pixilation, em que atores são filmados quadro a quadro pela câmera para criar sequências frenéticas e excêntricas.

Vizinhos venceu o Oscar na (deslocada) categoria de Melhor Documentário em Curta-Metragem, mas só após o diretor cortar a violenta cena envolvendo os bebês dos personagens. Abaixo você confere a versão original:

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