Amy é um documentário que recomendo mesmo sem ser louco pelos resultados alcançados. Dirigido por Asif Kapadia (responsável por Senna), o filme reconta a trajetória da cantora Amy Winehouse através de um vasto material envolvendo imagens de arquivo: fotos, vídeos caseiros, registros de shows iniciais, matérias de telejornais e assim por diante. Do ponto de vista de pesquisa de (e acesso às) imagens, é um projeto irrepreensível.
O problema é que, em boa parte do tempo, Kapadia parece fazer colagens de fotos enquanto narra longas passagens em off, conferindo um ar quase de apresentação de PowerPoint à narrativa. Além disso, ao contrário do que Paulo Henrique Fontenelle alcançou com os lindos Loki e Cássia, quando Amy termina não fazemos muita ideia de quem era realmente aquela mulher, do que a movia e assim por diante.
Por outro lado - e aqui reside o grande mérito do filme -, Amy consegue funcionar como uma crítica pertinente à forma com que a mídia tende a transformar personagens complexas em caricaturas unidimensionais com o objetivo de vender mais jornais, ganhar mais views, aumentar a própria audiência e assim por diante. E é difícil chegar ao final da projeção sem constatar que, em parte considerável, a culpa pela tragédia vivida por Winehouse pode ser depositada no colo do jornalismo sensacionalista que faturava com sua vida e lucrou ainda mais com o espetáculo de sua morte.
Clique na imagem abaixo para assistir.
Um grande abraço e bons filmes!
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