Vamos a dicas nos streamings de mais uma categoria de prêmios da Academia, com alguns comentários. Lembrando que o ano do Oscar sempre me refiro ao de produção dos filmes e não da cerimônia (que é sempre no início do ano seguinte).
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Os indicados ao Oscar 2021 de Melhor Figurino são:
Cruella (idem): Disney Plus (inclusive 4k)
Cyrano (idem): ainda não disponível
Duna (Dune): HBO Max, aluguel/compra na Apple TV, compra no Google Play e Microsoft (em todos inclusive em 4k)
O Beco do Pesadelo (Nightmare Alley): ainda não disponível
Amor, Sublime Amor (West Side Story): ainda não disponível
O prêmio para os melhores figurinos de um filme chegou até bastante tarde no Oscar, aparecendo apenas na 21ª cerimônia, em 1948. Como com Direção de Arte e Fotografia, com divisão para premiar filmes em preto e branco e coloridos, algo que durou por uma década, quando a Academia decidiu reduzir o número de categorias e unificou ambas. Mas isso só durou dois anos e do Oscar 1959 a 1966 voltou a ter dois vencedores de Figurino anualmente.
No primeiríssimo Oscar da categoria, para filmes em cores (o britânico Hamlet levaria entre os filmes preto e branco, assim como também Direção de Arte, Ator e Filme - a primeira obra estrangeira a levar o principal prêmio) ganhou Joana D’Arc, para grande horror da veterana Edith Head, que tinha certeza que levaria pelo seu trabalho nos figurinos de A Valsa do Imperador, de Billy Wilder, tanto por achar que levariam em conta sua experiência trabalhando com filmes desde antes da criação da Academia quanto por, bom… ela considerava seu trabalho no filme o melhor entre todos daquele ano. Apesar do choque, Edith Head não teve do que se queixar: após esta derrota, ganhou na categoria pelos próximos três anos e uma sequência de 19 anos seguidos sendo indicada, às vezes mais de uma vez por ano, e múltiplas vitórias. É a recordista absoluta da área e uma das maiores vencedoras de modo geral, acumulando 35 indicações e 8 vitórias.
A história do prêmio, no entanto, pode ser avaliada a partir de algo dito pela figurinista e que nem sempre parece valer, mesmo setenta anos depois: o Oscar não deve ir para os mais bonitos e impressionantes figurinos, mas tem que se levar em conta o quanto contribuem para o filme, como parte integral do que está sendo contado, narrado. Como ocorre com outras categorias técnicas, aqui prevalecem também o que mais salta aos olhos, com os figurinos de filmes de época sempre com a preferência, ou os grandes musicais quando ainda eram produzidos e, ocasionalmente, obras de fantasia. Figurinos contemporâneos conseguiam se destacar quando havia o Oscar para filmes em preto e branco, mas após a unificação apenas três vezes o prêmio foi dado para uma obra que se passava nos dias atuais: Viagens com a Minha Tia (1972), O Show Deve Continuar (1979) e Priscilla, A Rainha do Deserto (1994).
O Oscar de 1967, primeiro unificado, já tinha deixado claro o que iria predominar na categoria, quando Camelot, um épico de três horas de duração e que ninguém mais lembra, venceu a disputa contra Bonnie e Clyde: Uma Rajada de Balas, filme que dentre outras influências, tem no figurino de seus protagonistas (em especial o de Faye Dunaway) um dos seus maiores legados. Algo parecido viria a ocorrer, por exemplo, com a moda ditada pelas roupas de Diane Keaton em Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (1977), trabalho que sequer foi indicado pela Academia.
Num belo gesto, quando Sandy Powell ganhou seu terceiro Oscar na categoria por A Jovem Rainha Vitória (de 2009, na sua oitava indicação, hoje já soma quinze indicações), ela subiu ao palco e dedicou o prêmio a todos os figurinistas que não fazem filmes sobre monarcas mortos ou musicais chamativos. “Os que fazem filmes contemporâneos ou de baixo orçamento não costumam ser reconhecidos e eles trabalham tão duro quanto”. Mais de 10 anos se passaram, mas as coisas não mudaram muito. Claro que não se trata de considerar todo filme de época como figurinos semelhantes e mais do mesmo, e um ou outro prêmio recente pode até ser considerado mais ousado, caso de Mad Max: Estrada da Fúria (2015), ou tão inventivos que a vitória é inevitável, como O Grande Hotel Budapeste (2014) e Pantera Negra (2018), mas trabalhos mais sutis e contemporâneos continuam raramente reconhecidos - La La Land (2016) foi o mais próximo a conseguir vencer na última década.
Dito isto, O Beco do Pesadelo parece um candidato óbvio para este ano, em especial por ter conseguido chegar na categoria principal de Melhor Filme apenas com reconhecimento de aspectos técnicos. Goste-se ou não, é um deleite para os olhos e pode ser o suficiente. Mas fique de olho em Amor, Sublime Amor: o figurinista Paul Tazewell se tornou o primeiro homem negro a ser indicado nesta categoria e, como a própria Sandy Powell já comentou, musicais exuberantes são sempre uma opção pra Academia.
Vencedores do Oscar de Figurino que destaco e disponíveis nos streamings do Brasil:
Sinfonia de Paris (An American in Paris, 1951): HBO Max, aluguel/compra na Apple TV, Google Play e Microsoft
Moulin Rouge (idem, 1952): MUBI Brasil
A Princesa e o Plebeu (Roman Holiday, 1953): aluguel na Amazon Prime, aluguel/compra na Apple TV, Google Play e Microsoft
Sabrina (idem, 1954): aluguel/compra na Apple TV e Microsoft
Gigi (idem, 1958): aluguel/compra na Apple TV
Quanto Mais Quente Melhor (Some Like It Hot, 1959): Telecine Play, aluguel na Amazon Prime
A Doce Vida (La Dolce Vita, 1960): Telecine Play
O Que Terá Acontecido a Baby Jane? (What Ever Happened to Baby Jane?, 1962): HBO Max, aluguel/compra na Google Play
8½ de Fellini (8½, 1963): Telecine Play
Barry Lyndon (idem, 1975): HBO Max, compra na Apple TV
Casanova de Fellini (Fellini’s Casanova, 1976): Looke, NetMovies
Priscilla, A Rainha do Deserto (The Adventures of Priscilla, Queen of the Desert, 1994): Telecine Play, aluguel na Amazon Prime, aluguel/compra na Apple TV
Moulin Rouge (Moulin Rouge!, 2001): Star Plus, Telecine Play, NOW
Maria Antonieta (Marie Antoinette, 2006): NOW, aluguel/compra na Apple TV e Microsoft
O Grande Hotel Budapeste (The Grand Budapest Hotel, 2014): Star Plus
Trama Fantasma (Phantom Thread, 2017): aluguel/compra na Apple TV (inclusive em 4k)
Pantera Negra (Black Panther, 2018): Disney Plus
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