Alguns dos filmes com os dias contados nos streamings do país e que valem a pena priorizar:
Chega ao fim neste dia 09/03 a Mostra “O Mundo Secreto dos Adultos, o Cinema de Philippe Lesage”, evento que inaugurou mês passado a plataforma de streaming gratuita do Centro Cultural São Paulo, a CCSPLAY. Quatro filmes deste cineasta canadense pouco conhecido por aqui (seus filmes nunca foram lançados no país), bastante interessado nos momentos de passagem que reforçam a transitoriedade da vida. Como em O Coração Que Bate (2010), único documentário da mostra, que se passa dentro de um hospital, registrando os atendimentos a pessoas que chegam ao Pronto Socorro, uma câmera calma e atenta ao encontro entre paciente e médico que privilegia a discrição para pontuar depois na montagem uma visão humanista e terna de fragmentos de vida muitas vezes tristes que encontram algum equilíbrio no registro de corpos jovens. É essa juventude que terá foco nos outros três filmes de Lesage, em que descoberta e desabrochar sexual, em Os Demônios (2015) e Gênese (2018), e os desencontros, incertezas e paixões nos relacionamentos (e o patético: o próprio Lesage é um dos protagonistas, no papel de um cineasta que se chama Philippe lecionando em Copenhague cheio de comportamentos detestáveis e constrangedores ao longo do filme), em Copenhague, Uma História de Amor (2016), são explorados em narrativas fragmentadas, um gosto pelo elíptico, pelo mistério e também por uma musicalidade expressa não só na escolha da trilha sonora que marca muitas das sequências dos filmes, mas pelo próprio movimento ora da câmera ora dos personagens em cena, evitando o plano e contraplano típico.
A Netflix vai dando adeus ao ótimo Nós (2019), de Jordan Peele. Essa história de duplos que chegam para assombrar a família de Lupita Nyong’o (numa dessas atuações que anos depois continuaremos listando entre as injustiças do Oscar) fica disponível até o dia 9 de Março e se você já viu, talvez queira rever agora que o novo e misterioso filme de Peele já tem trailer e título brasileiro e estreará em breve. Depois dessa data, só estará disponível para aluguel na Amazon Prime, NOW, e aluguel/compra na Apple TV (inclusive em 4k) e Google Play.
Já a MUBI Brasil anuncia que os filmes ainda disponíveis da última edição do My French Film Festival ficarão apenas até o dia 14/03. Eu ainda não vi Teddy (2020), O Céu de Alice (2020) e Playlist (2021), mas recomendo muito, mais uma vez, o documentário francês The Monopoly of Violence (2020), em que a violência policial em Paris é analisada e confrontada por cidadãos através dos diversos dispositivos de produção de imagens nos dias atuais (câmeras de vigilância, de celulares, imprensa, etc).
Como já dito antes, a HBO Max não informa exatamente a data que filmes sairão de seu catálogo, mas com a virada do mês novos títulos já se encontram na sua aba de saída em breve. Para não correr riscos, recomendo como prioridades: o clássico e violento faroeste Meu Ódio Será Sua Herança (1969), de Sam Peckinpah; o já clássico e influente terror de Sam Raimi, A Morte do Demônio (1983); o deliciosamente exagerado Questão de Honra (1992), de Rob Reiner (e o primeiro roteiro da carreira de Aaron Sorkin); O Povo Contra Larry Flynt (1996), do excelente Milos Forman, roteirizado pelos ótimos especialistas em cinebiografias, Larry Karaszewski e Scott Alexander; Poder Absoluto (1997), de Clint Eastwood dando continuidade a sua impressionante boa forma nos anos 90; e, um filme que não gosto tanto mas são tantos fãs que seria tolice não chamar a atenção, O Abutre (2014), de Dan Gilroy, com um Jake Gyllenhaal alucinado.
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