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Especial Oscar #7 (Trilha Sonora) Cinema em Streaming

Vamos a dicas nos streamings de mais uma categoria de prêmios da Academia, com alguns comentários. Lembrando que o ano do Oscar sempre me refiro ao de produção dos filmes e não da cerimônia (que é sempre no início do ano seguinte).

 

Posts anteriores:

Melhores Efeitos Visuais

Melhor Som

Melhor Maquiagem

Melhor Figurino

Melhor Design de Produção

Melhor Fotografia


 

Os indicados ao Oscar 2021 de Melhor Trilha Sonora são:

Não Olhe Para Cima (Don’t Look Up, 2021), Nicholas Britell: Netflix (inclusive em 4k)

Duna (Dune), Hans Zimmer: HBO Max, aluguel/compra na Apple TV, compra no Google Play e Microsoft (em todos inclusive em 4k)

Encanto (idem), Germaine Franco: Disney Plus (inclusive em 4k)

Mães Paralelas (Madres Paralelas), Alberto Iglesias: Netflix (inclusive em 4k)

Ataque dos Cães (The Power of The Dog), Jonny Greenwood: Netflix (inclusive em 4k)

O prêmio dado a Trilha Sonora certamente é o que mais mudou de regras e nomes na história da Academia, desde quando surgiu no Oscar de 1934: inicialmente indicados e premiados os chefes do Departamento de Música do estúdio dos filmes em questão; depois por um tempo (de 1937 a 1945) todo estúdio em Hollywood com uma indicação, ficando a cargo destes informar qual filme/trilha/compositor indicado; além das diversas denominações com divisão em duas categorias na maior parte da história do prêmio, sendo uma para trilhas compostas originalmente para os filmes, e outra para trilhas adaptadas de material preexistente ou ainda musicais, originais ou não;

Obviamente que com o fim da "Era de Ouro" de Hollywood e os musicais sendo cada vez mais raros, gradualmente foi ficando apenas o reconhecimento para composições originais. Na verdade, pelas regras da Academia, um Oscar para Musicais ainda existe, mas só será disputado caso haja no mínimo nove filmes do gênero com composições originais, produzidos no ano, algo obviamente impossível de ocorrer nos padrões da indústria de hoje. Em 2021, por exemplo, apenas Annette, de Leos Carax, se qualificaria.

A última mudança significativa antes de termos a categoria como conhecemos hoje foi nos anos 90, uma dessas situações que mostram as dificuldades da Academia com seus membros votando em todas as categorias, mesmo sem ter familiaridade de como as diversas áreas funcionam: com o "renascimento da Disney" em 1989, o estúdio ganhou 4 prêmios de Trilha Sonora em 6 anos (não teve concorrente nos outros dois anos, bom lembrar), com A Pequena Sereia (1989), A Bela e a Fera (1991), Aladdin (1992) e O Rei Leão (1994) e questionou-se até que ponto os votantes estavam confundindo a trilha instrumental com o conjunto de canções dessas obras (todas vencedoras da categoria de Canção, aliás); em 1995 foi dividida então em dois prêmios, Trilha Sonora Dramática e Trilha Sonora Comédia ou Musical, algo que durou apenas 4 anos pois criou outro problema com os demais departamentos da Academia, que não tinham divisão por gênero.

Curiosamente, apenas no primeiro ano da divisão que uma animação da Disney venceu, Pocahontas (1995). No entanto, só assim foi possível pela primeira vez premiar mulheres compositoras por trilhas originais (Marilyn Bergman havia vencido em conjunto pela trilha adaptada de Yentl em 1983), Rachel Portman por Emma (1996) e Anne Dudley por Ou Tudo Ou Nada (1997), que provavelmente perderiam para os favoritos dramáticos do ano, respectivamente Gabriel Yared (O Paciente Inglês) e James Horner (Titanic). Uma mulher só venceria novamente no Oscar 2019, a islandesa Hildur Guðnadóttir, pela trilha de Coringa. Algo que pode acontecer este ano, caso Germaine Franco seja a mais votada. Apesar disso, foi na categoria que pela primeira vez uma mulher trans foi indicada a algum Oscar: Angela Morley nos anos 70, duas vezes, pelas trilhas de O Pequeno Príncipe (1974) e O Sapatinho e a Rosa: A História de Cinderela (1976).

As regras para qualificação e consideração como Trilha Sonora Original também mudaram ao longo do tempo e atualmente um filme precisa ter ao menos 35% de composição original, exceto para continuações e franquias em que a porcentagem sobe para 80%. Não deixa de ser passível de controvérsias. Por exemplo, um dos grandes nomes da área, John Williams acumula 52 indicações ao Oscar (segunda pessoa com maior número da história, atrás apenas das 59 de Walt Disney), sendo que as últimas 3 foram pela trilogia mais recente de Star Wars. Embora haja composições próprias para os filmes, até que ponto o trabalho é considerado separado do conjunto daquilo que já existe? Em filmes que inclusive são marcados por inserirem o espectador em seu universo com o uso da clássica trilha (responsável por um dos cinco prêmios que Williams tem) como primeiríssima coisa a que somos expostos ao ver uma das obras. Caso parecido é o de Howard Shore, que venceu duas vezes pela trilogia O Senhor dos Anéis, pelo primeiro e segundo filmes. São situações que deixam o questionamento de até que ponto o material original, por ser tão marcante, pode afetar o envolvimento e percepção das trilhas dos filmes posteriores.

Mesma sorte não teve um dos indicados deste ano, Jonny Greenwood, que em 2008 teve sua trilha para Sangue Negro desclassificada de última hora, pois mais da metade do material era de composições não originais. Com a regra atual, não seria problema. Greenwood, aliás, tem boas chances de vencer agora, não apenas porque sua belíssima trilha é essencial para um dos filmes mais queridos e favoritos, mas porque é dele também outros trabalhos elogiados do ano, em Spencer e Licorice Pizza. Se sair vitorioso, o membro da Radiohead se juntará a Trent Reznor do Nine Inch Nails (A Rede Social e Soul) e aos Beatles (Let it Be) como únicos compositores de bandas de rock a levar o Oscar de Trilha Sonora.

Uma outra curiosidade que vale a pena comentar: é nesta categoria o único Oscar competitivo vencido por Charles Chaplin, numa situação única e inusitada, pois Luzes da Ribalta é um filme de 1952 mas só levou o prêmio vinte anos depois, na cerimônia de 1972 quando o filme finalmente estreou em Los Angeles.

Por fim, deixo aqui uma compilação das trilhas vencedoras deste século, com discursos dos compositores ao levar o Oscar. A notar como há profissionais estrangeiros como em nenhuma outra categoria "técnica": canadense, inglês, francês, italiano, indiano, argentino, islandesa, sueco…

 

E aqui vão dicas de filmes vencedores do Oscar de Melhor Trilha Sonora, disponíveis nos streamings brasileiros. Embora nem todo filme listado seja necessariamente imperdível, muitos possuem melodias que ficaram para a história do Cinema e da Cultura popular, em geral.

 

O Mágico de Oz (The Wizard of Oz, 1939): HBO Max, aluguel/compra na Apple TV (inclusive em 4k) e Google Play

Os Sapatinhos Vermelhos (The Red Shoes, 1948): Belas Artes à La Carte

Desfile de Páscoa (Easter Parade, 1948): Oldflix, aluguel/compra no Google Play

Um Dia em Nova York (On the Town, 1949): Oldflix

Crepúsculo dos Deuses (Sunset Boulevard, 1950): Telecine Play, aluguel na Amazon Prime, aluguel/compra na Apple TV e Microsoft

Sinfonia de Paris (An American in Paris, 1951): HBO Max, aluguel/compra na Apple TV, Google Play e Microsoft

Matar ou Morrer (High Noon, 1952): Looke, NetMovies, aluguel na Amazon Prime, aluguel/compra na Apple TV e Microsoft

Sete Noivas Para Sete Irmãos (Seven Brides for Seven Brothers, 1954): aluguel/compra na Apple TV, Google Play e Microsoft

A Ponte do Rio Kwai (The Bridge on the River Kwai, 1957): HBO Max, aluguel/compra na Apple TV (inclusive em 4k)

Gigi (idem, 1958): NOW, aluguel/compra na Apple TV

Ben-Hur (idem, 1959): HBO Max, Oldflix, aluguel/compra na Apple TV e Google Play

Bonequinha de Luxo (Breakfast at Tiffany's, 1961): Telecine Play, Oldflix, NOW, aluguel na Amazon Prime, aluguel/compra na Apple TV e Microsoft

Amor, Sublime Amor (West Side Story, 1961): Telecine Play, aluguel/compra na Apple TV (inclusive em 4k) e Google Play (inclusive em 4k)

Lawrence da Arábia (Lawrence of Arabia, 1962): aluguel na Amazon Prime, aluguel/compra na Apple TV e Microsoft

Mary Poppins (idem, 1964): Disney Plus

Minha Bela Dama (My Fair Lady, 1964): aluguel/compra na Apple TV (inclusive em 4k)

Doutor Jivago (Doctor Zhivago, 1965): HBO Max, Oldflix, aluguel/compra na Google Play e Microsoft

A Noviça Rebelde (The Sound of Music, 1965): Disney Plus

Oliver! (idem, 1968): HBO Max, aluguel na Apple TV

Butch Cassidy (Butch Cassidy and the Sundance Kid, 1969): Star Plus

Love Story - Uma História de Amor (Love Story, 1970): Telecine Play, aluguel na Amazon Prime, aluguel/compra na Apple TV (inclusive em 4k) e Google Play

Um Violinista no Telhado (Fiddler on the Roof, 1971): MGM, aluguel na Amazon Prime, aluguel/compra na Apple TV

Luzes da Ribalta (Limelight, 1952): MUBI Brasil

Golpe de Mestre (The Sting, 1973): NOW, aluguel/compra na Apple TV

O Poderoso Chefão II (The Godfather: Part II, 1974): HBO Max, aluguel na Amazon Prime, aluguel/compra na Apple TV e Microsoft

Tubarão (Jaws, 1975): Star Plus, Amazon Prime, NOW, aluguel/compra na Apple TV (inclusive em 4k) e Google Play

Carruagens de Fogo (Chariots of Fire, 1981): Star Plus

E.T., O Extraterrestre (E.T. the Extra-Terrestrial, 1982): Star Plus, Amazon Prime, Telecine Play, aluguel/compra na Apple TV (inclusive em 4k) e Google Play

Purple Rain (idem, 1984): aluguel/compra na Apple TV e Google Play

O Paciente Inglês (The English Patient, 1996): aluguel na Amazon Prime, aluguel/compra na Apple TV, Google Play e Microsoft

O Segredo de Brokeback Mountain (Brokeback Mountain, 2005): Star Plus

A Rede Social (The Social Network, 2010): NOW, aluguel na Amazon Prime, aluguel/compra na Apple TV e Microsoft

Os Oito Odiados (The Hateful Eight, 2015): HBO Max, Amazon Prime, aluguel/compra na Apple TV



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Sobre o autor:

Gosta de cinema pra valer desde os 14 anos, já teve videolocadora e agora vê uns filmes nos streamings que mataram seu negócio. Twitter: @helioflores
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