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Especial Oscar #9 (Documentário e Animação) Cinema em Streaming

Vamos a dicas nos streamings de mais duas categorias de prêmios da Academia, com alguns comentários. Lembrando que o ano do Oscar sempre me refiro ao de produção dos filmes e não da cerimônia (que é sempre no início do ano seguinte).

Posts anteriores:

Melhores Efeitos Visuais

Melhor Som

Melhor Maquiagem

Melhor Figurino

Melhor Design de Produção

Melhor Fotografia

Melhor Trilha Sonora

Melhor Montagem


 

Os indicados ao Oscar 2021 de Melhor Documentário são:

Ascensão (Ascension): Paramount+

Attica (idem): ainda não disponível

Fuga (Flee): ainda não disponível

Summer of Soul (... ou, Quando a Revolução Não Pode Ser Televisionada) (Summer of Soul ...Or, When the Revolution Could Not Be Televised): em breve na Disney Plus

Escrevendo com Fogo (Writing With Fire): aluguel na Amazon Prime, NOW, aluguel/compra na Apple TV e Google Play

 

Os indicados ao Oscar 2021 de Melhor Animação são:

Encanto (idem): Disney Plus (inclusive em 4k)

Fuga (Flee): ainda não disponível

Luca (idem): Disney Plus (inclusive em 4k)

A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas (Mitchells Vs. The Machines): Netflix, NOW, aluguel/compra na Apple TV (inclusive em 4k) e Microsoft

Raya e o Último Dragão (Raya and the Last Dragon): Disney Plus (inclusive em 4k)

Ao contrário do que vinha acontecendo até agora, juntei duas categorias por motivos práticos. Como essas postagens tem o propósito de recomendar vencedores do Oscar que estão nos streamings e que sejam mais interessantes e nem sempre conhecidos de todos, aqui temos duas categorias impossíveis de uma seleção mais caprichada.

A categoria de Melhor Documentário surgiu apenas nos anos 40, com VINTE E CINCO indicados ao Oscar 1942, pois uma grande parte deles produzidos pelos Gabinetes dos Governos americano e britânico de informação de guerra, como propaganda durante a Segunda Guerra Mundial. Embora já no ano seguinte houve diminuição de indicados, toda a década foi de reconhecimento a documentários cujo objetivo era elevar o moral das tropas aliadas no continente europeu ou de louvar nomes e acontecimentos importantes para a vitória contra o nazismo.

Após isso, a categoria manteve um padrão de duas ou três obras indicadas até meados dos anos 60, e que tiveram alguma importância apenas na época: na maioria das vezes filmes produzidos para a exploração e registro da natureza, a câmera de cinema como um olhar curioso e possibilidade de trazer o mundo, das regiões mais distantes aos animais mais exóticos e até mesmo os mistérios do fundo do mar (o próprio Jacques Cousteau venceu dois Oscars), para o espectador.

A partir de 1964 ficaram fixos cinco indicados, com documentários com menos cara de um especial National Geographic, de temas políticos e culturais, tanto pelas transformações sociais que passavam os EUA quanto a distância dos horrores da guerra que permitia a realização de filmes mais críticos e reflexivos. O grande problema com o documentário, em termos de Oscar, é que trata-se de premiar filmes que não costumam ganhar as telas do cinema, sempre povoadas por filmes de ficção que, de uma forma ou de outra, cativam o espectador pelas histórias narradas no registro do drama, da comédia, horror, aventura, etc. O documentário tem para muitos um caráter “didático”, com público muito restrito que se interessa em ver numa sessão no cinema e mesmo estes também têm seus critérios, importando-se mais com os temas abordados do que qualquer inovação ou utilização da linguagem cinematográfica como forma de expressão.

Uma consequência disso é a ausência quase completa de documentários em outras categorias do Oscar, uma vez que como longa metragem e exibição nos cinemas, são aptos a concorrerem nas demais: The Quiet One (1948) é até hoje o único documentário que recebeu uma indicação de Roteiro; Woodstock (1970) é o único a ter sido indicado em Melhor Som, e o primeiro documentário a ser indicado em Melhor Montagem (prestígio de Thelma Schoonmaker, que monta os filmes de Martin Scorsese), algo que só viria a ocorrer apenas mais uma vez em 1994, com Basquete Blues (Hoop Dreams). Com três indicações, Woodstock ainda hoje é o documentário recordista em número de categorias, tendo este ano um companheiro, Fuga, que concorre de forma menos habitual sem exatamente reconhecimento em categorias técnicas: Documentário, Animação e Filme Internacional.

Mas voltando ao Basquete Blues (1994), este é responsável pela maior polêmica da categoria e uma das maiores da história da Academia: quando o filme de Steve James não apareceu entre os indicados a Melhor Documentário, o crítico Roger Ebert, que havia considerado este o melhor filme do ano (e posteriormente, o melhor da década), revelou o bizarro processo para escolha dos indicados, onde o comitê responsável (um reduzido número de votantes da Academia que se voluntariava para assistir aos documentários elegíveis) via os filmes com lanternas em mãos, podendo acendê-las em direção a tela a partir de 15 minutos de projeção; caso houvesse um número expressivo de luzes acesas, a sessão poderia ser encerrada. Segundo Ebert, Basquete Blues não passou dos 20 minutos. O escândalo e comoção foram tantos que, pela primeira vez na história da Academia, e até hoje única, foi solicitada a revelação do processo eleitoral de uma categoria do Oscar (as cédulas de votação sempre foram computadas pela empresa Pricewaterhouse e em sigilo absoluto), quando se descobriu que o método de escolha, com votantes dando notas de zero a dez aos filmes vistos, era sabotado pela maioria, que dava notas 10 aos seus 5 filmes prediletos e nota 0 aos demais. Aparentemente Basquete Blues teve o maior número de notas 10 entre os mais de 60 documentários em disputa, porém as notas zero deixaram o filme na sexta posição.

Com isso, a Academia fez algumas mudanças, dividindo votantes em subgrupos e mudando a avaliação mínima para 6, mas levou alguns anos ainda para que finalmente se formasse um “braço” de documentaristas, que ficaria a cargo das indicações.

De qualquer forma, as escolhas sempre acabavam em filmes que, sem exibição internacional nos cinemas, também dificilmente chegariam em home video e o público de outros países raramente conseguiria assistir algo. Cineastas importantes da área, como Frederick Wiseman, Albert e David Maysles, nunca sequer tiveram algum filme indicado, enquanto outros como D.A. Pennebaker e Werner Herzog foram reconhecidos apenas por um de seus filmes, embora apenas com indicação, sem vitória - respectivamente, The War Room (1993) e Encontros no Fim do Mundo (2007).

A chegada do DVD facilitou o acesso a diversos documentários a partir dos anos 2000, e o streaming não só se tornou espaço para encontrar facilmente muitos dos principais documentários do ano, mas também investidora de produções: a Netflix, por exemplo, venceu a categoria por três vezes nos últimos quatro anos.

Já em relação a Animação, não tenho muito a dizer. Se é quase impossível encontrar vencedores do Oscar de Melhor Documentário do século passado, os vencedores da categoria mais jovem da Academia não são apenas fáceis, mas conhecidos e vistos por todo mundo: o prêmio de Animação foi criado apenas em 2001, uma década após o “renascimento da Disney” e que através da PIXAR também revolucionava a tecnologia e um refinamento narrativo que tornava as animações um típico produto de consumo para crianças mas de igual fascínio para adultos; ironicamente, os dois primeiros prêmios da Academia foram para Shrek (2001), primeiro produto do novíssimo estúdio de animações da Dreamworks, e o japonês A Viagem de Chihiro (2001, porém lançado nos EUA no ano seguinte), do mestre do gênero Hayao Miyazaki, dos Studios Ghibli.

Mas o domínio da Disney logo começou e dura até hoje: em 20 anos de prêmio, são 11 para a PIXAR e outros 3 para suas animações “tradicionais”. Então listo abaixo apenas os que saíram do lugar-comum.

Vencedores do Oscar de Documentário que estão disponíveis nos streamings do Brasil:

Prelúdio de uma Guerra (Prelude to War, 1942): Oldflix

O Deserto Vivo (The Living Desert, 1953): Disney Plus

Woodstock - 3 Dias de Paz, Amor e Música (Woodstock, 1970): aluguel/compra na Apple Plus

The Last Days (idem, 1998): Netflix

Sob a Névoa da Guerra (The Fog of War, 2003): aluguel/compra na Apple TV e Microsoft

Nascidos em Bordéis (Born into Brothels, 2004): Looke (apenas em SD)

Uma Verdade Inconveniente (An Inconvenient Truth, 2006): aluguel/compra na Apple TV, Google Play e Microsoft

O Equilibrista (Man on Wire, 2008): Amazon Prime e Looke

Trabalho Interno (Inside Job, 2010): Netflix, aluguel na Apple TV e Microsoft

Amy (idem, 2015): aluguel/compra na Apple TV

O.J.: Made in America (idem, 2016): Star Plus

Ícaro (Icarus, 2017): Netflix

Free Solo (idem, 2018): Disney Plus

Indústria Americana (American Factory, 2019): Netflix

Professor Polvo (My Octopus Teacher, 2020): Netflix (inclusive em 4k)

E vencedores do Oscar de Animação que destaco e disponíveis nos streamings do Brasil:

A Viagem de Chihiro (Spirited Away, 2001): Netflix

Wallace e Gromit: A Batalha dos Vegetais (Wallace & Gromit: The Curse of the Were-Rabbit, 2005): aluguel/compra na Apple TV

Happy Feet: O Pinguim (Happy Feet, 2006): HBO Max, aluguel na Amazon Prime, aluguel/compra na Apple TV e Microsoft

Rango (idem, 2011): HBO Max, Netflix, Amazon Prime, Globoplay, aluguel/compra na Apple TV (inclusive em 4k), Google Play e Microsoft

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Sobre o autor:

Gosta de cinema pra valer desde os 14 anos, já teve videolocadora e agora vê uns filmes nos streamings que mataram seu negócio. Twitter: @helioflores
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