A dica de hoje parece ir um pouco na contramão do propósito de indicar filmes menos populares e às vezes até escondidos nos streamings, afinal Yaksha: Operação Implacável (2020) estreou há dez dias na Netflix e foram dois fins de semana entre os 10 filmes mais vistos na plataforma. Mas talvez seja reflexo da força que as produções coreanas alcançou no serviço e um filme de ação com Park Hae-Soo, um dos atores de Round Six, pode ter atraído a atenção do usuário comum (leia-se: assinante que assiste ao que há de novo e em destaque, não necessariamente com algum “grau” de cinefilia ou que busque informações e dicas de filmes na internet).

O filme traz uma clássica trama de espionagem, com direito a missões suicidas, reviravoltas e traições, com dois mocinhos principais que têm visões opostas de como realizar o serviço em nome da lei, mas que serão obrigados a trabalhar juntos e aprender um com o outro a serem menos rígidos nas suas crenças. O personagem de Park é um Promotor de Justiça que, ao perder o importante cargo que ocupa, tenta reaver seu prestígio aceitando um trabalho que consiste em fiscalizar o que uma equipe de operações secretas do governo coreano faz em Hong Kong. O líder dessa equipe é o Yaksha do título (o ator Sol Kyung-Gu), apelido que se refere a um espírito implacável e assustador e, de fato, o homem não pensa duas vezes ao usar a força, a violência e o assassinato de inimigos para cumprir suas missões, como muito bem estabelecido na sequência de abertura. O Promotor, ao contrário, acredita que a lei deve ser rigorosamente respeitada e cumprida, e o conflito está armado ao logo perceber que um número obsceno de leis é desrespeitada no cotidiano dessa equipe que, no momento, está com a missão de resgatar e proteger uma pessoa procurada por outros espiões, numa trama que envolve as duas Coréias, a China e o Japão.

Esse é o ponto de partida do filme dirigido por Hyeon Na, roteirista coreano apenas em seu segundo longa como diretor. Yaksha, na verdade, após a boa cena de ação do início, parece um pouco confuso ao apresentar seus personagens, mas assim que as relações são estabelecidas, o filme ganha ritmo e flui bem entre os vários desenvolvimentos do intrincado roteiro e a adrenalina constante de perseguições, tiroteios e confrontos físicos. O carisma dos protagonistas, alguns personagens periféricos de interesse e o bom uso das luzes e cores que iluminam a noite de Hong Kong ajudam a manter o interesse pelas duas horas de filme, com direito a créditos finais que acenam para possibilidades futuras. Quem sabe uma franquia de sucesso?

Yaksha não chega a ser um grande filme: suas reviravoltas só surpreendem quem estiver vendo uma trama de espionagem pela primeira vez na vida e, para um filme que envolve coreanos, japoneses e chineses como inimigos, é decepcionante a falta de mais confrontos corpo a corpo e uma boa coreografia poderia explorar artes marciais distintas dos personagens para um melhor espetáculo. Mas é uma diversão bastante competente que reforça que o gênero vive bem, e às vezes melhor, em outros cinemas que não seja o americano.

Yaksha: Operação Implacável está disponível na Netflix Brasil.

Outros filmes asiáticos similares que estão no serviço:

Headshot (2016), Timo Tjahjanto e Kimo Stamboel

Rastros de um Sequestro (2017), Jang Hang-jun

A Noite nos Persegue (2018), Timo Tjahjanto

Noite no Paraíso (2020), Park Hoon-Jung

Tempo de Caça (2020), Yoon Sung-Hyun

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