Algumas questões pessoais me deixaram ausente deste espaço, o que ainda deve ocorrer por um tempo, mas tentarei retornar aos poucos. Enquanto isso, um apanhado do que entrou de mais interessante nos streamings nas últimas semanas:
Primeiro, vamos aos serviços gratuitos: nunca é demais lembrar que o Sesc Digital tem novidades em sua plataforma toda quinta-feira, com tempo limitado. Estão em alta definição e é só dar play no que deseja, sem necessidade de cadastro. O melhor é sempre priorizar o que está para sair, então se você nunca viu, só fica por mais dois dias (até 14 de agosto) o muito simpático documentário nacional Vou Rifar Meu Coração (2012), de Ana Rieper, sobre esse gênero musical romântico popularmente conhecido como brega, a partir de histórias de amor contadas por pessoas comuns e dos artistas que se destacaram com músicas de sucesso como Amado Batista, Odair José e Wando. É curto e delicioso; por uma semana a mais (até 21 de agosto), está disponível o belo Visita ou Memórias e Confissões (1982), filme-testamento do português Manoel de Oliveira, realizado quando o cineasta tinha 74 anos mas na condição de ser lançado apenas após a sua morte - o que viria acontecer 33 anos depois, tendo feito filmes até o fim, aos 107 anos de vida; também até esta data, um drama gay intenso e de muita sensibilidade, o pouco conhecido e visto Deixe a Luz Acesa (2012), de Ira Sachs, considerado um dos dez melhores filmes de 2012 pela prestigiada Cahiers du Cinéma; e até o fim do mês, 29 de agosto, é possível ver alguns clássicos do horror de épocas diferentes: o alemão O Gabinete do Dr. Caligari (1920), dos maiores representantes do expressionismo alemão, o inglês Drácula - O Vampiro da Noite (1958), com o famoso personagem imortalizado pelo ator Christopher Lee, e os americanos “B” A Invasão dos Discos Voadores (1956) e A Pequena Loja dos Horrores (1960), este último de Roger Corman, um dos cineastas mais influentes para a Hollywood que se configurava na década de 60, e que traz uma ponta marcante de um ator que também entraria para a história, um jovem e novato Jack Nicholson. Nada disso lhe interessa? Com um pouco mais de tempo na plataforma (até 14 de setembro), estão Cabra Marcado Para Morrer (1984), apenas um dos maiores filmes brasileiros já feitos, o drama polonês de sucesso de crítica Guerra Fria (2018) e o francês Piaf - Um Hino ao Amor (2007), que deu o Oscar de Melhor Atriz a Marion Cotillard e que está sumido das demais plataformas de streaming (conforme a lista de vencedoras do prêmio que destaquei aqui).
Ainda filmes que podem ser vistos gratuitamente, o CCSPLAY está com uma Mostra chamada “Minha Vida Sem Mim”, com quatro filmes em que protagonistas jovens de idades diferentes lidam com situações-limite de maneiras únicas e peculiares: além do filme da Isabel Coixet que dá nome à Mostra (com uma excelente Sarah Polley), há o belga Minha Vida em Cor de Rosa (1997), o canadense Mommy (2014) e o norueguês Thelma (2017). Os filmes ficam disponíveis até 31 de agosto.
Não é de graça, mas é quase: a MUBI Brasil está oferecendo três meses de assinatura por apenas dez reais. É uma promoção por tempo limitado e o site não informa até quando. É só o não-assinante entrar na página inicial que a oferta aparecerá (se não tiver nada, é porque já era). Entre as últimas novidades que chegaram por lá, está Crimes of the Future (2022) de David Cronenberg, que competiu no Festival de Cannes; Memoria (2021), do tailandês Apichatpong Weerasethakul, que venceu o Prêmio do Júri em Cannes; os elogiados, e muito diferentes entre si, Faya Dayi (2021) e Minhas Férias Com Patrick (2020); e o clássico documentário de Joaquim Pedro de Andrade, Garrincha, Alegria do Povo (1962).
Entre os lançamentos nas plataformas mais utilizadas, a Netflix traz Jamie Foxx como um caçador de vampiros em Dupla Jornada, além de Carter, filme sul-coreano de ação ininterrupta que é preciso encarar seus primeiros minutos para se ter uma ideia do seu estilo, que se seguirá pelas mais de duas horas de duração, e decidir se continuará vendo ou não; o Starplus traz um inesperado sucesso de ação e terror, O Predador: A Caçada, mais novo filme da franquia (e não é preciso ver os anteriores) e os igualmente elogiados A Princesa e Concorrência Oficial; o Amazon Prime com o mais recente e sempre fascinante gênero “filme de Liam Neeson”, Assassino Sem Rastro, e o novo filme de Ron Howard baseado na história real do resgate de um time mirim de futebol preso numa caverna da Tailândia, Treze Vidas - O Resgate; a Globoplay já disponibiliza em seu acervo o drama distópico de Lázaro Ramos, Medida Provisória e, para os que também assinam o Telecine, o épico drama de Marco Bellocchio sobre a máfia italiana, O Traidor, além de um pequeno e belo drama de imigração chamado Limbo; Por fim, o maior destaque da HBO Max é o vencedor do Leão de Ouro de Melhor Filme no último Festival de Veneza, o francês O Acontecimento, em que uma jovem nos anos 60 tenta realizar um aborto, quando a prática era ilegal no país. O filme chamou atenção pela abordagem de um tema que ainda continua urgente, obra “irmã” de outro difícil filme recente, e que já escrevi um pouco a respeito aqui, o americano Nunca, Raramente, Às Vezes, Sempre.
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