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Cinco sequestros fora do comum Clube dos Cinco

Capitão Phillips dramatiza a história real do comandante de um navio cargueiro sequestrado por piratas somalianos em 2009. O diretor Paul Greengrass consegue transmitir na tela a tensão que Phillips, interpretado por Tom Hanks, viveu enquanto tentava salvar sua tripulação. Tendo o longa como ponto de partida, nosso Clube dos Cinco lembra de outros filmes com sequestros tão inacreditáveis quanto o de Capitão Phillips, embora todos - exceto um - sejam fictícios.

O Sequestro do Metrô (The Taking of Pelham One Two Three, 1974, EUA, dir.: Joseph Sargent) – por Renato Silveira

A maior parte do público hoje deve conhecer O Sequestro do Metrô como o filme de ação de 2009, dirigido por Tony Scott, com John Travolta e Denzel Washington no elenco (e que traz os números “1 2 3” no final do título). Trata-se, na verdade, da refilmagem de um longa dos anos 70, pouco lembrado até o remake ser feito. 

Dirigido por Joseph Sargent e protagonizado por Walter Matthau e Robert Shaw, O Sequestro do Metrô é baseado no livro de Morton Freedgood sobre um grupo de criminosos que faz reféns os passageiros de uma composição do metrô de Nova York. Eles exigem 1 milhão de dólares (insira aqui a risada do Dr. Evil) como resgate, a ser pago dentro de uma hora, sob a ameaça de matar um passageiro por minuto após o término do prazo. Os sequestradores adotam cores como codinomes, o que serviu de inspiração para Quentin Tarantino batizar os personagens de Cães de Aluguel (1992).

Com trilha sonora envolvente de David Shire, é um filme elegante, que Scott refez usando todos os seus maneirismos e pirotecnias visuais que, por vezes, tornam as cenas incompreensíveis (pense em “Domino num trem”). Mas é bem verdade que ele se redimiu em seu derradeiro trabalho, Incontrolável (2010), feito em seguida e, curiosamente, também um “filme de trem” com Denzel Washington no papel principal.

O Sequestro do Metrô também ganhou uma versão televisiva, Inferno Subterrâneo, em 1998, com Edward James Olmos e Vincent D'Onofrio no elenco.

 

Força Aérea Um (Air Force One, 1997, EUA/Alemanha, dir.: Wolfgang Petersen) – por Heitor Valadão

Os filmes de sequestro quase compõem um gênero independente dos filmes de ação. A mídia americana adora simplesmente classificá-los como “Duro de Matar em um navio” (caso de A Força em Alerta) ou “Duro de Matar em um trem” (A Força em Alerta 2). E certamente se um dia existir A Força em Alerta 3, ou mesmo um remake do original, acontecerá a mesma coisa. A diferença é que se mantiverem Steven Seagal no papel principal, provavelmente será uma produção vagabunda direta para home video. Ou então terá algum brutamontes da World Wrestling Federation como protagonista.

Mas talvez o maior exemplo de “Duro de Matar em...” seja Força Aérea Um, de Wolfgang Petersen. Terroristas russos liderados por Gary Oldman sequestram o avião presidencial americano exigindo que um general rebelde seja libertado. É claro que os vilões não contavam que o presidente seria um ex-soldado vivido por ninguém menos que Harrison Ford e seu “dedo da destruição”. É até compreensível Hans Gruber e seus comparsas subestimarem a capacidade de um detetive de televisão mais conhecido por suas piadas do que por sua habilidade com uma arma. Mas ignorar o fato de que seu alvo é ninguém menos que Han Solo, Indiana Jones, Rick Deckard e Jack Ryan, tudo em um único pacote, parece um pouco amador.

Vôo United 93 (United 93, 2006, EUA, dir.: Paul Greengrass) – por Luísa Gomes

Antes de filmar um sequestro em alto mar em Capitão Phillips, o diretor Paul Greengrass enfrentou em Vôo United 93 o desafio de narrar uma história cujo final trágico já era conhecido pela maior parte do público. O longa acompanha em “tempo real” os 90 minutos de agonia enfrentados pelos passageiros do vôo que saiu de Newark com destino a São Francisco, mas acabou sendo sequestrado por terroristas com o objetivo de jogar o avião na Casa Branca, sede do governo americano, no trágico dia 11 de setembro de 2001.

Com tom documental, Greengrass mostra o percurso das vítimas desde a descoberta do acidente planejado pelos quatro terroristas até a decisão de sacrifício tomada pelos reféns em razão de um bem maior. Aos poucos, nós "fingimos" não saber do acontecimento noticiado por toda imprensa na época e torcemos por aqueles personagens, graças à técnica apurada de Greengrass para a criação da tensão e o uso do improviso dos atores.

No final dos 90 minutos, nos sentimos exaustos emocionalmente e chocados como se tivéssemos sido transportados novamente para aquela terça-feira de 2001.

Velocidade Máxima (Speed, 1994, EUA, dir.: Jan de Bont) – por Antônio Tinôco

Antes de passar por situações complicadas no espaço em Gravidade, Sandra Bullock dirigiu um ônibus que poderia explodir e matar todos os passageiros a qualquer instante.

Na história estrelada também por Keanu Reeves e Dennis Hopper, um criminoso coloca uma bomba em um ônibus e diz que o veículo será destruído caso a velocidade fique inferior a 80 km/h. A personagem de Bullock assume o volante e é auxiliada por um jovem policial que tenta achar maneiras de desarmar o explosivo. A partir daí, o ônibus acelera pelas ruas, quebrando placas de sinalização, colidindo em carros e até saltando de pontes em construção.

Velocidade Máxima foi um sucesso comercial e ganhou os Oscars de Melhor Edição de Som e Melhor Mixagem de Som. Teve uma continuação em 1997, novamente com Bullock e o diretor Jan de Bont, só que a ação se passa em alto mar. Diferente do original, a sequência foi um fracasso.

Com 007 Só Se Vive Duas Vezes (You Only Live Twice, 1967, Reino Unido, dir.: Lewis Gilbert) – por Renato Silveira

Nós já falamos de sequestros de navio, trem, ônibus, avião (e de prédio também – não venham falar que não nos lembramos de Duro de Matar!). Para encerrar, vamos falar de um filme em que o crime ocorre fora do planeta.

Nada mais natural que o nosso filme seja da franquia James Bond. Em Com 007 Só Se Vive Duas Vezes, de Lewis Gilbert, em plena Guerra Fria, os Estados Unidos acusam a União Soviética de estar por trás do desaparecimento de uma nave tripulada na órbita terrestre. O Reino Unido desconfia da acusação e envia o agente secreto (pela quinta vez interpretado por Sean Connery) em uma missão para desvendar quem está por trás do sequestro espacial.

Apesar de tudo, o filme não se passa no espaço (essa missão – ou mico – ficou para Roger Moore em 007 Contra o Foguete da Morte, de 1979, também dirigido por Gilbert). A trama tem locações principalmente no Japão e Bond nem precisava ir mais longe para estar ocupado. Afinal, no filme ele finge estar morto, recebe treinamento ninja, escala um vulcão, salva um avião de uma queda, se "casa" e ainda alimenta piranhas.

Com 007 Só Se Vive Duas Vezes serviu como base para Mike Myers criar Austin Powers nos anos 90. Não só elementos da trama foram reaproveitados nos três filmes, como o vilão Ernst Stavro Blofeld (papel de Donald Pleasence) é a inspiração direta para a criação do adorável Dr. Evil.

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