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Cinco momentos em que o cinema foi à pré-história Clube dos Cinco

A animação Os Croods apresenta os mais novos homens da caverna do cinema. Numa viagem no tempo, o Clube dos Cinco partiu atrás de outros filmes que remontam à pré-história - sendo que alguns deles se passam em tempos anteriores ao dos neandertais.

Os Flintstones (The Flintstones, 1994, EUA, dir.: Brian Levant) – por Luísa Teixeira de Paula

Não existe filme sobre a Idade da Pedra mais divertido que Os Flintstones, de 1994. Levado para as telonas após 34 anos da estreia do desenho animado de mesmo nome, o longa mostra a moderna vida de uma família de classe média no ano de 1.040.000 a.C. A tecnologia, ainda que primária, é um de seus maiores atrativos: quem iria pensar em um carro que funciona à propulsão humana? Ou em jornais impressos em pedra? Animais servindo como eletrodomésticos, ao mesmo tempo em que um dinossauro e um tigre dente-de-sabre são pets?

O roteiro também é bem atual, com suas ressalvas: Fred Flintstone se torna o vice-presidente da firma em que trabalha, inaugurando uma vida de novos ricos ao lado de Wilma e Pedrita (seria este um prenúncio da ascensão da Classe C, assunto tão em voga ultimamente?), enquanto seus vizinhos Barney, Betty e Bambam passam por dificuldades financeiras. A amizade é abalada, mas nada como um esquema de corrupção envolvendo o patriarca Flintstone como bode expiatório para restabelecer os laços.  

Se uma aventura da família mais moderna dos tempos idos não foi suficiente, uma prequel do filme foi lançada em 2000: Os Flintstones em Viva Rock Vegas. Yabadabadoo! 

A História do Mundo: Parte 1 (History of the World: Part I, 1981, EUA, dir.: Mel Brooks) – por Renato Silveira

Paródia de filmes históricos e épicos, A História do Mundo: Parte 1 começa fazendo uma referência a 2001: Uma Odisseia no Espaço com o intertítulo “A Aurora do Homem”. Neste segmento, narrado por ninguém menos que Orson Welles, Mel Brooks coloca homens da caverna como criadores não apenas do fogo, mas também do casamento, da arma e da arte. “E claro, com o nascimento do artista, veio a inevitável placenta... o crítico”, ironiza o narrador.

Numa das cenas, Brooks também imagina como o homem criou a música através de uma “orquestra de gritos”.

O filme segue reconstituindo e misturando passagens bíblicas, como a criação dos Dez Mandamentos, e momentos históricos, como a Inquisição e a Revolução Francesa. O humor de Brooks talvez tenha ficado datado, mas várias passagens do longa continuam impagáveis. Só não procure pela “parte 2”, já que o título do filme também é uma grande brincadeira.

A Guerra do Fogo (La Guerre du Feu, 1981, Canadá/França/EUA, dir.: Jean-Jacques Annaud) – por Heitor Valadão

É difícil dizer qual filme é o maior representante da vida dos homens das cavernas. A Guerra do Fogo certamente não foi o primeiro, mas foi bastante usado por professores do mundo todo após seu lançamento em 1981. Pelo menos em sua época, o filme de Jean-Jacques Annaud foi considerado inovador, especialmente por não possuir diálogos propriamente ditos, já que todos os personagens se comunicam através de grunhidos, gritos e gestos.

No elenco, Everett McGill (que nunca foi muito além de comparsa de vilão de filme B) e Rae Dawn Chong (que esteve em clássicos da Sessão da Tarde como Um Diretor Contra Todos e Comando para Matar). Vale lembrar também que é a estreia de Ron “Hellboy” Perlman na telona, e que desde então ele mostrava que sabia trabalhar bem debaixo de quilos de maquiagem.

A Guerra do Fogo deu também ao seu diretor a oportunidade de fazer a adaptação de O Nome da Rosa, talvez seu filme mais cultuado. 

A Árvore da Vida (The Tree of Life, 2011, EUA, dir.: Terrence Malick) – por Luísa Gomes

De onde viemos? Para onde vamos? Quem somos nós? Estas são as perguntas essenciais que todo ser humano já se fez ou ainda fará. Tais questões existencialistas são abordadas de forma sutil, usando a relação pai e filho, no filme escrito e dirigido por Terrence Mallick, A Árvore da Vida. O mais surpreendente, porém, é que em determinado momento temos contato com a versão do cineasta sobre a origem do universo.

O caos do desconhecido é representado pelo som de "Lacrimosa 2", de Zbigniew Preisner, na trilha sonora, que subitamente dá lugar ao silêncio absoluto de alguns instantes, seguido da explosão que possivelmente é uma ilustração da teoria do Big Bang, na qual o universo está em constante expansão.

O longa não possui uma forma regular de narrativa, seguindo apenas o fluxo de memórias do protagonista Jack O’Brien (Sean Penn) e seus altos e baixos vividos com a família. E um dos mistérios do filme é justamente a ligação entre a sequência da formação do universo e, por consequência, do nosso planeta. 

2001: Uma Odisseia no Espaço (2001: A Space Odyssey, 1968, EUA/Reino Unido, dir.: Stanley Kubrick) – por Larissa Padron

Quem ouve o clássico “Assim Falou Zaratustra“, de Richard Strauss, e não pensa em um macaco com um osso na mão provavelmente tiraria zero em uma prova de referências cinematográficas.

Em 1968, Stanley Kubrick chocou o público ao iniciar 2001: Uma Odisseia no Espaço, uma ficção científica futurista, com uma longa cena na pré-história. O segmento de abertura do filme, "A Aurora do Homem", mostra uma reunião de primatas (usando uma maquiagem impressionante para a época), o famoso monolito e como tudo muda na história da humanidade quando um de nossos antepassados aprende a usar um osso como arma.

Osso que se transforma em uma das maiores e mais geniais elipses temporais da história do cinema.

Para saber mais sobre 2001: Uma Odisseia no Espaço, ouça o Podcast Cinema em Cena dedicado à obra de Stanley Kubrick.

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