Em maio, o Clube dos Cinco reuniu cinco mães detestáveis em uma homenagem às avessas ao Dia das Mães. Nada mais justo agora do que formar o casal com a proximidade do Dia dos Pais. Confira, a seguir, alguns papais que certamente ficarão sem presentes dos filhos, mas que sempre serão lembrados por seus fãs.
ATENÇÃO: os textos e vídeos a seguir podem conter spoilers.
Jack Torrance, O Iluminado – por Tullio Dias
Escritores costumam ser temperamentais e é normal que tenham uma necessidade de ficarem sozinhos para desenvolver o seu trabalho, mas Jack Torrance (Jack Nicholson) acabou exagerando um pouco na sua tentativa de encontrar um lugar sossegado para trabalhar e, ainda assim, poder prosseguir no processo criativo de seu livro. Em O Iluminado (1980), de Stanley Kubrick, forças sobrenaturais acabam afetando a cabeça já meio defeituosa de Torrance e ele transforma a vida de sua esposa e filho em um verdadeiro pesadelo.
Além dos gritos e brigas do personagem, Nicholson protagonizou uma das cenas mais lembradas da história do cinema, quando Torrance usa um machado para destruir uma porta e enfia o seu próprio rosto no meio do buraco para aterrorizar ainda mais a mulher e o filho pequeno (apesar de ele não saber que o garoto - que já estava sendo vítima de estranhas visões - tinha fugido pela janela do banheiro).
O pai dos garotos de E.T. – O Extraterrestre (1982) – por Heitor Valadão
Ele não aparece em cena. Não há um ator que o interprete. Ele sequer tem um nome além de "papai". Mas muito jovens, Elliot, Michael e Gerty passaram a viver apenas com a mãe para que ele fosse viver com uma tal de "Sally". Se analisarmos o diálogo, a irmã mais jovem nem mesmo pergunta pelo pai, pergunta apenas "onde é o México?". Ou seja, sua convivência com o pai foi mínima e continua sendo. O choro da mãe dá a entender que a decisão pela separação também foi bastante unilateral. Além disso, quando Michael e Elliot encontram uma velha camisa do pai na garagem, vê-se que os garotos sentem muito sua falta. Há quanto tempo eles não se vêem? No fim do filme, Elliot está à beira da morte, mas o pai nem aparece. O pior: como alguém consegue abandonar três gracinhas como essas? Será que a mãe vivida por Dee Wallace é tão insuportável assim?
E é assim que Steven Spielberg faz com que um personagem, que nem mesmo tem um rosto, seja um dos mais odiados na história do cinema.
Chucky, O Filho de Chucky – por Tullio Dias
Chucky, também conhecido como o Brinquedo Assassino, surpreendeu o público em A Noiva de Chucky e mostrou que ainda é capaz de reproduzir. O resultado da brincadeira de médico dos bonecos de borracha é o atormentado Glen, que é o protagonista de O Filho de Chucky, lançado em 2004. E verdade seja dita: como pai, Chucky dá um excelente assassino. Logo no primeiro encontro, o coitado do filho é humilhado como uma série de piadas sobre o quanto ele era feio e que os pais dele devem ter ficado com vergonha quando viram aquela criança e se esconderam. Ele mal sabia...
Sem saber nada sobre a verdadeira identidade dos seus pais, Glen tem um choque quando conhece Chucky e Tiffany e acaba criando uma segunda personalidade para conseguir satisfazer os desejos dos pais. Chucky é um verdadeiro paizão e se esforça para ensinar suas técnicas de assassino para o filho, que fica completamente perdido sem saber os motivos que deixaram seus pais tão malucos e porque seu pai é um assassino sádico.
Darth Vader, Star Wars – por Heitor Valadão
O que é pior? Ser subjugado pelo assassino de seu pai ou descobrir que o ser mais odiado da galáxia, na verdade, é o seu pai? Antes do confronto, Luke Skywalker sabe apenas que, além de matar seu pai, o vil Darth Vader também matou seu mentor e amigo Obi-Wan Kenobi. Já Vader sabe que o jovem com quem batalha é seu filho, e ainda assim corta-lhe uma mão fora e o deixa despencar para a morte.
Você se uniria a alguém que diz ser seu pai apenas após cortar fora a sua mão? Alguém que há poucos minutos tentava matá-lo com um sabre de luz? Mesmo sendo sangue de seu sangue, fica bem dificil simpatizar com tal figura paterna.
Dr. Fleming, Perdas e Danos – por Tullio Dias
Está para nascer um pai mais amigo da onça que o Dr. Stephen Fleming (Jeremy Irons) em Perdas e Danos (1992), de Louis Malle. Ele se apaixona perdidamente pela noiva do próprio filho, decide ignorar os riscos de ser flagrado e mergulha de cabeça, corpo e alma em uma relação perigosa em que nada é muito certo. Tudo bem que Anna Barton (Juliette Binoche) tem uma grande contribuição na história toda, mas como é que um filho poderia ser capaz de perdoar uma traição dessa, vinda do homem que deveria ser a pessoa mais confiável do mundo?
Fleming decide aproveitar para liberar todos os seus desejos reprimidos e fica viciado em sua relação obsessiva com a noiva do seu filho, chegando até mesmo a cogitar acabar com o próprio casamento e viver com ela. Mas Anna continua confortável na situação e prefere não desistir nem do casamento nem do caso extraconjugal. Afinal está tudo em família, não é mesmo?
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