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Cinco boas estreias na direção que não estouraram Clube dos Cinco

O calendário de estreias no Brasil costuma ser injusto com filmes menores, que vivem sendo adiados até encontrarem um espaço no superlotado mercado de exibição do país. O exemplo que pauta este Clube dos Cinco é Os Acompanhantes, mais recente trabalho da dupla Shari Springer Berman e Robert Pulcini, diretores de Anti-Herói Americano. Depois de várias mudanças de data, o longa, que deveria ter estreado no último dia 6 de julho, atualmente encontra-se sem previsão de lançamento*. E então chegamos à nossa coluna, que traz Berman e Pulcini acompanhados de outros diretores que fizeram boas estreias, foram tidos como promessas, mas acabaram não estourando como se esperava. Vamos a eles:

*NOTA DO EDITOR: Os Acompanhantes estreou em circuito restrito no Rio de Janeiro e em São Paulo no dia 22 de junho; a estreia em 6 de julho seria em outras capitais, estreia esta que foi abortada pelo distribuidor.

DivulgaçãoShari Springer Berman e Robert Pulcini (Anti-Herói Americano, Diário de uma Babá e Os Acompanhantes), por Renato Silveira

Em 2003, Shari Springer Berman e Robert Pulcini chamaram a atenção da crítica com seu primeiro longa-metragem de ficção – ou quase isso. Anti-Herói Americano é uma cinebiografia de Harvey Pekar, criador dos quadrinhos American Splendor - um sucesso underground dos anos 70 e 80 nos Estados Unidos que versa sobre o cotidiano de Pekar, arquivista de um hospital em Cleveland que sofre de depressão crônica e é dono de um sarcasmo irresistível em seus comentários sobre pequenos dilemas do dia-a-dia. O filme tem o grande trunfo de não ser apenas um filme sobre a vida de alguém, mas um trabalho que colide realidade e adaptação ao colocar o próprio Harvey Pekar em cena, paralelamente à encenação de sua história.

Anti-Herói Americano ganhou o Festival de Sundance em 2003 e rendeu a Berman e Pulcini uma indicação ao Oscar de Melhor Roteiro Adaptado. Além dos diversos prêmios que recebeu, o filme foi responsável por deslanchar de vez a carreira de Paul Giamatti – um ator que já tinha mais de uma década de vida profissional, mas que a partir dali é que realmente encontraria o prestígio que seu nome carrega hoje.

Mas e Berman e Pulcini? Em quase dez anos após Anti-Herói Americano, a dupla que iniciou a carreira com documentários realizou em 2006 um filme para TV sobre a influência dos road movies na cultura americana, no ano seguinte voltou à ficção com a comédia romântica Diário de uma Babá (com Scarlett Johansson, Laura Linney e, novamente, Paul Giamatti) e três anos mais tarde dirigiu Os Acompanhantes, que traz Kevin Kline no papel de um acompanhante de viúvas ricas em Nova York. Nenhum desses filmes teve a mesma repercussão de Anti-Herói Americano, embora também não tenham sido de tudo mal recebidos.

Recentemente, os diretores voltaram a misturar realidade e ficção no telefilme Cinema Verite, que funciona como uma espécie de making of do primeiro reality show a acompanhar a vida de uma família americana. Com Tim Robbins e Diane Lane no elenco, o filme conseguiu três indicações ao Globo de Ouro e nove ao Emmy (vencendo apenas na categoria Melhor Edição). Agora é aguardar por Imogene, comédia que Berman e Pulcini fizeram com Kristen Wiig, Matt Dillon, Annette Bening e Natasha Lyonne, e que tem previsão de estreia para este ano, nos EUA. Será este o filme que recolocará a dupla novamente em evidência?

DivulgaçãoEric Bress e J. Mackye Gruber (Efeito Borboleta e... mais nada), por Heitor Valadão

No começo da década passada, Ashton Kutcher era considerado pela mídia americana como um dos mais promissores atores de televisão. Na série de sucesso That ‘70s Show, o ator logo se destacou pela boa aparência e as risadas que arrancava como o abobalhado Michael Kelso, e isso lhe rendeu algumas comédias de sucesso no cinema, como Cara, Cadê Meu Carro? e Recém-Casados. Mas como todo comediante que não se preza, e já é um exagero chamar Kutcher de comediante, ele queria ser reconhecido por papéis mais sérios e dramáticos. Para isso, escolheu um roteiro sobre viagem no tempo chamado Efeito Borboleta, dos quase iniciantes Eric Bress e J. Mackye Gruber.

Os roteiristas acabavam de conhecer um gostinho do sucesso com Premonição 2, dirigido por David R. Ellis, e decidiram eles mesmos comandar o filme. Só que alguém esqueceu de contar a eles que histórias sobre viagem no tempo são um pouquinho mais complicadas do que as outras. Com uma narrativa que mostra desde a infância do personagem que tinha buracos em sua memória até a descoberta de seus poderes e suas "viagens mentais no tempo", o filme cai em diversas armadilhas que, sob uma análise um pouco mais minuciosa, mostra que há diversos furos em sua lógica. Claro que, para grande parte do público adolescente, isso pouco importa e o filme fez um moderado sucesso e tornou-se cult entre os jovens, especialmente no Brasil (onde suas duas continuações foram lançadas nos cinemas, apesar de terem sido feitas mirando o mercado de homevideo).

Mas depois disso, os diretores acabaram sumindo dos holofotes, produzindo alguns episódios da série Kyle XY e escrevendo o roteiro de Premonição 4. Já na direção, nem sinal de um próximo trabalho.

DivulgaçãoJonathan Dayton e Valerie Faris (Pequena Miss Sunshine e Ruby Sparks), por Larissa Padron

O casal de cineastas Jonathan Dayton e Valerie Faris tinha realizado poucas coisas até 2006: alguns videoclipes, documentários musicais e seus três filhos, mas nunca um longa. E foi então que eles estrearam no formato, não com um filme qualquer, mas com um muito bem-sucedido e vencedor de Oscar.

Pequena Miss Sunshine estreou no Festival de Sundance (óbvio, é um indie) em janeiro de 2006 e arrecadou U$S 100 milhões pelo mundo (uma fortuna perto dos US$ 8 milhões que custou), além de levar para casa o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante para Alan Arkin e o de Melhor Roteiro para Michael Arndt (que seria indicado ao mesmo prêmio quatro anos depois por Toy Story 3), e de lançar atores como Paul Dano e Abigail Breslin.

Tudo isso contando a história de uma família absurdamente disfuncional (tema de todos os filmes indies posteriores) que atravessa o país em uma Kombi, para levar a pequena Olive para participar de um concurso de beleza. Uma história simples, mas que conseguiu fazer muita gente chorar e rir ao mesmo tempo nos cinemas. E depois desse sucesso todo é claro que nos últimos seis anos eles realizaram... nada!

Inexplicavelmente, o casal passou todo este período parado. Será que eles estavam procurando um roteiro tão genial quanto? Descobriremos no dia 28 de setembro, quando estreia no Brasil Ruby Sparks, próxima comédia da dupla, novamente com Paul Dano no elenco.

DivulgaçãoJuan Antonio Bayona (O Orfanato e O Impossível), por Larissa Padron

Assim como Jonathan Dayton e Valerie Faris, o espanhol Juan Antonio Bayona tinha realizado apenas pequenos curtas até 2007, quando decidiu realizar seu primeiro longa, O Orfanato, também com uma criança no centro de sua trama... mas de uma maneira muito mais macabra do que em Pequena Miss Sunshine.

Tudo bem que é mais fácil fazer sucesso com um filme quando se ganha um “Guillermo del Toro Apresenta” no cartaz, além de ter a produção executiva deste, que havia estourado internacionalmente no ano anterior, com O Labirinto do Fauno. Mas O Orfanato não foi apenas um sucesso comercial (o lançamento do longa foi bem modesto), mas também de crítica e de premiações pela Europa, contando a história de uma mãe (Belén Rueda) que decide ir morar com o marido e o filho doente na mesma casa que abrigava o orfanato onde ela viveu quando criança e onde coisas muito sinistras começam a acontecer.

Depois disso, Bayona passou cinco anos sem realizar nem ao menos um curta, mas retornará este ano com mais um drama familiar, só que desta vez mais “grandioso” e em Hollywood. O Impossível narra a vida de uma família durante o tsunami que devastou a Tailândia em 2004 e conta com Naomi Watts e Ewan McGregor no elenco. 

DivulgaçãoDaniel Myrick e Eduardo Sánchez (A Bruxa de Blair e... alguém viu os filmes que eles fizeram depois?), por Tullio Dias

A Bruxa de Blair foi um verdadeiro fenômeno no fim da década de 90 e deixou um legado que influenciou o trabalho de diversos cineastas, como Oren Peli, de Atividade Paranormal. Dirigido pela dupla Eduardo Sánchez e Daniel Myrick, parte do sucesso do filme se deve à forma inteligente de divulgação, que vendia o longa-metragem como se tivesse realmente acontecido. Após o sucesso de A Bruxa de Blair, o cinema parecia ter encontrado dois gênios do cinema de horror, mas acabou que eles nunca mais repetiram o mesmo sucesso.

O último filme de Myrick foi lançado em 2008. The Objective apresenta a história de um grupo das operações especiais em uma missão no Afeganistão que acaba perdido no meio de um Triângulo das Bermudas do Oriente Médio. Já Sánchez se mostrou mais produtivo e lançou recentemente o horror Lovely Molly, em uma tentativa de mostrar que ainda tem muito para mostrar para seus fãs.

De qualquer forma, Myrick e Sánchez andaram comentando que adorariam retornar para um terceiro filme da franquia A Bruxa de Blair, o one hit wonder da vida dos dois cineastas.

MENÇÃO HONROSA

DivulgaçãoMichael Dowse (Ritmo Acelerado, Uma Noite Mais que Louca e Os Brutamontes), por Renato Silveira

Ritmo Acelerado (ou It's All Gone Pete Tong, no título original) é quase um mockumentary, ou falso documentário, sobre um DJ (Paul Kaye) que perde a audição, mas consegue desenvolver uma forma de voltar a trabalhar com o que mais gosta. O diretor e roteirista canadense Michael Dowse criou um personagem tão verossímil que você pode jurar que se trata da história real e trágica de um artista.

Bastante elogiado pela crítica, mas com tímida recepção do público e pouco sucesso em premiações, o filme de 2004 é, na verdade, o segundo de Dowse, que dois anos antes fez a comédia musical Fubar, centrada em dois metaleiros, e, em 2010, dirigiu uma continuação para ela. Foi somente em 2011 que Dowse chegou a Hollywood e fez logo dois filmes. Infelizmente, nenhum “vingou” e ambos chegaram direto em DVD no Brasil (assim como Ritmo Acelerado, diga-se de passagem). São eles: Uma Noite Mais que Louca, com Topher Grace no papel de um rapaz que tenta conquistar uma antiga paixão da escola (o filme também tem Anna Faris, Dan Folger e Teresa Palmer); e Os Brutamontes (Goon), comédia de hockey com Sean William Scott.

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