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Cinco filmes que se passam em um só local Clube dos Cinco

Em cartaz nos cinemas, Deus da Carnificina, de Roman Polanski, se passa inteiro dentro de um apartamento, salvo os dois planos que iniciam e encerram o filme. E em breve, chega aos cinemas Armadilha, que acontece quase todo dentro de um quiosque de caixas eletrônicos. O Clube dos Cinco relembra, então, outros filmes que têm um único cenário durante a maior parte da duração. Vamos à nossa seleção:

12 Homens e Uma Sentença (12 Angry Men, 1957), por Renato Silveira

Divulgação

Muito mais que um drama de tribunal, 12 Homens e Uma Sentença é tido como um dos grandes estudos de personagem da história do cinema. Praticamente todo situado dentro da sala do júri que analisa um caso de assassinato (apenas três minutos se passam fora desse local), o filme marca o início da prolífica carreira de Sidney Lumet no cinema. É o seu primeiro longa-metragem e já por ele o cineasta conquistou sua primeira indicação ao Oscar de Melhor Direção (o filme também foi nomeado às estatuetas de Melhor Roteiro e Melhor Filme em 1958, ano em que A Ponte do Rio Kwai, de David Lean, saiu vencedor). Já o Festival de Berlim deu a Lumet o Urso de Ouro, seu prêmio máximo.

Henry Fonda interpreta o único dos 12 jurados que acredita na inocência do jovem acusado de assassinato, cujo destino pode ser a pena de morte. Deliberando sobre a consequência da decisão que será tomada naquela sala, Fonda – ou “Jurado Número 8”, como é identificado no elenco (os personagens não têm nomes, apenas um número) – provoca a acalorada discussão que derruba a quase unanimidade inicial sobre a culpa do réu. Personalidades entram em conflito, especialmente entre os jurados Número 7 (Jack Warden) e Número 10 (Ed Begley). A sensação de claustrofobia aumenta gradativamente, não apenas pela limitação do espaço, mas pela forma como Lumet trabalha a profundidade de campo.

Uma curiosidade: Jack Klugman, o jurado Número 5, é o único membro do júri ainda vivo.

Festim Diabólico (Rope, 1948), por Larissa Padron

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Festim Diabólico é um marco na brilhante filmografia de Alfred Hitchcock. Não é apenas o primeiro filme da parceria entre o diretor e o ator James Stewart, mas também o seu primeiro em cores, e por mais que ele já tivesse realizado anteriormente a tática de um filme inteiro em apenas um ambiente, em Um Barco e Nove Destinos (1944), ele foi muito inovador ao filmar um longa com pouquíssimos e praticamente imperceptíveis cortes.

O filme é baseado no caso de Leopold e Loeb e narra a história de dois rapazes que, com o intuito de cometer o crime perfeito, matam um “amigo” e decidem dar um jantar para a família do morto no mesmo dia e no mesmo lugar, com o corpo presente durante toda a cerimônia, dentro de um baú. 

O mestre do suspense consegue manter você muito tenso durante os 80 minutos do longa que - com exceção dos créditos iniciais, que ocorrem na rua, e com a famosa aparição do diretor - se passa todo dentro do apartamento, com uma movimentação de câmera impressionante. Para tal, o diretor filmou todo o longa em apenas dez takes, que têm entre quatro minutos e meio e dez minutos cada, e realizou seus cortes se aproximando de um objeto escuro, para que o público não os notasse.

E aparentemente, Hitchcock gostou da ideia minimalista. Seis anos depois, ele chamou James Stewart novamente para estrelar, ao lado de Grace Kelly, outro de seus clássicos: Janela Indiscreta, que se passa praticamente inteiro dentro (de novo) do apartamento do personagem.

Clube dos Cinco (The Breakfast Club, 1985), por Renato Silveira

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Um dos filmes-ícones dos anos 80, Clube dos Cinco batiza a nossa coluna e é outro belo exemplo de filme que se passa num mesmo local. No caso, a biblioteca escolar em que cinco alunos do colegial ficam de castigo num sábado de manhã (daí o título original, que numa tradução seria Clube do Café da Manhã), sendo que eles só serão liberados à tarde. Cada um está ali por um motivo e cada um tem uma personalidade e histórias de vida distintas. Juntos, porém, eles formam o retrato completo de uma geração, motivo pelo qual o filme é tão querido até hoje.

O elenco é formado por Molly Ringwald (a embonecada Claire), Emilio Estevez (o atleta Andrew), Anthony Michael Hall (o esperto Brian), Ally Sheedy (a introvertida Allison) e Judd Nelson (o bad boy John). O diretor da escola, Sr. Vernon (Paul Gleason) é quem fica de olho para que eles cumpram o castigo, que inclui uma redação em que eles devem descrever "quem eles pensam que são". E a partir daí, aqueles cinco jovens começam a se abrir um para o outro e para o público, revelando dramas e medos pessoais que desconstroem os estereótipos e tocam fundo nas expectativas que rondam a adolescência, como o temor de não corresponder ao que os pais esperam deles (da gente).

Dirigido pelo papa das comédias dos anos 80, John Hughes, Clube dos Cinco tem seus momentos cômicos e inesquecíveis, mas é acima de tudo um drama sensível e sincero, que consegue captar com precisão as emoções de uma época que você, que está lendo esta coluna, possivelmente já viveu ou está vivendo.

Enterrado Vivo (Buried, 2010), por Tullio Dias

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Tem gente que costuma se sentir incomodado com cenas de filmes que se passam dentro de um elevador. Esse tipo de pessoa não pode nem sonhar em assistir a Enterrado Vivo, onde a claustrofobia e sensação de sufoco é ainda maior, já que o filme inteiro se passa dentro de um caixão. Ainda que a ideia de um caixão lembre quase que imediatamente os filmes de vampiros, a situação aqui não abre espaço para dentuços que brilham ou não. O filme dirigido por Rodrigo Cortés coloca Ryan Reynolds no papel principal, de um homem que precisa lidar com toda a burocracia do mundo para conseguir comunicar para as pessoas que foi vítima de um sequestro no Iraque. 

Foram utilizados sete caixões diferentes nas filmagens, que foram um verdadeiro teste para Reynolds mostrar as suas qualidades como ator. Curioso notar que mesmo se passando em um único (e apertado) ambiente, a produção consegue deixar o espectador mais tenso do que muitos outros filmes de ação que investem em efeitos especiais e sequências mirabolantes. Cortés mostra que mesmo com o protagonista deitado e com a companhia apenas de um isqueiro "camarada", quando se tem uma boa ideia, não é preciso inventar muito. 

Por Um Fio (Phone Booth, 2002), por Larissa Padron

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Joel Schumacher. Diretor de Batman & Robin, Número 23, Reféns... Mas tudo bem, também não vamos esquecer que é o mesmo diretor de Os Garotos Perdidos, Um Dia de Fúria e o ótimo Por Um Fio, que está na nossa lista por se passar quase inteiro em uma cabine telefônica.

Mesmo em uma realidade já meio ultrapassada de nós (quantos “orelhões” existem hoje? E você já viu uma cabine no Brasil, dessa toda fechada?), assim como Hitchcock fez em seus filmes minimalistas, o diretor consegue nos deixar tensos e temer por aquele homem chantageado e com toda a vida ameaçada por uma simples voz do outro lado da linha. O homem em questão é Stu Shepard, interpretado por Colin Farrell, queridinho de Schumacher e de Hollywood, na época.

A semelhança com o clima de Hitchcock talvez se deva ao fato do roteirista, Larry Cohen, ter originalmente tido a ideia para um filme do mestre do suspense, na década de 60, que acabou não se realizando porque nenhum dos dois conseguia pensar em uma maneira de manter o protagonista o tempo todo em uma cabine telefônica. Nos anos 90, Cohen finalmente pensou no atirador e acabou escrevendo o roteiro em menos de um mês.

E fique feliz que Michael Bay, o primeiro diretor cotado para este roteiro, acabou não aceitando...

Menção Honrosa

Quarto do Pânico (Panic Room, 2002), por Tullio Dias

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Tudo bem que Quarto do Pânico, de David Fincher, não possui nenhuma relação com o famoso conto O Barril de Amontillado, de Edgar Allan Poe, mas é inevitável pensar em lugares apertados e não lembrar logo do cruel destino de Fortunato. O longa-metragem apresenta uma mãe solteira (Jodie Foster) e sua filha (Kristen Stewart) que se mudam para uma luxuosa casa e são vítimas de um assalto. Para a sorte da dupla, a casa possui um quarto especial contra furtos e que garante a segurança dos moradores. Os larápios (vividos por Forest Whitaker, Jared Leto e Dwight Yoakam) ficam frustrados e irritados com a situação, especialmente por acharem que a casa estava vazia e que eles queriam justamente o que estava escondido dentro do tal quarto impenetrável. 

Nas mãos e olhos de Fincher, uma trama com uma narrativa com grande potencial para ser repetitiva e monótona ganha contornos especiais e se transforma em algo bem mais interessante que o imaginado. De uma maneira surpreendente, ainda que o filme não se passe inteiramente dentro do cômodo, Quarto do Pânico consegue criar uma grande atmosfera de suspense e envolver o espectador até deixá-lo sem ar.

Quer incluir em nosso clube algum outro filme que se passa (todo ou quase todo) em um só local? Deixe seu comentário e colabore com nossa discussão!

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