O subtítulo brasileiro de Projeto X – Uma Festa Fora de Controle já resume bem o tema do Clube dos Cinco desta semana. Mas não espere encontrar aqui só outras festas lotadas de adolescentes querendo “se dar bem” e encher a cara, apenas para serem frustrados pelos pais ou pela polícia. Separamos cinco filmes em que festas também deram errado, mas por motivos diversos. Confira!
Aviso: os textos e os vídeos a seguir podem conter spoilers.
CARRIE, A ESTRANHA (Carrie, 1976, dir.: Brian De Palma), por Tullio Dias
Carrie (Sissy Spacek) nunca foi feia, tampouco bonita o suficiente para atrair os olhares maliciosos de seus colegas de escola. Obrigada a lidar com o conflito do seu próprio amadurecimento sexual com a forte criação religiosa recebida da mãe, Carrie se surpreende ao ser convidada para ir ao baile com um dos garotos mais populares da turma. Ingênua, aceita o convite e briga com a mãe, que não está disposta a deixar a filha ir até a festa e conviver com os pecados da aflorada carne fraca dos jovens.
A festa deveria funcionar como uma reconciliação de Carrie com seus invejosos colegas e tudo ia muito bem, até que uma mocreia vingativa resolve arruinar o conto de fadas. Por conta da maldade de uma única pessoa, o baile de formatura foi completamente arruinado e a festa deu muito errado até mesmo para quem nunca praticou o chamado bullying com a desamparada Carrie.
Consumida pelo ódio e a vergonha da humilhação, Carrie decide liberar toda a sua raiva acumulada. O resultado é uma verdadeira festa de arromba.
QUANTO MAIS QUENTE MELHOR (Some Like It Hot, 1959, dir.: Billy Wilder), por Larissa Padron
Billy Wilder é um mestre em contar histórias em que situações fogem do controle, por isso, as festas em seus filmes não poderiam ser diferentes. Em Sabrina (1954), uma taça de champanhe mal posicionada estraga os planos de David (William Holden) e Sabrina (Audrey Hepburn) durante a luxuosa festa da família e por todo o filme. Em Beija-Me, Idiota (1964), a festinha planejada pelos personagens de Ray Walston e Cliff Osmond, para tentarem vender algumas de suas músicas a Dean Martin, também toma proporções inesperadas. Mas é em Quanto Mais Quente Melhor que a confusão mais sai dos eixos, tornando-se um dos momentos mais divertidos do filme mais engraçado da história, segundo o American Film Institute.
Jerry, interpretado por Jack Lemmon e àquela altura já travestido como Daphne, decide dar uma “festinha particular” para Sugar (Marilyn Monroe) em seu beliche no trem onde viaja com uma banda só de mulheres. O plano era embebedar a garota para então conquistá-la e contar para ela que ele, na verdade, é um homem. Mas acaba que todas as integrantes da banda decidem participar da celebração, ocupando o minúsculo beliche. Durante toda a confusão, é Josephine (interpretada por Tony Curtis) quem decide conquistar Sugar.
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NAMORADA DE ALUGUEL (Can’t Buy Me Love, 1987, dir.: Steve Rash), por Heitor Valadão
Para muitos, Patrick Dempsey é mais conhecido como Derek Shepherd, o bonitão doutor McDreamy da série Grey’s Anatomy. Mas Dempsey já foi mais conhecido por ser o feioso Ronald “Mcdonald” Miller, que precisava pagar a líder de torcida Cindy Mancini, interpretada pela bela Amanda Peterson, para fingir ser sua namorada durante um mês. Tudo para ele se tornar popular.
O plano funciona bem. Até que a cheerleader se apaixona pelo bobo, que agora já não é mais bobo e tem a seus pés as garotas mais belas da escola. Que hora melhor do que a festa de ano novo para contar a verdade a todos os novos amigos de Ronald?
Ronald é expulso da festa a poucos minutos da meia-noite. Uma triste versão de “Auld Lang Syne” toca enquanto ele caminha para casa. Inclusive quando seus antigos amigos nerds passam de carro e comentam: “Poderia ser pior, podíamos ser aquele cara”.
CLOVERFIELD – MONSTRO (Cloverfield, 2008, dir.: Matt Reeves), por Tullio Dias
Imagine a situação de Rob (Michael Stahl-David). Ele está prestes a viajar para trabalhar no Japão e seus amigos organizam uma festinha de despedida no seu apartamento. Muita música boa, gente bonita, mensagens de boa sorte e, claro, a ex-namorada (Odette Yustman) acompanhada de um marmanjo qualquer. Isso abala o coitado do Rob, que não resiste e acaba discutindo com a ex. Mas a festa só deu errado mesmo depois que um monstro gigante invade Nova York e arremessa a cabeça da Estátua da Liberdade contra os grandes edifícios da cidade.
Convencido de que está apenas preocupado em descobrir se a ex-namorada, por quem ele ainda é apaixonado, chegou bem em casa, Rob e seus amigos partem em busca da garota. No meio do caminho, descobrem mais sobre o perigoso monstro que arruinou ainda mais a noite e a festa de Rob.
QUASE FAMOSOS (Almost Famous, 2000, dir.: Cameron Crowe), por Larissa Padron
Em Quase Famosos, Cameron Crowe colocou muito de suas experiências pessoais como repórter para a revista Rolling Stone, incluindo as festas das quais participou junto às bandas que acompanhou em turnês. Como aquela em que o personagem principal (interpretado pelo garoto Patrick Fugit) perde a virgindade com algumas groupies (algo que realmente aconteceu com Crowe). Mas a melhor cena de festa do filme é de uma que deu errado, quando Russell Hammond (Billy Crudup), guitarrista da fictícia banda Stillwater, sobe em um telhado de uma casa, sob o efeito de ácido, alegando ser um “deus dourado”, antes de pular na piscina.
Em entrevistas, foi declarado uma vez que essa cena foi inspirada em Robert Plant, da banda Lez Zeppelin, que disse a mesma coisa, só que sóbrio, ao olhar para a Sunset Strip, na Califórnia, da varanda de seu hotel.
Menção Honrosa: BATMAN BEGINS (2005) & BATMAN – O CAVALEIRO DAS TREVAS (The Dark Knight, 2008), por Tullio Dias
Christopher Nolan não deve ter boas lembranças de festas e resolveu expor seus traumas para os fãs do Homem-Morcego. Tanto em Batman Begins quanto em O Cavaleiro das Trevas, as celebrações envolvendo Bruce Wayne (Christian Bale) acabam dando muito errado e deixam todos os convidados não apenas constrangidos, mas correndo sérios riscos.
Em Batman Begins, Ra’s Al Ghul ressurge dos mortos e com vários capangas espalhados pela mansão Wayne, obrigando o anfitrião a bancar o playboy mimado e alcoólatra e expulsar todos os convidados antes dos problemas começarem a esquentar - literalmente. Bruce Wayne é chamado de esnobe e ainda tem que ouvir que seus pais não teriam orgulho dele.
Já em O Cavaleiro das Trevas, o Coringa (Heath Ledger) invade a cobertura de Bruce e interrompe a festa beneficente para a campanha de eleição do promotor Harvey Dent (Aaron Eckhart). Enquanto espera o Batman se revelar, o palhaço do crime acaba se dando muito mal ao tentar usar seu charme na nada indefesa Rachel Dawes (Maggie Gyllenhaal).
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