Batman e Robin (1997)
Grandes elencos em produções importantes passaram a ter uma enorme chance de se transformarem em fiascos depois de 1997, ano em que Batman e Robin chegou aos cinemas. Como se não bastasse colocar Arnold Schwarzenegger como o vilão Sr. Frio, Uma Thurman como a vilã Hera Venenosa e George Clooney como Bruce Wayne/Batman, o longa-metragem ainda pecou por introduzir o vilão Bane (Jeep Swenson) como um capanga bombado da sedutora personagem de Thurman, algo bem longe da realidade do personagem nos quadrinhos e do que (provavelmente) será visto em Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge.
Dirigida por Joel Schumacher, a produção é um verdadeiro festival de bizarrices. Gotham City se transforma numa cidade colorida, o vilão parece fantasiado para o desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro, Batman e Robin possuem bat-cartões de crédito e assim por diante. Uma verdadeira lição de que contar com um elenco grandioso acaba não sendo uma opção tão interessante assim. Sam Raimi e a Sony se esqueceram do fiasco da Warner e fizeram o mesmo em Homem-Aranha 3, que embora não tenha um elenco estelar, exagera na dose de vilões.
O reconhecimento do fiasco de Batman e Robin veio com as 11 indicações ao Framboesa de Ouro (incluindo uma indicação na curiosa categoria “Pior Desrespeito Irresponsável Pela Vida Humana e Propriedade Pública”). Mas o filme só levou para casa o prêmio de pior atriz coadjuvante (Alicia Silverstone, a Bat-Girl).
A Warner Bros ficou tão traumatizada com a recepção da crítica/público, que os executivos queriam matar qualquer pessoa que mencionasse o nome do Homem-Morcego nos corredores do estúdio. Até que em 2005, Batman Begins reiniciou a franquia e recuperou a moral perdida no filme de Joel Schumacher.
Lendas da Paixão (1994)
Um vencedor do Oscar. O bonitão do momento. O protagonista de um dos maiores sucessos da história. O que pode dar errado? Muita coisa, se você deixar o diretor Edward Zwick no comando.
Em uma vã tentativa de dominar o melodrama, Zwick conta a história de três irmãos, Tristan (o galã Brad Pitt), Samuel (o caçula Henry Thomas) e Alfred (o mais velho e mais chato Aidan Quinn) que acabam disputando o amor de uma mesma mulher, Julia Ormond (a sem graça). Para completar, o pai dos rapazes é vivido pelo veterano Anthony Hopkins, que não esconde sua preferência pelo garoto problema Tristan.
Depois de um início promissor, o filme desmorona rapidamente quando decide não focar em nenhum de seus personagens, mas contar a história pelo ponto de vista do índio Facada, resultando em uma morte, um irmão mulherengo e inconsequente e um outro invejoso e manipulador. Tudo isso em uma tentativa fracassada de usar belas paisagens e cenários canadenses.
Ishtar (1987)
Tido como um dos maiores fracassos de bilheteria de todos os tempos, Ishtar reuniu os vencedores do Oscar Dustin Hoffman e Warren Beatty no elenco principal. Parte do alto orçamento da produção se deve ao cachê dos atores: US$ 5 milhões para cada um, uma quantia considerável para a época. Muita polêmica surgiu na mídia, principalmente porque a dupla recebeu antes do início das filmagens.
E os problemas financeiros foram realmente os principais motivos que tornaram Ishtar um filme maldito. Brigas entre a equipe do filme e representantes do estúdio interferiram nas filmagens e na pós-produção. O longa custou US$ 55 milhões, sendo que a arrecadação foi de apenas US$ 14,3 milhões. Isso pegou tão mal que a diretora Elaine May sequer se arriscou a dirigir outro filme novamente, apesar de ter seguido com sua carreira de atriz e roteirista (sendo inclusive indicada pela segunda vez ao Oscar em 1999 pelo roteiro de Segredos do Poder; a primeira foi em 1979, por O Céu Pode Esperar).
Ishtar traz Hoffman e Beatty nos papéis de dois cantores sem talento que viajam para Marrocos à procura de uma chance de finalmente conseguirem fazer algum sucesso. No entanto, eles acabam envolvidos em uma rebelião contra o governo local. Além do grande elenco reunido (o filme também conta com a atriz francesa Isabelle Adjani no papel de uma guerrilheira), Ishtar contou com o diretor de fotografia Vittorio Storaro, que trabalhou com Bernardo Bertolucci em filmes como 1900 e O Último Imperador, e também com Francis Ford Coppola em Apocalypse Now e o próprio Warren Beatty em Reds. Apesar do desastre nas bilheterias, alguns críticos viram qualidades isoladas no longa, mas a recepção na imprensa foi negativa na maior parte.
Fúria de Titãs (2010)
Quando foi anunciado o remake de Fúria de Titãs, de 1981, era necessário reunir um bom elenco. Afinal, o original conta com Laurence Olivier, Maggie Smith e Ursula Andress. Então, o diretor da nova versão, Louis Leterrier, assim o fez: chamou para protagonizar Sam Worthington, o queridinho do momento de Hollywood, graças a Avatar e O Exterminador do Futuro: A Salvação; e para seu par romântico escolheu Gemma Artenton, que tinha acabado de fazer 007 – Quantum of Solace e Príncipe da Pérsia. Ele ainda incluiu algumas pontas de Danny Huston, Elizabeth McGovern e Pete Postlewaithe.
Mas Leterrier caprichou mesmo foi na escalação dos dois mais temidos deuses do Olimpo. Zeus e Hades seriam interpretados por Liam Neeson e Ralph Fiennes, respectivamente. Você acreditaria que um filme que traria novamente a dupla indicada ao Oscar por A Lista de Schindler poderia decepcionar?
Mas decepcionou. O filme é entediante, confuso e... Ruim mesmo. E para piorar ainda apresentou uma das piores conversões em 3D já feitas até o momento. Confira uma cena com Neeson e Fiennes para ter uma ideia do que o filme apresenta. Esta foi excluída, mas não se engane: o que ficou na versão final não melhora.
As Duas Faces da Lei (2008)
Robert De Niro e Al Pacino não são apenas dois dos maiores atores ítalo-americanos que trabalham em Hollywood. São dois dos maiores atores de todos os tempos e ponto final. Eles já tinham passado perto de trabalhar juntos em O Poderoso Chefão Parte II, mas eles nunca contracenam no filme de Francis Ford Coppola. Anos mais tarde, muita gente reclamou quando Michael Mann fez Fogo Contra Fogo e colocou os dois juntos em apenas uma única cena. O diretor Jon Avnet, de Tomates Verdes Fritos, provavelmente se achou muito esperto quando finalmente fez De Niro e Pacino interpretarem uma dupla de policiais em As Duas Faces da Lei.
Mas não funcionou. No filme, De Niro parece simplesmente repetir todos os trejeitos que o tornam uma caricatura em filmes de comédia. Já Pacino parece ter feito cada cena como se tivesse acabado de acordar. Talvez seja isso o que acontece quando se coloca dois gigantes para atuar juntos: eles ficam com preguiça e preferem sentar e jogar dominó ao invés de trabalhar. E os produtores provavelmente pensaram que, com os nomes dos dois em um belo cartaz, o trabalho já estava feito.
Para piorar, o filme ainda tem a bela Carla Gugino, John Leguizamo, Brian Dennehy, Melissa Leo e até o ex-New Kid on the Block Donnie Wahlberg. E para surpreender ainda mais, o roteiro é de Russell Gerwitz, uma promessa após o ótimo Um Plano Perfeito, de Spike Lee.