Sean Connery em Os Intocáveis
Quando Kevin Costner foi escalado para viver Eliot Ness nesta clássica adaptação da série de TV para o cinema dirigida por Brian De Palma, ele ainda era um ilustre desconhecido. Seu maior papel tinha sido como o cowboy Jake em Silverado. Era de se esperar que seu coadjuvante roubasse a cena. Afinal, este era Sean Connery e tinha o papel mais apetitoso do roteiro, o do incorruptível policial Jim Malone. Papel este que acabou lhe rendendo sua primeira e única indicação ao Oscar - e que, claro, não poderia vir sem a vitória.
Jim Broadbent em Moulin Rouge - Amor em Vermelho
É difícil pensar em Jim Broadbent e não pensar em coadjuvantes roubando a cena. O simpático ator britânico é muito conhecido por alguns de seus pequenos, mas ótimos papéis (como o pai de Bridget Jones ou o ator Warnel Purcell e sua gula compulsiva em Tiros na Broadway, de Woody Allen). Mas era difícil conseguir roubar a cena em Moulin Rouge, de Baz Luhrmann.
Broadbent interpretou um papel importante, mas que não está em cena muitas vezes: o dono do Moulin Rouge, Harold Zidler. Ele consegue emprestar a Zidler a ambição necessária de quem quer salvar a "sua casa", mesmo que para isso tenha que se envolver entre o romance de Satine (Nicole Kidman) e Christian (Ewan McGregor), sem soar como um vilão, mas conferindo carisma e o humanismo de quem se importa com "suas garotas".
O ator, diferente do que muitas apostas diziam, não conseguiu nem ao menos uma indicação ao Oscar pelo papel, mas a justiça foi feita e Broadbent acabou ganhando a estatueta na mesma cerimônia, só que por outro longa: Iris.
Você pode conferir abaixo a performance de Broadbent na canção "The Show Must Go On", que demonstra, além de uma bela versão da música do Queen e um dos momentos mais emocionantes do filme, que o ator também tem uma bela voz.
Pat Morita em Karatê Kid
Duas coisas vêm à mente quando pensamos em Karatê Kid: o inesquecível golpe final e o Sr. Miyagi. O saudoso Pat Morita criou no sensei de Daniel Larusso (Ralph Macchio) um personagem inesquecível, que resistiu inclusive à mudança de protagonista no quarto filme da franquia, quando uma então desconhecida Hillary Swank se tornou a aprendiz do bem-humorado, mas sempre centrado Kesuke Miyagi. Sem falar da série animada de 1989, em que Morita foi o único do elenco original que dublou seu personagem. E não é nenhum absurdo imaginar que, se estivesse vivo, Morita também treinaria Jaden Smith na refilmagem do longa original (muito embora Jackie Chan tenha feito um bom e distinto trabalho).
Pat Morita é, portanto, mais um caso de ator que rouba a cena. E para você não pensar que ele ficou estereotipado como o Sr. Miyagi, ou mesmo por mera curiosidade, recomendamos procurar outros filmes em que ele atuou, como Positivamente Millie (1967, onde ele faz uma ponta em sua estreia no cinema, após começar a carreira como comediante de stand-up), O Dia em Que o Mundo Acabou (1980, que tem elenco encabeçado por Paul Newman, Jaqueline Bisset e William Holden), Mulan (1998, animação da Disney na qual ele dubla o Imperador), sem falar nas séries famosas de que ele participou, como M*A*S*H, Magnum, The Love Boat, O Incrível Hulk e até mesmo Baywatch.
Brad Pitt em Os 12 Macacos
Difícil acreditar que o galã Brad Pitt poderia deixar de ser o protagonista de alguns dos filmes que participou, mas é justamente na ficção-científica Os 12 Macacos, de Terry Gilliam, que ele conseguiu arrancar da crítica e do público os seus maiores elogios e reconhecimento por seu trabalho no cinema. Interpretando Jeffrey Goines, um sujeito completamente louco de dar nó, como ele mesmo diz ao longo da produção, Pitt deixa Bruce Willis no chinelo. Goines é intenso, visceral e sem o menor apego às regras. Mas também, o que é que poderíamos esperar de um terrorista que estava internado num hospício?
Como forma de recompensar o ator por sua excelente performance, ele foi indicado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante naquele ano. Infelizmente acabou voltando para casa de mãos abanando.
Hoje em dia, é raro pensar numa oportunidade onde Pitt atuaria como um coadjuvante de luxo, mas vale lembrar de sua performance em Queime Depois de Ler, de Ethan e Joel Coen, onde interpreta um desmiolado instrutor de academia. Talvez um de seus melhores trabalhos em muitos anos.
John C. Reilly em Magnólia
Nós sabemos o que você vai dizer: que não existem coadjuvantes em Magnólia, que todos são protagonistas. Ou o completo inverso, todos são coadjuvantes. Talvez por isso mesmo John C. Reilly esteja nesta lista. Não por frequentemente ser coadjuvante em produções de todos os tamanhos, mas por estar em um filme onde tem que dividir a tela com feras como Philip Seymour Hoffman, Julianne Moore, William H. Macy e Tom Cruise e, ainda assim, chamar a atenção - até mesmo quando não vemos seu rosto, como na cena final, logo abaixo.
Como o frágil policial Jim Kurring, Reilly dá ao filme o seu coração, sua ternura, especialmente nas cenas em que está acompanhado de Melora Walters, que interpreta a viciada em drogas Claudia. Um homem que gostaria de ter sempre o controle da situação, que vive enclausurado em seu mundinho, mas que precisa desesperadamente de alguém para quebrar suas barreiras.