Em Jovens Bruxas (1996), Sarah Bailey (Robin Tunney) é uma jovem que, após perder a mãe no parto e tentar se matar, muda-se com o pai e a madastra para Los Angeles. Novata e já vítima de boatos pelo envolvimento com o jogador de futebol do colégio católico Chris (Skeet Ulrich), Sarah passa a integrar o grupo de Bonnie (Neve Campbell), uma jovem cheia de cicatrizes, a gótica Nancy (Fairuza Balk) e Rochelle (Rachel True), vítima do preconceito racial de Laura Lizzie (Christine Taylor, hoje casada com Ben Stiller). Juntas, as meninas formam um clã sobrenatural que pratica bruxaria. A ambição pelo poder adquirido de Manon, uma divindade primitiva, foge ao controle e elas percebem que tudo o que fazem volta para elas três vezes mais forte.   

Apesar do orçamento modesto, Jovens Bruxas conquistou o primeiro lugar nas bilheterias na estreia e provocou um revival da moda gótica e um repentino interesse dos adolescentes por religiões neo-pagãs. No MTV Movie Awards de 1997, o filme dirigido por Andrew Fleming (Três Formas de Amar, Todas as Garotas do Presidente) ganhou na categoria Melhor Briga, pelo efusivo conflito entre Nancy e Sarah. Recentemente, The Craft inspirou a produção de um musical. Agora, quase 20 anos depois, o que têm feito as quatro bruxinhas?

Robin Tunney

No início de sua carreira, Robin Tunney atuou em séries de TV como Class of ’96 e Dream On (ambas de 1993), e em 1994 participou do sucesso Law & Order. A tentativa de suicídio no passado de Sarah em Jovens Bruxas coincide com a história da também suicida Debra, vivida pela atriz em Sexo, Rock e Confusão (Empire Records, 1995), estrelado por Liv Tyler e grande elenco. Para viver essa personagem, Robin raspou a cabeça e nas filmagens de Jovens Bruxas teve que usar perucas, o que certamente facilitou a cena em que se torna loira por magia.

Até O Fim dos Dias (1999), quando trabalhou ao lado de Arnold Schwarzenegger e Gabriel Byrne, Tunney não teve participações de grande destaque no cinema e na TV. Ela atuou também em Limite Vertical (2000) e Cherish (2002), com sua amiga cantora e poeta Liz Phair, com quem mais tarde escreveria um livro sobre feminismo. Em 2004, Tunney viveu Rebecca Adler no episódio piloto de Dr. House. Após Marcas de um Passado (2005), ela foi Laura Parish em The Zodiac (2005) – longa homônimo ao sucesso Zodíaco (2007), de David Fincher. Em 2006, ela estrelou Hollywoodland - Bastidores da Fama ao lado de Ben Affleck e Adrien Bordy, e participou da série Prison Break.

Ainda na TV, em 2007 Robin dublou um episódio da animação Frango Robô e desde 2008 vive a agente Teresa Lisbon, protagonista do seriado The Mentalist. Entre os filmes recentes em seu currículo, destaca-se Vidas que se Cruzam (2008), de Guillermo Arriaga, com Charlize Theron. Atualmente, ela está filmando My All American, drama sobre Freddie Steinmark, jovem jogador de futebol americano diagnosticado com câncer em 1969. O longa também é estrelado por Aaron Eckhart e Tunney interpreta a mãe do protagonista. 

Fairuza Balk

Fairuza Balk foi batizada com esse nome tão exótico por seu pai, ao ver seus olhos azuis (“fairuza” é turquesa, em persa).  Ela começou sua carreira na infância, em especiais de TV, até viver Dorothy no Mundo Fantástico de Oz (1985), assustadora sequência não oficial da Disney do clássico O Mágico de Oz (1939). Profeticamente, antes de ser Nancy em Jovens Bruxas, ela já tinha participado de uma escola de bruxaria – muito anterior a Hogwarts – em The Worst Witch (1986).

Fairuza trabalhou com Farrah Fawcett em Poor Little Rich Girl: The Barbara Hutton Story (1987) e com Annette Bening em Valmont - Uma História de Seduções (1989), de Milos Forman. Foi premiada com o Independent Spirit Award de Melhor Atriz por seu papel em Sonhos Femininos (Gas, Food Lodging, 1992). Dois anos depois, Fairuza viveu a vamp girl no clipe de "Breakaway", do ZZ Top e mais tarde a musa de um idoso Moby em "Natural Blues" (2000), ao lado de Christina Ricci.

Depois do sucesso como Nancy e de seu real envolvimento com a wicca (ela chegou a ser sócia da tradicional loja de ocultismo Panpipes Magickal Market), outro papel de grande peso em sua carreira foi ao lado de Edward Norton em A Outra História Americana (1998), impactante filme sobre o neo-nazismo que emprega com maestria cenas em preto e branco intercaladas ao filme colorido. No mesmo ano, talvez para aliviar a tensão do trabalho anterior, fez uma participação na comédia O Rei da Água, com Adam Sandler.

Em Quase Famosos (2000), Fairuza viveu a groupie Sapphire, seu último grande papel no cinema. Ela também foi dubladora no jogo Grand Theft Auto (2002) e na série animada Liga da Justiça (2003), além de ter sua peculiar voz no inusitado Shit Year (2010) e no documentário Beyond Clueless (2014). Em 2009, ela trabalhou com Nicolas Cage em Vício Frenético e em 2013 fez o suspense Dose of Reality. Ela terminou de filmar o drama de guerra Another Stateside e atualmente roda o filme de mistério August Falls e integra o elenco da série Ray Donovan.

Paralelo ao trabalho como atriz, Fairuza também dedicou tempo a sua banda indie Armed Love Mitita e à produção das velas aromáticas artesanais vendidas em seu blog, que estava sem atualizações desde 2012 mas ganhou um novo post (finalmente!) em 2015.

Neve Campbell

A atriz canadense Neve Campbell fez teatro e era bailarina quando criança. Na TV, ela participou de vários especiais e séries, como Catwalk (1992-1994). Seu primeiro papel de destaque foi como Julia Salinger na série Party of Five (1994-2000), ao lado do futuro astro de Lost, Matthew Fox.

Logo depois de atuar em Jovens Bruxas, Neve conquistou grande sucesso como Sydney Prescott em Pânico (1996) com o colega de elenco Skeet Ulrich, tendo sobrevivido para os próximos filmes da franquia: Pânico 2 (1997), Pânico 3 (2000) e, uma década depois, Pânico 4 (2011). Nesse meio tempo, Neve foi uma das Garotas Selvagens (1998), fez novamente um papel sexy em Studio 54 (1998), com Ryan Phillippe e Mike Myers, e atuou em comédias como Quem Não Matou Mona? (2000) e I Really Hate my Job (2007).

Neve emprestou a doce voz para Kiara em O Rei Leão 2: O Reino de Simba (1998), para Cassie na animação Agent Crush (2008) e para Cassandra, uma das três bruxinhas adolescentes (clara referência a Jovens Bruxas) em dois episódios de Os Simpsons, em 2009. Seus últimos trabalhos incluem participações em episódios das séries Grey’s Anatomy (2012) e Mad Men (2014). Seu mais recente filme foi a comédia dramática Walter, e sabemos que ela fará uma aparição em House of Cards.

A atriz teve um filho chamado Caspian em agosto de 2012, com o também ator JJ Feild.

Rachel True

Assim como suas colegas de elenco, Rachel começou a carreira na TV e teve participações em séries de destaque como Barrados no Baile (1993), Um Maluco no Pedaço (1993) e Dream On (1995). Rachel atuou no filme CB4 (1993), ao lado de Chris Rock, e depois no sucesso Jovens Bruxas, quando tornou-se melhor amiga de Neve Campbell. Embora tenha interpretado uma adolescente, ela já tinha quase 30 anos na época das filmagens.

Após Jovens Bruxas, atriz fez uma pequena participação na série Dawnson’s Creek (2001), além de muitos papéis em filmes underground ou sem grande bilheteria, como Nowhere (1997), Pra Lá de Bagdá (Half Baked, 1998) e The Perfect Holyday (2007). Entretanto, ela conseguiu um papel de destaque na série de comédia Half & Half (entre 2002-2006). Rachel está no elenco recém-lançado Sharknado 2: A Segunda Onda (2014), continuação do filme B de sucesso exibido na TV norte-americana. No nomento, ela está filmando a comédia Good Grief, prometida para 2015.  

Após descobrir o paradeiro e as referências perdidas no passado das quatro moças, vale a pena conferir a trilha sonora do filme, que não poderia ser mais perfeita e acertada. O produtor musical Ralph Sall – além da obra-prima temática "Dark Secret", cantada por Matthew Sweet – foi corajoso o bastante para propor a bandas alternativas dos anos 90 gravar versões revisitadas de clássicos como "Tomorrow Never Knows" (Beatles), "How Soon is Now?" (The Smiths), "Witches Song" (Marianne Faithfull), "Dangerous Type" (The Cars) e "I Have the Touch" (Peter Gabriel).

Mas não apenas de covers é composta a trilha de Jovens Bruxas: em sintonia com a atmosfera gótica, temos Siouxsie and the Banshees, Elastica e "Scorn", a sombria versão de "Glory Box" da joia britânica Portishead. Além disso, Connie Francis toca na jukebox da mãe perua de Nancy e podemos ouvir mais uma representante de um belo vocal feminino na raríssima "Under the Water", da Jewel. Há ainda uma bela trilha mística instrumental composta por Graeme Revell.

--

E você? Conhecem as garotas por algum outro papel? Deixe seu comentário abaixo e compartilhe com os amigos!
EDIÇÕES ANTERIORES DA COLUNA