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Filmes da Semana - 14/07/2015 Assinantes

Amigos do Cinema em Cena,

vamos aos filmes que vi recentemente? 

Marion Jones: Press Pause (Idem, EUA, 2010)
Não só John Singleton não parece fazer ideia de como se dirige um documentário, criando uma estrutura caótica que ainda o traz como um apresentador/narrador pavoroso, como ainda parece determinado a relativizar os erros – ou melhor: crimes – de sua personagem-título a ponto de quase transformá-la em uma pobre vítima das circunstâncias. Considerando a coesão da série 30 for 30, é chocante que algo tão ruim tenha sido realizado por um cineasta tão experiente. 1/5

 

Marlene (Idem, Alemanha Ocidental, 1984)
O ator/diretor Maxilimian Schell dá uma aula, com esse documentário, de como transformar os limões atirados em sua direção em uma deliciosa limonada. Limitado pelo contrato firmado com Dietrich no qual esta se reservava o direito de não aparecer diante da câmera e também pela hostilidade e pela impaciência da entrevistada, Schell contorna a situação ao criar uma narrativa entrecortada que transforma a vida da atriz em uma colagem de momentos marcantes que, pontuados por seu mau humor (e inteligência vivaz) durante a entrevista em off, revelam muito mais sobre a fabulosa artista do que uma biografia convencional normalmente conseguiria. 5/5

 

Sirius (Idem, EUA, 2013)
Por mais que tente se apresentar como um documentário sério, científico, esta porcaria de longa logo entrega seu cruzamento entre bobagem new age e teoria da conspiração ao descrever a morte de uma pessoa com a frase “(fulana) passou para o mundo da Luz” e ao explicar que a metodologia de seu protagonista para entrar em contato com extraterrestres consiste em “meditar até atrair a atenção de alienígenas que estiverem passando pelas proximidades”. Com isso, até mesmo os aspectos mais interessantes do projeto Disclosure passam a soar meramente tolos e risíveis. 1/5

 

Little White Lie (Idem, EUA, 2014)
Certamente a experiência da diretora/protagonist ao buscar sua própria identidade racial foi complexa e dolorida – o que não quer dizer que isto se traduz em um bom filme. Sim, é possível transformar uma história particular em algo com apelo universal, mas aqui o projeto acaba surgindo como um esforço egocêntrico empregado pela diretora-produtora-roteirista-estrela para transformar sua terapia em algo para consumo público. 2/5

 

Balé 422 (Ballet 422, EUA, 2014)
A jornada criativa de Justin Peck ao conceber a coreografia do espetáculo que dá título ao documentário é acompanhada de forma interessante e reveladora, permitindo que o espectador realmente aprecie seu processo artístico e também a escala ambiciosa (e, consequentemente, intimidadora) da produção. 4/5

 

Fenômenos Paranormais 2 (Grave Encounters 2, Canadá/EUA, 2012)
Se o primeiro filme executava com talento uma história recheada de clichês, esta continuação se limita a reproduzir mal tudo o que o antecessor fazia de certo e a introduzir novos elementos que simplesmente tornam o roteiro estúpido. Como os personagens também se revelam detestáveis, o desastre é completo. 1/5

 

O Anfitrião Perfeito (The Perfect Host, EUA, 2010)
David Hyde Pierce obviamente se diverte imensamente ao viver um personagem cujos problemas mentais – que poderiam soar apenas ridículos – funcionam ao mesmo tempo como fonte de humor e tensão. Sim, a trama acaba se apresentando mais complicada do que seria necessário, já que a narrativa é mais eficaz ao se manter presa em um único cenário, mas o ator mantém o espectador interessado na maior parte do tempo. 3/5

 

Pesadelos do Passado (The Pact, EUA, 2012)
O subgênero “casa mal-assombrada” é, claro, um dos mais batidos do Cinema – e este filme nada traz de novo que possa diferenciá-lo de tantos outros exemplares. No entanto, a condução da narrativa é feita de maneira competente, conseguindo gerar um bom grau de tensão e uma atmosfera inquietante o bastante para que ele não se torne uma das inúmeras bombas que parecem acreditar que uma protagonista bonita e acordes altos na trilha sonora são o único pré-requisito deste tipo de projeto. 3/5

 

Freakonomics (Idem, EUA, 2010)
O fato de trazer seis diretores comandando diferentes segmentos praticamente já assegura que o documentário, ao assumir um formato similar ao de antologia, se revelará irregular – o que de fato ocorre. E por mais interessantes que sejam os insights da dupla que originou o projeto, a diferença até mesmo no tom dos vários “curtas” cria uma experiência heterogênea que sacrifica inclusive a credibilidade de suas conclusões. 3/5

 

Crime After Crime (Idem, EUA, 2011)
A dedicação do diretor ao projeto é superada apenas por aquela demonstrada pelos dois advogados que se entregam tão generosamente à tarefa de libertar uma mulher que, mesmo culpada do crime pelo qual foi condenada, acabou recebendo uma punição injusta e desproporcional. Acompanhando sua trajetória ao longo de vários anos, o longa expõe não apenas a persistência de todos os envolvidos, mas também a loucura criminosa do próprio sistema judicial norte-americano, resultando numa história trágica, mas também memorável. 4/5

 

Diplomacia (Diplomatie, França/Alemanha, 2014)
Basicamente uma espetáculo teatral encenado, já que praticamente não abandona o formato de “narrativa de câmara”, o filme ainda assim evita qualquer artificialidade graças principalmente aos dois excelentes atores e a um belíssimo design de som que expande a narrativa para além das paredes do aposento que hospeda a maior parte da projeção. 3/5

 

Lost Angels: Skid Row Is My Home (Idem, EUA, 2010) 
A narração desanimada de Catherine Keener, que parece confundir melancolia e falta de energia, fragiliza um pouco a experiência, mas as histórias enfocadas pelo filme e a vitalidade – mesmo entristecida – de seus personagens garantem o interesse do espectador. 3/5

 

Waiting for Armageddon (Idem, EUA, 2009)
Durante algum tempo, o filme parece interessado em apontar a insanidade de adultos que, em pleno século 21, acreditam fortemente em algo tão absurdo e estúpido quanto o conceito de Arrebatamento – e, assim, chega a assustar quando, a partir de certo ponto, é possível perceber que o próprio documentário parece levar a sério toda a bobagem que busca retratar. 1/5

 

Power and Terror: Noam Chomsky in Our Times (Idem, EUA/Japão, 2002)
Chomsky é um orador fantástico e um homem brilhante e profundamente humano, mas este "documentário" parece mais uma colagem de registros amadores do que um longa remotamente profissional. 2/5

 

O Canal (The Canal, Irlanda, 2014)
Ainda que conte com boa parte dos clichês do subgênero “casa mal assombrada”, este terror irlandês constrói uma atmosfera tensa e inquietante, levando o espectador a se preocupar com o destino de seus personagens e criando momentos realmente angustiantes. Aliás, é preciso aplaudir o expressivo uso de cores feito pelo diretor e sua equipe, bem como a formidável utilização de sombras duras espalhadas pelo fundo dos cenários. 4/5

 

Advantageous (Idem, EUA, 2015)
O roteiro tem o interesse óbvio de desenvolver e discutir vários temas simultaneamente: da obsessão com a juventude e a beleza até a maneira com que a sociedade tenta impor às mulheres um ideal estético cruel e impossível de se atingir, passando também pelo sexismo no qual ainda vivemos e que insiste em encarar a força de trabalho feminina como algo menos valioso. Infelizmente, além de contar com uma estrutura problemática, o filme ainda falha ao não conseguir explorar com eficiência nenhum dos tópicos, optando, em vez disso, por tentar provocar o choque com uma revelação tola que abre espaço apenas para o melodrama. 2/5

Um grande abraço e bons filmes!

Sobre o autor:

Pablo Villaça, 18 de setembro de 1974, é um crítico cinematográfico brasileiro. É editor do site Cinema em Cena, que criou em 1997, o mais antigo site de cinema no Brasil. Trabalha analisando filmes desde 1994 e colaborou em periódicos nacionais como MovieStar, Sci-Fi News, Sci-Fi Cinema, Replicante e SET. Também é professor de Linguagem e Crítica Cinematográficas.
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