Nascido em 1929, o diretor chileno Alejandro Jodorowsky começou sua carreira como palhaço de circo e estudou mímica com Étienne Decroux quando se mudou para Paris no início da década de 1950. As duas experiências foram importantes para que ele realizasse seu primeiro filme, o curta-metragem A Gravata (1957), uma adaptação sem diálogos do livro As Cabeças Trocadas, de Thomas Mann.
Protagonizada pelo próprio Jodorowsky e considerada perdida até 2006 quando uma cópia foi encontrada em um sótão na Alemanha, a produção com toques surrealistas e cômicos conta a história de uma jovem vendedora de cabeças que ajuda um tímido rapaz a conquistar sua amada. O filme apresenta recursos inteligentes e criativos para mostrar as bizarras e simbólicas trocas, além de levantar questões sobre autoaceitação e as concessões que às vezes fazemos nos relacionamentos e que nos impedem de ver claramente. No conflito entre corpo e mente, até que ponto somos capazes de negar nossa personalidade e ideologias por alguém?
Inspirado por longas de Jean Cocteau (Sangue de Um Poeta) e Charles Chaplin (Luzes da Cidade), A Gravata já traz traços marcantes da fantástica filmografia de Jodorowsky, como a jornada espiritual de um personagem para abandonar características e sentimentos negativos (vaidade e gula, por exemplo). Dessa forma, o curta funciona como uma boa introdução a outros títulos do cineasta, como o hipnótico Fando y Lis (1968), o faroeste surrealista El Topo (1970), a espiritual obra-prima A Montanha Sagrada (1973), o terror (com tons de Alfred Hitchcock) Santa Sangre (1989) e a recente experiência autobiográfica A Dança da Realidade (2013).
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