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Filmes da Semana - 05/08/2015 Assinantes

Amigos do Cinema em Cena,

vamos lá:

The Wrecking Crew (Idem, EUA, 2008)
Dirigido pelo filho de Tommy Tedesco, um dos integrantes do grupo que viria a dar título a este documentário, o filme é uma homenagem mais do que merecida aos músicos que contribuíram de maneira inquestionável para muitos dos maiores sucessos das décadas de 60 e 70 e que permaneceram anônimos em função de uma lógica peculiar da indústria. Revelando justamente os bastidores desta indústria e embalado por uma trilha imbatível, o documentário é sempre envolvente e, por vezes, comovente e inspirador. 4/5

Jimi Hendrix: Hear My Train A Comin' (Idem, EUA, 2013)
A trajetória de Hendrix é tão trágica quanto conhecida e, assim, é uma pena que este documentário não apenas falhe em trazer algo de novo como ainda peque pela forma burocrática com que reconta a história do músico. Ainda assim, as imagens de arquivo que trazem Hendrix fazendo aquilo no qual era inigualável salvam a empreitada. 3/5

Casting By (Idem, EUA, 2012)
Usando a história da diretora de elenco Marion Dougherty como âncora da narrativa, o documentário explica sua importância ao estabelecer sua profissão como algo central na produção cinematográfica após o colapso do sistema de estúdios, aproveitando também para ilustrar como a escalação de elenco pode fazer ou desfazer um filme. Beneficiado por entrevistas inteligentes e imagens de arquivo raras, o documentário ainda consegue se apresentar como uma defesa convincente para o reconhecimento, pela Academia, daquela que permanece como a única área de produção que, embora creditada com destaque em qualquer longa, ainda não tem seu próprio prêmio na principal cerimônia de Hollywood. 4/5

Jogada de Mestre (Kidnapping Mr. Heineken, Holanda/Inglaterra, 2015)
Esquemático, óbvio e aborrecido, o filme reconta uma história real sem demonstrar qualquer responsabilidade ética para com os personagens e eventos que retrata, chegando a ponto de romantizar o que merecia ser condenado e ocultando fatos que certamente levariam o espectador a desprezar os indivíduos que a produção faz tanto esforço para celebrar. 1/5

Perdido em La Mancha (Lost in La Mancha, Inglaterra, 2002)
Terry Gilliam é um cineasta talentoso, mas que parece amaldiçoado, já que diversas de suas produções acabaram enfrentando, ao longo dos anos, desastres inacreditáveis – e, entre estas, talvez a mais incrível seja “A Morte de Don Quixote”, cujo colapso é retratado neste documentário que consegue se equilibrar entre o divertido e o comovente à medida que mostra o diretor tentando manter o bom humor enquanto vê seu sonho ruir ao seu redor. Contando com a vantagem de ter tido acesso aos bastidores do projeto enquanto este se esfacelava, o filme expõe o processo criativo de Gilliam e o universo imaginativo que ele criava ao ser interrompido por tempestades, pela doença de seu ator principal e pela desistência de seus investidores. 4/5

Lost Soul: The Doomed Journey of Richard Stanley's Island of Dr. Moreau (Idem, EUA, 2014)
Irmão de alma do ótimo “Perdido em La Mancha”, este documentário reconta a história por trás da fraca adaptação de “A Ilha do Dr. Moreau” produzida na década de 60 e que trazia Marlon Brando em uma performance inexplicavelmente bizarra. Usando o diretor Richard Stanley como centro da narrativa, já que, além de iniciador do projeto, ele tinha uma visão bastante particular de como transpor a história de H.G. Wells para as telas, o filme acende um holofote pouco lisonjeiro sobre a maneira como Hollywood lida com o talento por trás de suas superproduções, mas também como egos gigantescos (como o de Val Kilmer) acabam sendo perversamente alimentados por este mesmo sistema. O mais interessante, porém, é perceber como Stanley, um sonhador incrivelmente ingênuo (e, convenhamos, maluco), é devorado e cuspido sem jamais parecer entender completamente o que aconteceu. 4/5

Manufacturing Consent: Noam Chomsky and the Media (Idem, Canadá, 1992)
Noam Chomsky não só é um dos intelectuais mais importantes e humanistas dos últimos 50 anos, mas também um homem repleto de empatia e um professor capaz de explicar conceitos complexos de maneira didática. Assim, é uma pena que os responsáveis por este relevante documentário insistam em complicar a tarefa de seu personagem principal através de uma montagem recortada que, com o propósito de ilustrar seu alcance ao redor do mundo, acaba por enfraquecer sua invejável retórica. Ainda assim, Chomsky é tão brilhante que consegue sobreviver à montagem desastrosa e demonstrar a sociopatia de uma elite midiática que não hesita em criar e vender sua própria realidade a fim de convencer a população já tão mal representada a votar contra os próprios interesses. Um filme essencial. 4/5

The True Cost (Idem, Inglaterra,2015)
Embora as denúncias feitas pelo documentário sejam obviamente importantes e chocantes, o filme peca não só pela estrutura problemática, que o deixa repetitivo e enfadonho, mas eticamente ao colocar vários de seus produtores executivos como entrevistados. 3/5

Faults (Idem, EUA, 2014)
Com uma estrutura quase de filme “de câmara” (leia-se: ambientado inteiramente em um único cenário), esta produção cria uma atmosfera inquietante em torno da dinâmica dos dois personagens centrais, conseguindo oscilar entre o realismo necessário para ancorar a história e toques que sugerem de forma curiosa a presença de elementos sobrenaturais que, em função do bom roteiro, conseguem ser bem justificados. 4/5

Police Story 3 – Supercop (Ging chat goo si 3: Chiu kup ging chat, Hong Kong, 1992)
Jackie Chan e Michelle Yeoh formam uma dupla formidável, o que já seria mais do que o bastante para recomendar esta continuação, mas as sequências de ação são um atrativo à parte – especialmente a que encerra a projeção e que traz alguns dos melhores momentos da formidável carreira de Chan. 4/5

Pantani: The Accidental Death of a Cyclist (Idem, Inglaterra, 2014)
Este documentário poderia funcionar quase como uma pré-continuação de “The Armstrong Lie”, já que traz a história do ciclista que se encontrava no auge quando Lance Armstrong surgiu em cena – e além de as histórias de ambos contarem com elementos em comum, ainda sugerem bem o clima de competitividade absurdo que inspira atos quase autodestrutivos por parte de atletas que já seriam notáveis mesmo que não abusassem dos químicos que tanto os comprometeriam. 4/5

The God of Cookery (Sik san, Hong Kong, 1996)
Com um tom nonsense que se repetiria nos claramente superiores Shaolin Soccer e Kung-Fusão, o diretor e astro Stephen Chow se estabelece como uma espécie de mistura entre Jackie Chan e Monty Python, embora ainda não soubesse, neste ponto da carreira, equilibrar tão bem a narrativa, que acaba por perder o ritmo em certos pontos. 3/5

Girlhood (Idem, EUA, 2003)
Claramente inspirado no clássico “Hoop Dreams”, este Girlhood acompanha a trajetória de duas adolescentes que, cumprindo pena como delinquentes juvenis, ganham a liberdade e tentam reconstruir suas vidas apesar de todas as dificuldades impostas pelas limitações econômicas, pelo preconceito que enfrentam e – no caso de uma delas – pela completa falta de estrutura familiar. Infelizmente, ao contrário do que ocorria em “Hoop Dreams”, o filme jamais consegue criar uma estrutura que sugira qualquer tipo de arco (o que, em parte, é causado também, claro, pelo fato de estar preso aos fatos que retrata). Desta forma, o documentário torna-se irregular, falhando também em estabelecer qualquer simpatia por uma das personagens que tenta desesperadamente humanizar. 3/5

As Aventuras do Príncipe Achmed (Die Abenteuer des Prinzen Achmed, Alemanha, 1926)
O mais antigo longa-metragem de animação ainda existente (seus dois predecessores, produzidas na Argentina, foram perdidos), este filme se inspira no teatro de sombras que serviu de motor ao próprio cinema ao usar silhuetas para contar uma história fabulesca, clássica, que se beneficia imensamente das técnicas de colorização primitivas da época (tinting e toning) para criar um tom onírico e envolvente. 4/5

The Immortalists (Idem, EUA/Inglaterra/Índia, 2014)
A busca pela imortalidade já traz, em si, uma sugestão de loucura que acaba por encontrar eco nas personalidades dos dois personagens principais. No entanto, o mérito deste ótimo documentário reside não só em sua capacidade de explicar de forma didática as estratégias que cada um busca para alcançar seu objetivo, mas também suas motivações. 4/5

Um grande abraço e bons filmes!

Sobre o autor:

Pablo Villaça, 18 de setembro de 1974, é um crítico cinematográfico brasileiro. É editor do site Cinema em Cena, que criou em 1997, o mais antigo site de cinema no Brasil. Trabalha analisando filmes desde 1994 e colaborou em periódicos nacionais como MovieStar, Sci-Fi News, Sci-Fi Cinema, Replicante e SET. Também é professor de Linguagem e Crítica Cinematográficas.
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