Todos os cinéfilos conhecem a habilidade de Charles Chaplin em combinar comédia com crítica social, algo que pode ser percebido em filmes como O Garoto (1921), Os Tempos Modernos (1936), O Grande Ditador (1940) e O Imigrante (1917), curta-metragem em que Carlitos chega aos Estados Unidos em busca de melhores oportunidades.

Na trama, o personagem resiste a uma difícil jornada de barco na qual os imigrantes têm que viver em condições precárias, sem segurança e constantemente doentes. Mas Chaplin (britânico que também saiu de seu país) destaca que mesmo no pior dos cenários, é possível encontrar empatia e solidariedade, exemplificadas nas atitudes sinceras de Carlitos em relação a uma moça e sua mãe. Os imigrantes, muitas vezes vítimas de preconceito naquela época, são humanizados pelo cineasta, que coloca o espectador na mesma situação passada por eles, chegando a inclinar a câmera de um lado para o outro para que a gente também sinta o balançar nauseante do barco.

Uma das cenas mais cruciais mostra os tripulantes se aproximando dos EUA e vendo a Estátua da Liberdade, símbolo do Sonho Americano e do futuro promissor que eles esperavam. Ironicamente, Chaplin filma o monumento lentamente saindo do campo da imagem para dar lugar a uma sequência em que autoridades prendem as pessoas como animais para decidir quem merece ou não entrar na “Terra da Liberdade”. Mesmo chutando um dos oficiais (cena que no início da década de 1950 foi usada como evidência para forçar a saída do diretor dos EUA sob acusação de "atividades anti-americanas"), Carlitos consegue passar pela fiscalização, mas permanece com fome e sem dinheiro.

Após quatro dias sem dormir finalizando a montagem do curta, Chaplin produziu uma obra especialmente relevante para os dias de hoje em que testemunhamos milhares de imigrantes arriscando suas vidas com o objetivo de encontrar uma existência mais digna em outros países.

Confira (e lembre-se de ativar as legendas no vídeo abaixo):

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