O trabalho do diretor e roteirista suíço Georges Schwizgebel não é muito conhecido, mas bastante admirável. Talvez o ponto alto de sua carreira, que começou no início da década de 1970, seja o curta O Homem sem Sombra (L'homme sans ombre, 2004), baseado no livro A História Fabulosa de Peter Schlemihl, de Adelbert von Chamisso.
Na trama, um solitário homem em uma vida cinzenta é seduzido por um colorido e luxuoso mundo e aceita vender sua sombra em troca de um romance e bens materiais. Quando percebe seu erro, já que agora está mais sozinho do que nunca, tenta reverter a situação, mas o preço que precisa pagar dessa vez é infinitamente maior.
A primeira coisa que chama atenção é a técnica utilizada pelo cineasta de pintura em acrílico, que parece dar vida e movimento à tinta, distorcendo formas e misturando cores. No início, temos uma “câmera” sempre em movimento que sobrevoa o andar do protagonista e, em sua trajetória circular, altera nossa perspectiva e a composição dos objetos e cenários (alguém se lembrou das artes de M.C. Escher?). Já no segundo e terceiros atos, o estilo da animação se transforma mais uma vez, passando de algo mais contemplativo para algo com um caráter mais dinâmico, revelando a incessante busca do personagem por um lugar no mundo (e o fato de ele encontrar isso justamente na arte, animando formas que são projetadas em uma tela, é simbólico).
Auxiliado por uma bela trilha sonora, O Homem sem Sombra venceu o Prix Regards Jeune no Festival de Cannes. Confira:
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