Você pode não reconhecer o senhor na foto acima, mas provavelmente já teve contato com suas criações. Afinal, ele é responsável pelos Muppets e por todos os personagens das séries Vila Sésamo e O Mundo dos Fraggles. O que nem todo mundo sabe é que Jim Henson também tinha um lado diretor de cinema, realizando longas-metragens como O Cristal Encantado (1982) e Labirinto - A Magia do Tempo (1986), além de interessantes curtas, como o experimental Time Piece (1965).
Estrelado pelo próprio Henson, o filme deixa claro desde o início sua forte musicalidade vinda dos mais variados lugares (as batidas do coração, o tique-taque do relógio) e que às vezes causa estranheza pela falta de correspondência com a realidade (o piscar de olhos, o pássaro que pousa na janela). Esse caráter fantasioso ganha vida quando a percepção de tempo é literalmente explodida e passamos a acompanhar o fluxo de consciência de um homem aparentemente doente.
Vemos o protagonista em diferentes lugares e épocas, andando por solitárias ruas, almoçando na pré-história e pedindo ajuda para escapar de seu entediante e repetitivo trabalho e de sua cansativa e repressora rotina como homem casado (a esposa que corta a corda do heroico Tarzan e que aparece com um vestido de cadeados exemplifica isso). É curioso notar como Henson, que ficou tão conhecido por encantar crianças do mundo inteiro, cria momentos cômicos bem adultos, como o inusitado som feito pelos seios de uma mulher e a simbólica banana sendo descascada durante um striptease.
Tudo desemboca em um final frenético e em ritmo de jazz (com imagens intrigantes, como o tiro na Mona Lisa e o elefante sendo pintado de rosa) em que o personagem chega ao seu limite, recusa-se a continuar um escravo da passagem do tempo e tenta escapar em busca de algo melhor.
Confira Time Piece, que foi indicado ao Oscar de Melhor Curta-Metragem:
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