Em Quando o Dia Nasce (1999), animação canadense indicada ao Oscar e premiada com a Palma de Ouro de Curta-Metragem no Festival de Cannes, as diretoras Amanda Forbis e Wendy Tilby criam um filme com um visual belíssimo e uma mensagem que pode parecer cruel, mas não está longe da verdade.
Na história que se passa em um mundo antropomorfizado, ou seja, habitado por animais com características humanas, um galo toma seu café da manhã e se prepara para fazer compras, enquanto uma porca que descasca batatas (para comer apenas as cascas!) e parece viver em um clássico musical norte-americano sai de casa com o mesmo objetivo. Inesperadamente, o galo é atropelado e morre após trombar com a porca na rua e ver com raiva um dos limões que ele tinha acabado de comprar cair em um bueiro.
A rotina das pessoas é feita desses pequenos acontecimentos, que às vezes engrandecem. Tentamos refletir e criar sentido sobre todos eles, mas nem sempre é possível. Presenciar a morte de alguém (e talvez até se sentir um pouco responsável por isso) é certamente uma situação impactante, e por isso a porca fica tão perturbada a princípio. Mas acidentes acontecem todos os dias e o universo tem uma forma especial de mostrar essa indiferença generalizada, principalmente no solitário meio urbano (os dois personagens principais provavelmente moravam próximos e talvez não soubessem disso).
No curta, depois da morte do galo, um pombo e um cachorro se aproveitam das compras que ficaram pelo chão. Uma vaca passa suas roupas, um bode faz a barba e um grupo assiste a um jogo de hóquei no gelo pela televisão. Tudo (e nada) está conectado e apesar disso, a vida continua sem mostrar qualquer tipo de alteração.
Confira:
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